Nova estrada pela frente

09:09 0 Comments »

(...)
Today I don't need a replacement
I'll tell them what the smile on my face meant
My heart was going boom boom boom
Hey, I said, you can keep my things -
They've come to take me home

Volto em janeiro.
Boas festas para todos!

Redação: Do Trânsito (de acordo com uma pedestre)

08:19 Posted In 1 Comment »
Não dirijo por três motivos. Primeiro, não gosto - apesar de adorar ver corridas de Fórmula 1 e acompanhar o rali Dakar. Segundo, não tenho carro - o dinheiro para comprar um bólido foi diversas vezes investido em viagens, e é como eu prefiro.

Terceiro e mais importante motivo: eu detesto engarrafamentos. Mesmo no banco do motorista, há uma hora em que nem a coleção inteira dos Beatles dá jeito no estresse. E quando a coisa chega nesse nível, é compreensível que o ser humano exploda em milhões de pedacinhos. E eu já tenho estresse demais na minha vida, obrigada!

Com o Natal, obviamente vem o trânsito - tanto na cidade quanto em suas saídas para mato ou mar. Lembro de diversos dezembros em que a intrépida família Fagundes, a bordo de seu saudoso e sempre sujo Quantum azul-marinho, descia a serra para passar o Ano-Novo na praia - sempre a dez quilômetros por hora ou menos.

Que aventura! Com quatro crianças em idade escolar no banco traseiro e um toca-fitas que só tinha quatro títulos no repertório (a saber: a coletânea do Paul McCartney, um show ao vivo do Fábio Júnior, a trilha sonora de alguma novela das sete e uma fita gravada em casa com o Abbey Road de um lado e o Help! do outro), era uma prova de coragem seguir viagem. Mas valia a pena, mesmo que a gente demorasse umas cinco horas para chegar.

Mais chato era o trânsito para ir no Mercado Municipal ou, mais tarde na vida, aos shoppings fazer compras. Minha mãe resolve o problema comprando os presentes na primeira semana de Dezembro, mas a comida não tem jeito - toca ser na última semana, como todo o resto da cidade. E dá-lhe buzina, flanelinha, mais buzina... Boa parte dos palavrões que aprendi foram no trânsito de dezembro.

Depois do casamento, vim morar por uns tempos próxima de uma das principais ruas de comércio da cidade - não, não a 25 de Março, que essa aí nem pode ser considerada mais "rua" diante da horda que invade o asfalto. Mas, enfim, faz uma semana que eu não consigo sair do prédio sem dar de cara com um engarrafamento bem na porta. Mesmo à noite, porque tem quem leve os filhos para ver as luzes de Natal nas lojas - e fica andando a dois por hora, com um mundo de estressados buzinando. E eu ouço tudo, porque estou no quinto andar. Mesmo se fechar as janelas, o trânsito me alcança.

Sei que a coisa melhora em janeiro, quando todo mundo debanda para mato ou mar e as ruas ficam desertas. Mas é dureza esperar até lá, com tanto barulho e gente reclamando a seu lado. Então, respire fundo, coloque os fones de ouvido e acione a coleção dos Beatles (ou sua banda preferida). E tente não explodir em pedacinhos - nem você e nem os outros, por favor!

Com um nó na garganta

21:57 Posted In 1 Comment »
Gritamos, reclamamos, lutamos juntos - às vezes contra a vontade, empurrados sabe-se lá em nome de qual Deus. Mas continuamos. E quando partimos, é com um nó na garganta. Mesmo que seja na direção de céus melhores, fica o marejado nos olhos e o desejo de agradecer a chance dada.

Às vezes isso acontece com amigos. Outras vezes, como hoje, com empregos.

Separação amigável, papéis assinados, 13o. e férias devidamente acertadas - e um novo céu se abre debaixo da minha cabeça. Obrigada por tudo, pessoal. E vamos que vamos!

A ditadura do tamanho

21:21 3 Comments »
Então aconteceu que eu precisei comprar um par de calças para as festas de fim de ano e tive que ir ao shopping.

Odeio fazer compras desse tipo, porque sou obrigada a lidar com a ditadura do tamanho das roupas. Mas, sempre otimista, pensei que seria fácil este ano - afinal, fazer ginástica serve para isso também.

Claro que deu problema - descobri, para meu espanto, que as roupas estão encolhendo. As lojas "de grife" hoje em dia vendem calças no. 34 (que mais parecem vindas da seção infantil, mas são feitas para adultas), mas muitas não fazem nada acima de 42. Para achar um jeans 46 que me servisse, visitei seis lojas diferentes.

Claro que eu fiquei enfurecida e deprimida - é prerrogativa das mulheres, ainda por cima das mulheres que detestam fazer compras. Que tipo de adulta saudável, fora a Charlotte Gainsbourg, consegue entrar em calças 34?! Nem que eu virasse uma faquir extremada eu conseguiria emagrecer tanto.

E quer saber a coisa mais bizarra dessa história toda? No dia seguinte, já devidamente deprimida mas precisando comprar a bendita roupa de qualquer maneira, fui a uma loja da Zara - onde experimentei uma calça social 44 que me serviu perfeitamente.

Donde se conclui alguma coisa - eu acho. Ainda estou meio chocada com isso (e com duas calças de tamanhos diferentes guardadas dentro do armário).

Ponto a ponderar

10:44 1 Comment »

"If ignorance is bliss, why aren't there more happy people in the world?"

Stephen Fry, no programa da BBC Q.I.

Vícios Confessos, X - Feiras Livres

14:30 Posted In 0 Comments »
A vida tem dessas coisas - descobri que tem uma feira dois quarteirões para baixo da rua do meu prédio! Fui feliz da vida passear por lá hoje, sentindo os cheiros, vendo as cores das frutas, morrendo de rir com os gracejos dos vendedores.

