Porque sim, diabos

15:18 2 Comments »
Por que eu gosto dos Beatles e não gosto do Pink Floyd?

Por que eu rôo as unhas?

Por que caramba eu desgosto de azeitonas?

Por que eu não consigo levar nenhum político a sério? Nem mesmo o Churchill, que é meu modelo de comportamento, setor "discursos excelentes"?

Por que todos os meus músicos preferidos não são galãs? Tipo, Ringo Starr e aquele nariz. Jean-Jacques Goldman idem. Pete Townshend, ibidem à quarta potência. Garou e aquelas orelhas de abano. Roger Daltrey e aquela queixada. Dá para notar uma certa tendência a adotar os esquisitos da loja de discos...

Por que eu não consigo gostar do Chico Buarque?

Em resumo: por que diabos eu não posso ser uma pessoa um pouco mais normal?!

Rádio Mistral FM - "Caravane"

10:23 Posted In 1 Comment »



(...) Nada pode ser esquecido? Porque é preciso existir uma justiça / Eu nasci nesta comitiva/ e vamos partir, então vem... Então, vem! / E porque minha pele é a única que eu tenho / que logo meus ossos estarão expostos ao vento / eu nasci nesta comitiva/ e vamos partir... Então, venha!

Raphaël, "Caravane", 2005.

Um dia, eu vou te contar o porquê da minha paixão pelas canções que falam de fugas. Por enquanto, escuta isso. Et allez, viens.

Popularidade

09:23 2 Comments »
Eu sempre quis saber que fim levam os nossos colegas de classe ditos "populares".

Porque ser "nerd" ou simplesmente fora da padronagem tem lá uma vantagem: ninguém dá um tostão furado por você - e, portanto, qualquer coisa que você fizer de grande será surpreendente. Veja o Bill Gates, por exemplo. Ou, sei lá eu, o John Lennon (arruaceiro-mor) ou Roger Daltrey (que foi expulso da escola).

Mas o que acontece com as estrelas da classe? Viram estrelas na faculdade também? Viram empresários do tipo "Melhores do Ano"? Ou simplesmente somem, consumidos pela própria luz e pelas expectativas do mundo, como aconteceu com os populares da minha classe?

Às vezes, eu bem que queria saber. Esse tipo de dúvida nem Orkut ajuda a responder (já que por lá, como por toda a internet, você tem o rosto que deseja ter).

Mondo Mistral, edição sonada

11:32 Posted In 2 Comments »
  • Conhece a expressão "me deu um branco"? Ontem descobri o equivalente em francês: "me abriu um buraco na mente". Uma pena que eu descobri isso justamente porque, na hora de falar durante a aula, veio um Omo Dupla Ação completo dentro da minha caixa craniana e eu não consegui falar coisa nenhuma. Argh, que raiva.
  • Eu não devia ser tão caxias. Também deveria dormir mais e lembrar de jantar antes da aula. Já seria uma ajuda para evitar os brancos. Enquanto isso, toca estudar mais. Agora é guerra!

  • Rochester, Rochester, eu vou chamar a Organização Mundial do Trabalho se os seus feitores não deixarem você voltar para casa, meu.

  • Parece que o mundo precisa de férias. Todo mundo se arrastando para o recesso de fim de ano.

  • E será possível que eu sou a única pessoa que ainda gosta do Natal? Apesar de tudo? Apesar de todos? Que coisa!

Axioma

15:16 2 Comments »
Somos todos preconceituosos, de um jeito ou de outro. É do hábito humano dividir o mundo entre o "nós" e o "eles". Se não por cores, dividimos por religiões ou mesmo por coisas tolas como o gosto musical, a preferência política, sexual ou alimentícia (quem já enfrentou um vegetariano bravo sabe o que eu quero dizer).

O que nos faz melhores ou piores do que alguém?

Eu não sei. Mas sei que decidi atravessar a cortina de fumaça e ir conhecer o outro lado, as outras pessoas, os outros mundos. Porque pode ser do hábito humano dividir. Mas é da minha vontade juntar.