Parece que a estrutura nunca muda - lá estão as barracas de carnes e peixes com a lona laranja; o vendedor de batatas, alho e cebola; os carregadores de sacolas (mas ninguém mais usa aqueles carrinhos de madeira que eram tão comuns na minha infância); os japoneses da barraca de pastel; o cara que conserta panelas, as barracas de bugigangas, a florista, o cara dos temperos.

E lá estou eu, no meio da rua, corpo de adulta e mente sintonizada na infância. A vida tem dessas coisas.

Sobre o Natal (e os que não gostam do Natal)

07:18 1 Comment »
A moda, ultimamente, é detestar o Natal. Não sei se você reparou, mas o número de pessoas que finalmente dizem que odeiam a época aumenta a cada dia. Reclamam do cinismo das relações nesta época, da obrigação dos presentes, da comida da ceia, de serem forçados ao amigo-secreto da empresa ou ao jantar com a família - que, obviamente, também odeiam.

Está certo que eu também não gosto de calor e centros comerciais lotados. Também não trabalho com cinismo, mas isso é todo dia e não só no Natal. Não participo de amigos-secretos há séculos, porque os escritórios onde trabalhei tinham poucas pessoas...

O fato é que eu gosto da época do Natal, com todas as coisas estranhas e boas que ele traz. É a única época do ano em que dá para juntar minha família toda. Gosto da comida que fazem no Natal, gosto da confusão na minha casa. Gosto de ir na missa e escutar os cânticos (o Mosteiro de São Bento é uma boa opção nesta época). Gosto dos presépios, dos coros e até mesmo de algumas decorações nas ruas. A questão dos presentes, bem, nunca foi uma questão, como diriam os ingleses: em casa nunca deu para trocar presentes caros e ninguém morreu por causa disso (eu acho).

Não gosto quando as pessoas se sentem obrigadas a serem solidárias no Natal, e não nos outros 364 dias do ano (mas se você assim deseja dar algo, eu tenho algumas sugestões - quem sabe isso estimula a continuar a flexão dos músculos beneméritos nos próximos meses?).

Não gosto de quem se força a participar de algo que não quer, só para agradar os outros. Se não gosta do Natal, não o celebre - quem te impede?

Mas eu, aos 26 anos, ainda gosto das festas de fim de ano, apesar de todo o resto. Não sei se isso faz de mim uma sortuda ou a mais alienada das alienadas. Só sei que gosto do Natal. E se isso é um crime, que se dane.

Mondo Mistral: Prova Final

09:32 Posted In 1 Comment »
Estou estudando para a prova final de Francês nesta quinta-feira. Ando forçando meu cérebro a compreender a pronúncia das coisas, as nuances dos verbos que não mudam de tom, todo o jogo de letras e palavras que dão sentido ao idioma.

Aprender uma nova língua depois da infância é assim mesmo. As estruturas já estão sedimentadas e é difícil botar os muros abaixo. Mas eu insisto - porque amo expandir os limites do meu mundo - e a lista de motivos para dor de cabeça.

Alors, allons-y?

Prós e contras (Face Amour, Face Amère)

17:00 0 Comments »
Dia de folga.

A reforma no apartamento vizinho.

As fotos que ficaram boas.

E o trânsito para ir buscá-las, cada vez mais horrível.

Calor na cabeça.

E a ameaça de chuva das bravas mais tarde.

Minha mãe faz aniversário hoje e a família vai jantar junta.

Mas não vai dar para reunir todo mundo.

E por aí vai. Um lado doce e um lado amargo, uma vida inteira no resultado.

Um gripado na família

22:42 0 Comments »
Meu alquimista está gripado. O que significa um oceano de vitamina C, quilos de pílulas, tosses, reclamações e a certeza de que a próxima sou eu - gripes adoram companhia, você sabe.

O problema é que gripe (ainda mais uma gripe avassaladora como essa) não combina com a confusão natalina. Imagine a correria de postar cartões no correio, fazer as compras, montar árvore e all mod cons somados com coriza, dor de cabeça e chateação geral. E trabalhando, ora pois, porque o recesso só começa na semana que vem.

Vai ser uma longa semana, pelo visto...!

Excursão dentro da minha cabeça

12:13 1 Comment »
Imagino meu cérebro como uma roseta - uma sala de reunião bem no centro e salas ao redor, cada uma ocupada por uma equipe especializada em algum truque. E meus neurônios como funcionários apressados, correndo de um lado para o outro, sempre ocupados com suas funções.

Porque a mobília do nosso inconsciente é feita a partir de nossas lembranças, o tapete desta sala de reuniões é cor-de-vinho, como um que existia na casa da minha avó materna; as paredes tem estampas engraçadas, feitas com giz de cera. E tem uma máquina de café num canto.

A parte que cuida de textos ficcionais tem papel em tudo que é canto, arquivos lotados, manchas de café nas mesas e até nas paredes. A parte da contabilidade vive às moscas, exceto no fim do mês quando surge uma invasão de funcionários para resolver a bomba e ver quanto dinheiro me sobra. O departamento musical tem caixas de som bem potentes - o que explica porque eu fico com frases musicais grudadas na mente por dias a fio.

As péssimas memórias são trancadas num cofre (que às vezes é aberto sem querer, como acontece com todo mundo); as boas histórias, colocadas em porta-retratos na parede com um bom foco de iluminação (mas às vezes as lâmpadas queimam). Às vezes os funcionários fazem greve e eu não consigo pensar em nada. Outras vezes, eles trabalham demais e eu não consigo dormir.

É um modo estranho de se imaginar, eu sei. Mas é como eu prefiro. Não gosto dos paralelos com labirintos ou caixas ou gavetas - minha mente é complicada como a de todo mundo, mas você vê que pelo menos eu tento organizar de uma maneira mais interessante!

Contabilidade Natalina 2007 - I

09:25 1 Comment »
Enfeites de Natal - uma árvore, minúscula (porque o apartamento não tem o apelido de Caixa-de-sapatos à toa); um enfeite com sinos na porta; um papai noel que veio na caixa do panetone em cima da escrivaninha.

Panetones - dois até agora, mas tenho a desculpa de que as vendas começaram mais cedo...

Cartões - não comprei ainda, mas pretendo resolver isso hoje.

Vezes em que ouvi "Então é Natal" - nenhuma ainda, graças a Deus. No entanto, descobri que o Queen tem uma música de Natal excelente (Thank God It's Christmas) e isso me alegra um tanto.

Cores do site - alteradas para seguir com o espírito natalino. Eu gosto de pinheiros, poxa.

Sagitarius Inc.

09:48 Posted In 1 Comment »
(este e outros geradores aqui)


Dezembro é um mês de festa constante em casa - são quatro aniversários, além das comemorações de Natal e Ano Novo: meus pais, minha irmã e meu primo mais velho são orgulhosamente sagitarianos. Para quem acredita em horóscopo, uma mistura boa. Para quem não acredita, tudo bem - garanto que são todos buona gente, independente da posição do Sol no dia em que vieram para o mundo.

O importante disso tudo é que amanhã começa a temporada de festa na Mooca: bolo de aniversário, vinho, sanduíche de metro, almoço com todo mundo reunido, essas coisas todas. Fazemos tanto barulho que os vizinhos nem reclamam mais.

Dá problema para escolher os presentes (com o Natal na esquina e tudo isso), mas tudo bem. Vale a pena. Os sagitarianos mooquenses merecem.

Confidencial: sobre a conversa do jantar de ontem

11:52 0 Comments »

Si je dois tomber de haut
Que ma chute soit lente
Je n'ai trouvé de repos
Que dans l'indifférence
Pourtant, je voudrais retrouver l'innocence
Mais rien n'a de sens, et rien ne va



Perdoe-me se eu acredito; perdoe-me mais ainda por odiar. Mas quando eu lhe ouço falar das mazelas dessa pátria-amada e nada gentil, quanto mais penso nisso, mais me bate o desencanto (ia dizer desespero, mas quem é que se desespera pela situação dos outros hoje em dia?). E aí aquela música me surge nas orelhas - nada mais tem sentido, nada mais presta.

Perdoe-me por ser de uma outra génération désenchantée; perdoe-me mais ainda por me afogar na indiferença de quando em vez. Perdoe-me se o mundo me parece assustador demais.

Livre Docente

14:29 0 Comments »
Meu pai, 59 anos, três semanas e dois dias (60 anos no fim de semana), médico, professor doutor em Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental, torcedor roxo do Sport Club Corinthians Paulista, entusiasta do tênis, dos filmes de James Bond e de ficção científica, o sujeito que mais ama a ordem no mundo.

Agora ele é livre docente pela Escola Paulista de Medicina.

E eu não poderia estar mais orgulhosa dele.

Consciência do Medo

10:19 Posted In 0 Comments »
Eventos que se aproximam, documentos que desaparecem em alguma fenda temporal ou buraco negro, tensão generalizada no ar. Natal se aproximando definitivamente - os bancos na Avenida Paulista já estão quase todos decorados, a venda de panetone nas padarias não surpreende mais. E ainda por cima é segunda-feira, o que não ajuda em nada o meu humor.

Claro que eu tenho medo de não dar conta. De me irritar por nada, de ter feito uma grande bobagem, de não me lembrar, de não me esquecer. Eu morro de medo de um monte de coisa inútil, uma infinidade de bobagens que não me deveriam dar medo, que eu já devia saber que não mordem nem mata.

E é essa minha consciência do medo que me força a andar. A gente é o que a gente deseja ser, no fim de todas as coisas. Parece conversa de auto-ajuda, mas é só a constatação de alguém que está se forçando a andar apesar da segunda-feira-dos-infernos - que quer acreditar que tem alguma coisa para além desse dia e de suas complicações.

Doce elogio

11:57 2 Comments »

Minha madrinha de casamento, grande amiga e companheira de escrita há muitocentos anos, mandou uma frase sem aviso que me alegrou para o resto do dia: "Considere um elogio sincero - eu acho que você tem o corpo da Nigella".

Que vem a ser a moça aí do lado, cozinheira de primeira linha e dona de curvas de respeito.

Só posso dizer que ser comparada com um mulherão desses é um baita dum lifting pro ego, às vezes tão injustamente detonado por não caber numa calça 38...

O som e o celular

13:59 1 Comment »
Desgosto tanto do meu telefone celular que o apelidei "coleira". O aparelho não tira fotos nem toca MP3 - a única coisa de diferente, por assim dizer, é que quando me liga o Alquimista começa a tocar "Good Vibrations", dos Beach Boys. E quando liga alguém da minha família, toca o tema d'"O Poderoso Chefão" (ei, ser de família ítalo-brasileira não é só comer macarrão e usar canottiera no frio).

Assim como as coleções de discos, os sons de celular denunciam a personalidade da pessoa. Eu tinha um chefe que instalou o tema de Darth Vader no telefone, para quando ligasse a sogra. Nem preciso dizer a confusão quando a esposa ficou sabendo. O office-boy do escritório colocou o pagode da banda onde ele toca. Uma amiga instalou o som do berro do filho de cinco anos - como ela vive perdendo o celular na bolsa, nada do que um grito para achar mais depressa. O problema é a cara de susto das pessoas em volta, quando o telefone toca dentro do ônibus...

Toques engraçadinhos, hits do momento, o tema do Plantão da TV Globo (que já me fez pular na cadeira umas trocentas vezes - viva o reflexo condicionado)... Parece que, se faz barulho, está valendo. Limites, só mesmo o da paciência alheia.

O que, em se considerando a raça humana, explica porque tem tanta gente que odeia telefone celular.

100 Dias

18:14 1 Comment »
"(...) Le monde a tellement de regrets
Tellement de choses qu'on promet
Une seule pour laquelle je suis fait
Je t'aimais, je t'aime et je t'aimerai."