Redação: Centro da Cidade

10:47 Posted In 1 Comment »
Conheço o centro de São Paulo bem mais do que gostaria. Para ir ou para voltar do trabalho, eu passo pelo coração do gigante (como diz o Rochester) cinco dias por semana. Às vezes, o cenário me cansa um bocado. Eu adoro minha cidade, mas não gosto muito de ver os mesmos buracos na calçada e os mesmos prédios sujos todos os dias, quase sem exceção.

Ainda assim, no fim do dia eu gosto de lá.

É incrível como as coisas por lá mudam e ao mesmo tempo não mudam. As lojas fecham, os prédios envelhecem e, no entanto, a estrutura ainda está lá. E as pessoas ao redor também: os homens-sanduíche, os compradores de ouro, os ambulantes, as cartomantes e as ciganas, os mendigos e os pregadores. O Pátio dos Milagres existe e está ali. Victor Hugo, eu bem te entendo.

Ainda existem as cavernas de Ali Babá, onde reluzem tesouros perdidos aos olhos de quem passa com pressa. Sebos, livrarias, uma loja de jóias e canivetes, essas coisas que não chamam muito a atenção do grande público. É o que me faz voltar sempre. Existe sempre alguma coisa para descobrir, alguma coisa para esconder, algo para reencontrar e até para temer, debaixo do concreto do centro.

Abrindo Falência

15:11 1 Comment »
Tanto a ler, tanto a escutar, tanto a aprender...

... e tão pouco tempo e dinheiro!

Pátria Amada

11:01 2 Comments »
Minha pátria não é a do RG nem a do passaporte (os dois verdes, com fotos que não se parecem lá muito comigo). Minha pátria é o que está ao meu redor, são os meus sentidos.

Os amigos que estão perto e os que estão longe. Os afundados em trabalho e os que procuram um trabalho. Os que falam comigo em idiomas distantes e até mesmo os que não falam mais comigo por nada e por tudo.

O céu de primavera de São Paulo, o céu de outono de Norwich. O vento encanado das estações de metrô, o barulho das ruas, os aviões e os detalhes da Terra que segue.

A voz dos meus oiseaux de nuit, de todas as divisões e de nenhuma em particular, que me sussurram palavras de ordem, de doçura ou amargura; que me movimentam e me fazem compreender que ainda existe alguma coisa dentro da alma cansada da repórter.

Minha pátria é inventada, inexistente fora da minha cabeça; e ainda por cima finita, posto que quando eu partir deste mundo ela se esfacelará para o território do nunca mais. Nem melhor, nem pior do que nada, tampouco comparável a outras pátrias imaginárias.

Simplesmente, conscientemente, é a pátria que eu escolhi para mim.

Rádio Mistral FM - "Le monde est stone"

09:47 Posted In 1 Comment »



Minha cabeça explode, eu só quero dormir / me estender no asfalto e me deixar morrer / Pétreo, o mundo é pétreo/ eu procuro pelo sol no meio da madrugada / eu já não sei mais se é a Terra que gira ao contrário / ou se sou eu que me faço um cinema / Eu já não tenho mais vontade de lutar, já não tenho vontade de correr / como todos estes autômatos que constroem os impérios / que o vento pode destruir como castelos de cartas / Pétreo, o mundo é pétreo / eu procuro pelo sol no meio da madrugada / deixe que eu me debata / não venha me socorrer / venha ao invés disso me abater / para me impedir de sofrer / Minha cabeça explode, eu só quero dormir / me estender no asfalto e me deixar morrer...

Créditos: "Le Monde Est Stone", Luc Plamondon e Michel Berger, do musical Starmania, 1978. Interpretação de Garou, no disco Seul, 2000.

Mas por que esta música, considerando que minha vida vai muito bem nos eixos (apesar de tudo)? Eu sei lá! Por causa da voz do Garou, peut-être - outro da linhagem que acaba quando for apresentado às pastilhas Valda, como diz o meu alquimista, mas que canta como se fosse o último dia.