Dilemas de todo escritor

23:06 0 Comments »
Um site com cartuns rindo da vida dos escritores e a busca do Grande Romance, entre outros problemas profissionais. Bem que eu estava precisando disso!

(será que meu plano de saúde cobre a operação acima?)

Retomando o ritmo

09:31 0 Comments »
Chuva torrencial, cinema (A noiva perfeita - ou Prête-moi ta main, o título original que eu prefiro. De morrer de rir), bicicleta dupla no parque, mais cinema (Morte no funeral - não é tão engraçado quanto me disseram), amigos vindo em casa, passear na rua tomando sorvete, bobagens na televisão, passeios na Liberdade.

E aí eu tive que acordar para ir trabalhar, porque eu não tiro o feriado de amanhã. Hunf!

Precisa-se

10:22 1 Comment »

  • Uma sacola de feira - porque não tenho mais espaços para sacos de supermercado no apartamento. Se for xadrez, como uma que minha mãe tinha nos anos 1980, melhor ainda.

  • Alguém para conversar em francês - porque estou perdida com o uso do subjonctif e do condicional e ninguém na minha classe agüenta minha tagarelice. E estudar com os livros pode ser bom, mas não é a mesma coisa que bater papo.

  • Um pouco de sol nos meus dias livres, não nos dias que eu trabalho.

  • Uma notícia dizendo que comer bolo de chocolate e cheesecake emagrece.

  • Um Moleskine. Ei, o Natal está chegando! (e é bem coisa minha pedir um caderno de presente...)

Lest we forget

12:50 3 Comments »

Os britânicos (e os demais habitantes da Commonwealth) usam papoulas vermelhas na lapela nesta semana, celebrando o Dia do Armistício, 11 de novembro, quando terminou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. A flor é símbolo dos veteranos e dos que morreram em batalha, não só no conflito de 1914-1918, mas nas guerras seguintes.

Por que papoulas, exatamente? Porque nos campos de batalha do front ocidental, regados de sangue e de gases venenosos por causa das batalhas, brotaram milhões de flores após o fim do conflito - uma imagem poética que esconde anos de horror.

No dia 11, às 11 horas em ponto, a Grã-Bretanha pára. Literalmente - ninguém se mexe nas lojas, os ônibus estacionam aonde estiverem, pessoas na rua silenciam. E durante dois minutos, o silêncio reina absoluto. É um golpe para quem veio de um país onde "minuto de silêncio" é a coisa mais esculhambada que existe - e que não tem a cultura de lembrar-se de nada, quanto mais de guerras.

Quando penso nas papoulas nas lapelas de gente da minha idade (que talvez tenham um bisavô veterano, em algum porta-retrato perdido por aí), eu só consigo me lembrar de um poema do Siegfried Sassoon, britânico apesar do prenome alemão. Chamado Aftermath, o narrador pede no fim: "Have you forgotten yet?... /Look up, and swear by the green of the spring that you'll never forget."

E eu penso com meus botões: isso é o mínimo que podemos fazer.

Mondo Mistral: O homem que cantava no ônibus

11:34 0 Comments »
E até que ele era bem afinado. A platéia é que não era das melhores: os viajantes mortos de sono dentro do ônibus, oito horas da manhã. Gente que queria era estar na cama, mas se arrastava para ir trabalhar e estudar.

E tudo o que essa gente não quer é ouvir um fulano cantando, ainda que baixinho e ainda que afinado, na última cadeira do coletivo.

Não chegava a ser irritante, como o pedreiro que discursava num tom de voz alto demais para um ônibus, dois dias antes (ele estava em teoria conversando com outros, mas como os colegas não respondiam, virou um monólogo). Não era como as madames que falam no celular e nos obrigam (porque não dá para mandá-la desligar o aparelho!) a escutar seu dia-a-dia detalhado e entediante. O cara só estava cantando para si mesmo.

E isso irritou todo mundo no ônibus. Ninguém mandou ele ficar quieto, mas dava para perceber os passageiros se virando, achando estranho, fazendo caretas. Estranhando que alguém quisesse cantar numa hora daquelas, num lugar daqueles, para uma platéia tão mal humorada e estressada que só queria um pouco de silêncio, numa cidade que nega até isso aos seus.

30

08:24 2 Comments »

Feliz aniversário, meu querido alquimista!

(e nada de sair cantando À tout ce strass, à tout ce stress / Bye bye ma jeunesse...! :P)

Vícios Confessos: Liniers

12:53 Posted In 0 Comments »


E a história de como ele assistiu a volta do Soda Stereo (que é grande demais para colocar aqui).
Liniers, desenhista argentino. Todos os dias no La Nacion ou pelo blog AutoLiniers.
Nada mais a acrescentar.

Da arte da auto-promoção

10:54 0 Comments »
Não trabalho com Publicidade diretamente - conheço publicitários, algumas agências, profissionais da área que trabalham com o escritório. Por isso, sou vítima indireta das campanhas para o Prêmio Caboré.

Que vem a ser, antes que você pergunte, um prêmio importantíssimo do setor, em que os melhores do ano são escolhidos pelos assinantes do jornal Meio & Mensagem. O voto popular (por assim dizer) explica a necessidade de agências e publicitários precisarem fazer campanha pesada para serem lembrados.

E quando um publicitário tem que vender ele mesmo, o céu e a paciência do público são os limites. Há de tudo: cartazes de página inteira, emails, cartazes, chocolates com slogan nos escritórios. O Márcio Garcia foi chamado para vender o candidato da Rede Record este ano. Até outdoor já vi ser usado - OK, bem na frente do cemitério do Araçá, mas valeu a intenção.

O diabo é que, pelo menos aos meus olhos destreinados, os anúncios (com memoráveis exceções) são todos muito parecidos: listam os clientes da agência ou do publicitário, os méritos e qualidades, e terminam com a assinatura "Vote Fulano para o Prêmio Caboré". Se eu tivesse que votar, limaria automaticamente qualquer anúncio desse tipo.

Afinal, vota-se para os mais criativos ou não?!

***

Para quem curte Publicidade, recomendo o Brainstorm #9 . Eu acesso desde o tempo em que o Carlos Merigo (o autor) escrevia no Blogspot e não era vegetariano, mas nunca tive a oportunidade de recomendar o site. Taí a chance de ouro, então!

Oh, the rainy days

16:56 Posted In 0 Comments »
Da janela do meu escritório, uma clara divisão: metade da vista com grossas nuvens de chuva, outra metade com céu dourado e nuvens brancas. Se eu soubesse tirar fotos (e tivesse uma câmera aqui), daria uma imagem daquelas lindas.

Um, dois, três, quatro! (parte II)

17:58 0 Comments »
Dois meses menos um dia após o primeiro post, uma avaliação do meu estado físico com os exercícios: um número a menos de roupa, uma redução sincera das dores de tendinite (porque quando todos os músculos doem, quem vai notar a tendinite?), respirando um pouco melhor. Fora descobrir que esteira e pesos servem como exorcismo, se o dia de trabalho foi ruim.

O sedentarismo continua saudoso e cultivado nas horas vagas. O problema é que ainda por cima consegui um excelente complexo de culpa quando cabulo a aula. Só me faltava mais essa!

Redação: Aos meus mortos

12:52 Posted In 3 Comments »
Passei o feriado pensando no que escrever. Não me acerto com a data, no sentido de que não preciso de um dia especial para lembrar dos que partiram. Fico meio (muito) cabreira com o trânsito na porta do cemitério, com o preço das flores, com o bando de gente perguntando se pode limpar o túmulo.

E no entanto preciso escrever. Justamente porque a data me azucrina tanto. E quando algo me incomoda, eu escrevo (logo nota-se que eu vivo sentada numa almofada de alfinetes, pelo tanto que me meto a datilografar!).

Penso nos meus mortos à minha maneira. Eles estão por perto em ações simples, herdadas. Eu sou produto de duas guerras mundiais e de uma onda de fome no continente de onde vieram os meus. Quando eu falo, quando eu ando, quando eu tenho que colocar meus óculos para ler a tela do computador, eu sou um reflexo deles. Assim como os que virão depois de mim serão reflexo meu.

Não se trata de DNA, posto que muitos dos que eu velo no meu silêncio não partilham meu sangue. Trata-se de convivência, influência, até mesmo amor. Lembro deles num gesto, num gosto. E rio quando alguém lembra de mim desta forma.

Passei a compreender melhor a idéia da morte no começo da adolescência, num dia em que via na TV um filme de guerra. Faz sentido ter uma iluminação vendo um G.I. que atira num soldado alemão? E é para mim que você pergunta?, mas o fato foi que assim me caiu a ficha. O soldado não nasceu de um repolho (que a lenda da cegonha é mais latina do que tedesca) - teve pais, avós, colegas de escola. E tudo isso para, aos vinte e poucos, ter que cruzar com o inimigo e morrer com um tiro. E alguém na platéia grita "mas isso não é justo!"

Não é justo, não é decente, mas nem a vida e nem a morte são justas. Elas simplesmente existem e tudo o que fazemos é preencher o tempo entre as duas extremidades. Nunca vai dar tempo de fazer tudo o que a gente quer, porque somos um eterno work in progress.

Por isso, não adianta ter medo da morte. Ela existe e vai acontecer, quer você queira, quer não. Por isso, faça o que puder. Deixe seus reflexos nos outros. No fim das contas, não resta muita coisa senão lembranças. E elas duram mais do que qualquer flor que você possa levar no cemitério, eu garanto.

(Ma li manco mólto, nonno... Mi domando se vedete i fiori che hanno dato voi!)

Aos que escrevem

13:39 1 Comment »
Um artigo muito interessante sobre o medo de escrever (e porque insistir mesmo quando parece que o mundo vai desabar).

Dentro de uma bolsa

14:20 0 Comments »
(a partir de uma sugestão da Denise)



Quem melhor definiu a bolsa de uma mulher foi o Bénabar, na música "Sac à main": "(...) animal fiel que a segue como um cãozinho/caixa-forte, confidente, parcial e única testemunha/ que ela carrega no vão entre seus rins / mas que ela chama, como se não fosse nada, sua 'bolsa'".

A "bolsa" é uma entidade extremamente feminina, que pode explicar graficamente qualquer traço de personalidade. Praticamente a personalidade da pessoa em imagens. Há quem carregue o mundo, há quem consiga ser frugal. Há quem precise de três ou quatro batons e quem não tenha nem um mísero pente. Há de tudo.

Eu carrego a caneta-tinteiro, carga extra para a caneta (nunca se sabe...), caderno. Um livro de bolso (que às vezes vai na mão, dependendo do peso!), um monte de papel avulso, balas diversas. Batom, escova e um espelho que eu ganhei de presente num Christmas Cracker. Passe de ônibus, crachá do escritório, o MP3 player todo enroscado nos fios do fone de ouvido. Além da carteira que nunca tem dinheiro, as chaves (as de casa, as da casa dos meus pais, a do escritório, todas juntas num chaveiro da Livraria Francesa) e o canivete.

Depois me perguntam porque meus ombros doem - mas se eu deixo alguma coisa em casa, com certeza acabo sentindo falta no fim do dia. Que analisem isso, se puderem!

Lumière

10:53 2 Comments »
O verão ainda está um tanto longe. Vá dizer isso à previsão do tempo, porém - com o calor que está na rua, nem se nota que ainda é primavera. Haja coragem e ar-condicionado!

Mas sempre tem alguma coisa para compensar. Posso não gostar do clima abafado, mas gosto da luz do verão. Condenados que somos ao cinza da capital, quando o sol decide que vai aparecer, realçando as (poucas) cores que nos restam, é sempre uma folia para os olhos cansados.