Seja como for, essa música entrou debaixo da pele, que é onde a alma reside, e por lá se instalou. Não existe explicação. Tanto melhor assim.

Música

09:11 0 Comments »
CDs enviados pelo computador, por uma amiga do outro lado das águas, colocando no meu alcançe coisas que eu nunca veria se não fosse a gentileza dela. Canções berradas no rádio, salvando uma noite e uma vida. Um acorde que abre o veio de uma idéia há muito perdida.

Disse milhões de vezes, direi outro tanto: a música é o que me salva.


Ao som das declarações de amor à música:
Long Live Rock (The Who)
e Quand La Musique Est Bonne (Jean-Jacques Goldman)

Dos problemas do esquecimento

08:48 2 Comments »
Disseram-se certa vez que o cérebro, por ter uma capacidade de armazenamento limitada, "limpa" algumas memórias para que outras possam ser registradas.

Tudo bem, por mim não há o menor problema.

Mas o meu cérebro tinha que apagar justamente a data de vencimento da conta do meu telefone?!

Mensagem sucinta com uma canção legal para um rapaz que completa 29 anos hoje

09:27 1 Comment »



Feliz aniversário, Luís!
(desejando hoje e sempre um monte de Good Vibrations na sua vida)

Sério

13:00 2 Comments »
Eu não sei se me levo a sério.

Acho que já perdi muito tempo tentando ser uma pessoa organizada, discreta e com um tom de voz que não faça tremer o lustre.

Com o tempo, o esforço para não gritar e ficar sentada no lugar acabou me exaurindo. Foi quando eu deixei de me levar a sério.

Obviamente perdi muita coisa com a mudança de comportamento. Mas pelo menos eu consigo respirar tranqüila no fim da semana. E isso não vale tudo?


Escrito ao som de Et Dans 150 Ans - Raphaël

Eu preciso

13:05 2 Comments »
Eu preciso de sol, de sorte, de chocolate, de paciência e de almoço. Pode ser em qualquer ordem, não me importo - mas tem que vir logo porque senão eu explodo, juro por Deus!

Mondo Mistral (em horário de verão)

09:25 Posted In 1 Comment »
Então foi isso: um casamento, uma formatura, um princípio de festa punk no casamento (nunca pensei que viveria para ver amigos meus pogando na pista como se tivessem 17 anos), uma família fazendo uma coreografia perfeita na formatura (e fazendo meia pista dançar junto), o horário de verão, a sentença de Saddam, a confusão nos aeroportos, o retorno do feriado.

E a vida continua, por bem ou por mal. E eu tenho que me acostumar com o horário de verão, querendo ou não.

Um soldado, uma batalha, uma guerra

10:03 5 Comments »
Meus moinhos de vento são os arranha-céus.
Meu Rocinante é o trem do metrô.
Tenho vários Sanchos, de sotaques e portes diferentes.
Tenho uma Dulcinéa meio assim, digamos, distante. Porque a inspiração é uma menina mimada que só aparece quando lhe dá na telha.

Eu não sou o Dom Quixote mas estou armada como tal.
E que venham os gigantes!

***

Feriado de Finados é um troço complicado. Especialmente agora que eu passo perto de dois cemitérios no caminho para o trabalho. Fico com paúra das flores, da visita protocolar, do gesto automático de só ir "visitar" os parentes falecidos nessa data.

Não tenho e nunca tive medo de cemitério. Medo da morte é diferente: tive, tenho e até que chegue a hora continuarei tendo. Tremendamente normal, não? Mas medo de cemitério? Bah, vão ver se estou na esquina. A paúra é pela consternação do dia de Finados, das pessoas que só estão por lá para cumprir tabela.

Por isso não gosto do feriado de Finados. Aquela cerimônia toda não é para mim. Eu me lembro dos que se foram à minha maneira. E nem sempre na data que o calendário manda.

***

Je suis en état de marche. I'm into the war path.
Ou seja: ou sai da frente ou eu vou passar por cima.
Não se preocupe: volto ao estado "normal" assim que as coisas se acalmarem. Provavelmente no ano que vem...