Rádio Mistral FM - "I Am What I Am"

09:56 Posted In 0 Comments »

"I Am What I Am", originalmente interpretado por Gloria Gaynor. Esta versão (que eu prefiro ao original) é de Christophe Willem, participante de 2007 do "Nouvelle Star", o "Ídolos" da França (ele ganhou o concurso - recomendo muito o disco dele, Elu Produit de L'année).

Porque hoje é sexta-feira, dia de sair dançando. Porque adoro essa canção - todo mundo precisa, de quando em vez, se afirmar no mundo aos berros. "I bang my own drum / some say it's noise... I say it's pretty!"

O que vale

11:05 2 Comments »
Mamãe voltou para casa ontem- tinha ido visitar uma amiga que está doente e ficou uma semana fora. Trouxe chocolates e pequenos presentes (além de duas caixas que a amiga mandou para mim como presente de casamento). Para contar, um monte de histórias de aeroporto e umas anedotas legais. E também trouxe um monte de fotos, porque a amiga é uma dessas criaturas que sabem fazer imagens boas com qualquer tipo de câmera.

Rimos, contamos as novidades, abrimos uma garrafa de cerveja, contamos fofocas, rimos mais um pouco, acabamos acordando meu pai (que tirava sua merecida soneca). Acabamos saindo - eu, pai, mãe e a irmã caçula, que estava em casa - para comer alguma coisa e conversar mais um pouco.

Acabei me lembrando de um trecho da canção que nomeia este blog: o Tempo é um assassino que leva com ele as risadas das crianças. Sim, o Tempo é um assassino, mas ele deixa rastros - nós chamamos de memória. E é, no fundo, aquilo que faz valer a pena no final das contas. O dinheiro some, as pessoas partem, mas a lembrança fica. E já que não dá para impedir o tempo de continuar nos matando, pelo menos podemos nos consolar com isso.

Enquanto isso, chove.

10:32 0 Comments »
Estudando o mode subjonctif no escritório - para você ver como o dia está agitado hoje. Tenho porque tenho que enfiar as conjugações na mente, por mais impossíveis e tortas que elas sejam - senão eu me atrapalho com o curso. E já que não tem alma viva no escritório hoje, que se abra a gramática e que se iniciem os trabalhos!

Gosto de estudar quando está chovendo. O motivo, eu acho que não sei. Talvez porque o barulho da chuva me acalme os nervos. Talvez porque o clima esfrie (eu me sinto mal no calor). Talvez porque eu tenha me condicionado com isso.

Só sei que agora estou aqui, declinando verbos em voz alta (e com minha pronúncia torta), enquanto chove lá fora. Parece bom o suficiente para mim, por enquanto.

Sob o céu de segunda-feira

10:41 0 Comments »
E não é que ganhou o piloto mais chato do paddock, no fim das contas? Numa corrida bem emocionante, é bom que se diga, mas de final meio assim. Afinal, de que adianta ganhar um campeonato quase impossível, no último instante, e comemorar daquele jeito sem-sal?

Pelo menos teve lasanha e torta de morango junto com a corrida. E risadas, muitas, que afinal de contas a vida é simples, a gente é quem complica tudo.

O céu veio abaixo durante a noite, mas não foi o suficiente para limpar o ar. Continua o clima pesado, que me lembra tanto o mormaço de janeiro na praia.

Só que ainda não é janeiro. Ainda não estou na praia. É segunda-feira e estou no décimo-quinto andar de um prédio, trabalhando. Mas tudo bem. Debaixo desse monte de nuvens o céu ainda está azul. E é para lá que eu estou olhando.

Hoje é dia de corrida

09:08 0 Comments »
Televisão ligada desde cedo.

Amendoins prontos para serem atirados na tevê em caso de bobagem do narrador.

Torcida. Bandeiras. Comentários inúteis. Cálculos avançadíssimos para casos de empate.

Mandingas para que o carro do outro quebre. Como se isso funcionasse...

Telefonar para os outros membros da família - este ano não vai dar para assistir a corrida com eles, mas sempre é bom ouvir os comentários.

Faster than the bullet from the gun - vamos embora. É hora da corrida.

Confidencial - Ao que partirá em nova aventura

10:07 0 Comments »
Abide with me; fast falls the eventide;
The darkness deepens; Lord with me abide.
When other helpers fail and comforts flee,
Help of the helpless, O abide with me.

Swift to its close ebbs out life’s little day;
Earth’s joys grow dim; its glories pass away;
Change and decay in all around I see;
O Thou who changest not, abide with me.

Not a brief glance I beg, a passing word;
But as Thou dwell’st with Thy disciples, Lord,
Familiar, condescending, patient, free.
Come not to sojourn, but abide with me.

Come not in terrors, as the King of kings,
But kind and good, with healing in Thy wings,
Tears for all woes, a heart for every plea—
Come, Friend of sinners, and thus bide with me.

Thou on my head in early youth didst smile;
And, though rebellious and perverse meanwhile,
Thou hast not left me, oft as I left Thee,
On to the close, O Lord, abide with me.

I need Thy presence every passing hour.
What but Thy grace can foil the tempter’s power?
Who, like Thyself, my guide and stay can be?
Through cloud and sunshine, Lord, abide with me.

I fear no foe, with Thee at hand to bless;
Ills have no weight, and tears no bitterness.
Where is death’s sting? Where, grave, thy victory?
I triumph still, if Thou abide with me.

Hold Thou Thy cross before my closing eyes;
Shine through the gloom and point me to the skies.
Heaven’s morning breaks, and earth’s vain shadows flee;
In life, in death, O Lord, abide with me.

Mondo Mistral - Televisivas e Cinemáticas

16:56 Posted In 0 Comments »
  • Adoro séries históricas, mesmo que elas não sigam a história à risca. É televisão, então que se dane a fidelidade histórica se ela não se encaixa no roteiro. Mas The Tudors, que está sendo mostrada no People + Arts, anda testando minha tolerância. Jonathan Rhys-Meyers interpretando Henrique VIII, como se o rei fosse um rock star renascentista (e ainda por cima magro) ?! Só rindo...!

  • Não gosto muito da voz da Edith Piaf, mas assisti e recomendo fortemente a cine-biografia da cantora, Piaf - Um Hino ao Amor, em cartaz na cidade. Senão pela música, ao menos para se embasbacar com Marion Cotillard, a atriz que encarna Mme. Piaf da juventude à velhice de maneira simplesmente fantástica.

  • Começou a Mostra de Cinema de São Paulo. Trânsito nas salas, confusão, gente com a credencial pendurada no pescoço como um troféu passeando pelo hall do Conjunto Nacional, problemas com as legendas, filmes intragáveis, horários impossíveis para ver as melhores fitas, the works. Como me divirto mais vendo a fauna local do que vendo os filmes, é hora de sacar os binóculos e o livro de ornitologia.

F-1

09:35 0 Comments »
Quatro dias para o GP Brasil de Fórmula Um - a final mais disputada em uns bons anos.

Meu medo é que o Hamilton e o Alonso se metam numa briga estilo Senna x Prost e o título vá parar nas mãos do Sr. Haikkonen, o piloto mais sem-graça no paddock.

Enquanto isso não acontece, vou arrumando a sala e encomendando a comida - dia de F1 no Brasil, dia de chamar o pessoal em casa para assistir e tacar amendoim quando o Galvão falar as bobagens habituais - ou seja, haja amendoim...!

Os gadgets do Rubinho

09:22 0 Comments »
Rubinho, amigo da família de quem já falei anteriormente, estava no hospital até um mês e pouco atrás. Ainda se recuperando, veio passar o feriado conosco em Atibaia. Parou de fumar (na marra), parou de beber (não pode por causa dos remédios), mas continua com um vício: colecionar gadgets estranhos.

Ele adora uma inutilidade doméstica e o pessoal adora quando ele traz alguma dessas para exibir em casa. No feriado, ele veio com uma raquete elétrica para matar mosquitos, que fez um baita sucesso. E uma lancha com controle remoto, que ele testou na piscina - outro sucesso de público e crítica.

Ele disse que no próximo feriado ele vai trazer um submarino com controle remoto, que ele viu não-sei-onde na internet. Essa eu quero ver...!

Da arte da mistura - adendos

18:32 1 Comment »
Porque recomendação de Enio-San é sempre bem-vinda, "Paperback Believer":



E a versão Beatles vs. Kraftwerk da qual falei (identificaram o número eletrônico como sendo a canção "Tour de France". Se estiver errado, favor corrigir).

Vícios Confessos, VIII - Fones de ouvido

12:26 Posted In 1 Comment »
CD player, Walkman, iPod, iPobre... Eu já disse antes o quanto amo andar por aí com trilha sonora portátil. Se a distância é maior do que dois quarteirões e vai ser percorrida a pé ou de ônibus, os fones de ouvido vão comigo.

A última vantagem que descobri foi que os fones ajudam a matar o tédio na aula de ginástica. Ao invés de correr ao som daquele bate-estaca chato, agora vou ao som do que eu quero. Dá até para esquecer que estou em uma esteira. Por uns dois ou três minutos.

Da arte da mistura

09:53 2 Comments »
Como dizer isso? De repente virei fã de mash-ups - ou o que acontece quando um DJ junta a base de uma música com a letra de outra e transforma numa terceira canção.

Tudo por causa da muito improvável mas muito bem-sucedida união de Beatles com Kraftwerk. Fora de brincadeira. "Eleanor Rigby" (a versão strings only que aparece no Anthology) com alguma faixa não-identificada dos robôs alemães. E deu certo.

Outras bagunças que apareceram - interessantes (Destiny's Child com Stevie Wonder, Green Day com Oasis, Mylène Farmer e Justin Timberlake) ou bem estranhas (Nine Inch Nails com Beatles, Beatles com Shaggy, Shakira contra Bee Gees e Madonna ao mesmo tempo).

A busca continua - é divertida, a confusão. Alguém aí tem sugestões?

Forno, Fogão

11:02 2 Comments »
Uma das minhas irmãs passou em casa dia desses de surpresa, com um presente que, segundo sua descrição, era a minha cara - um livro de receitas do Jamie Oliver.

Minha chefe, quando me casei, me deu dois belos livros de culinária, um deles com receitas do famoso restaurante Carlota - ao qual nunca fui, mas que alguns colegas tecem elogios. A julgar pelas receitas editadas, merece mesmo as loas.

Deu para perceber o esquema, certo? Quer me ver feliz, me arranja um livro de receitas. São úteis e alguns são até divertidos para ler fora da cozinha (o do Carlota, por exemplo - e o do Oliver, pelas tiradas do cara, muito bem traduzidas na edição nacional).

Sou uma criatura que gosta de cozinhar. Mas não sou uma chef amadora, nem de longe. Não gosto das receitas complicadas, não sei trabalhar com ingredientes raros e/ou gourmet, não entendo nicas de vinho (apesar dos genes italianos). Se quer comida refinada, vá ao restaurante - chez moi o esquema é o que meu avô Nelson chamava de "comida de guerra".

Gosto de aventais com frases engraçadas, mas a aparelhagem especial pára por aí. Corto e peso coisas a olho, sempre me confundo com as colheres (de sopa ou de sobremesa?), já cozinhei bolos e pães em panelas sem cabo por falta de fôrma, vivo substituindo ingredientes quando não acho o que preciso.

Quando a ocasião é especial, faço tudo direitinho, com tudo o que a receita manda, por mais estranho que me pareça. Mas não me divirto tanto assim. Meu negócio é mesmo a cozinha de guerra, com gargalhadas e erros, bagunça e animação. A vida, afinal, já é complicada o suficiente.

Redação: Aos Monges

08:31 1 Comment »

Free Burma!


Dizem que o mundo é pequeno - discordo.
Basta ver os monges da Birmânia
distantes das nossas vistas mundanas
acostumadas com o concreto e o raso.

Num planeta como o nosso
franco candidato ao ferro-velho
eis que aparece, do nada do nosso tempo,
o exército em açafrão e vermelho.
Eles esperam. E não tem medo
da inimiga primordial, chamada morte.
Estão longe da gente em todos os aspectos
E eis o modo como eles nos surpreendem.

Quando os monges perdem a paciência
e em dado momento partem para a batalha,
Eles vão à sua maneira:
encaram as armas. E esperam.
Mas uma hora até eles se cansam de esperar.


Dizem que o mundo está perdido. Discordo.

Basta ver os monges na Birmânia.



Mais informações: Anistia Internacional.

PS - eu sei que o nome do país atualmente é Mianmar, mas na minha cabeça eu ainda chamo de Birmânia. É um problema mundial - a BBC e as agências anglófonas ainda chamam o país de "Burma", daí a confusão no meu HD cerebral.

Porque Escrevo

10:05 1 Comment »
Trecho do discurso de Orhan Pamuk, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, ao receber a premiação na Suécia (informação gentilmente repassada por Maria Fabriani).

"Como vocês sabem, a questão que os escritores mais ouvem, a pergunta favorita, é: por que você escreve? Escrevo porque eu tenho uma necessidade inata de escrever! Escrevo porque não consigo trabalhar normalmente como as outras pessoas. Escrevo porque quero ler livros como aqueles que eu escrevo. Escrevo porque estou bravo com todos vocês, bravo com todo mundo.

Escrevo porque adoro ficar sentado numa sala o dia todo escrevendo. Escrevo porque só posso tomar parte da vida real transformando-a. Escrevo porque eu quero que os outros, todos nós, o mundo todo, saiba que tipo de vida vivemos, e continuamos vivendo, em Istambul, na Turquia. Escrevo porque adoro o cheiro do papel, caneta e tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance, mais do que eu acredito em qualquer outra coisa. Escrevo porque é um hábito, uma paixão.

Escrevo porque temo ser esquecido. Escrevo porque gosto da glória e do interesse que a escrita traz. Escrevo para estar sozinho. Talvez eu escreva porque espero compreender porque estou tão, tão bravo com todos vocês, tão, tão bravo com todo mundo.

Escrevo porque gosto de ser lido. Escrevo porque uma vez que eu tenha começado um romance, um ensaio, uma página, eu quero terminá-lo. Escrevo porque todo mundo espera que eu escreva. Escrevo porque tenho uma crença infantilóide na imortalidade das bibliotecas, e no modo como meus livros ficam na estante. Escrevo porque é excitante colocar todas as belezas e riquezas do mundo em palavras. Escrevo não para contar uma história, mas para compor uma história. Escrevo porque eu quero escapar do pressentimento de que existe um lugar onde eu deva ir mas - assim como em um sonho - eu não consigo chegar lá. Escrevo porque nunca consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz".



Concordo cento e dez por cento com ele.

Colourblind

10:15 1 Comment »
Eu bem que queria saber quem foi que decretou que cores como azul-royal, fúscia ou amarelo mamãe-não-me-perca-na-feira (copyright Dra. Tosca) prestam para fazer roupas. Se nem as modelos ficam boas naqueles tons, que dirá os seres humanos "comuns"?

(isso me lembra que eu tinha um par de sapatos azul-royal, lindos, com fecho tipo boneca. Só que eu tinha cinco anos de idade e eram os anos 1980).

Tudo pode ser bem mais fácil

21:23 0 Comments »




Para a Thermic Sister e sua risada que ultrapassa os muros mais duros.

O meio da semana

11:55 1 Comment »
Cansaço acumulado, cheiro de curry na cozinha, sono de menos e compromissos demais. Mais dois dias para o sábado, Deus me dê forças. Minha teimosia me empurra pela calçada, porque eu tenho que ir na academia mesmo que a vontade seja de me enfiar embaixo das cobertas e destruir, Groo-style, uma caixa inteira de bombons.

Tem gente que detesta segunda-feira. Eu não gosto das quartas!

Confidencial: Para Laura

22:50 0 Comments »


Laura calhou de vir ao mundo na manhã de um domingo, com quarenta semanas cravadas no calendário. Não sou de crer em horóscopo, mas fui conferir por via das dúvidas: ela é de Libra, logo no primeiro dia do signo ainda por cima. Organizada de nascimento, essa aí.

Veio com a primavera e com o calor - flores lhe vão bem. Se é verdade o que dizem e são os filhos quem escolhem de quem vão nascer, então além de pontual a mocinha também é observadora - não podia ter escolhido mãe e pai que mais lhe quisessem e lhe esperassem.

O mundo é uma zona e daqui ninguém sai vivo, eu sei. Mas cada criança que nasce é um aviso e uma tentativa de melhorar as coisas. Saúdo, pois, a chegada de Laura. Que ela seja feliz e que ela nos ensine bastante.

Vícios Confessos, VII - L'uomino Bialetti

22:54 Posted In 1 Comment »

Se você cresceu ou entrou para uma famiglia italiana de respeito, você já cruzou com esse logotipo na cozinha - o l'uomino (homenzinho) das cafeteiras Bialetti. É um dos símbolos da minha infância.

Sou viciada em café e não me dou bem com as máquinas elétricas. Na minha casa, pelo menos, o processo ainda é o analógico, com a minha muito bem-amada Bialetti no fogão e biscotti nos pires para as visitas.

No fundo, acho que sou mais viciada nas risadas e nas rodas de conversa que o homenzinho me faz lembrar do que no produto propriamente dito...

Redação: Complexo de culpa

10:18 Posted In 2 Comments »
Quais são os quatro prazeres essenciais da vida? Comer, beber, rir e amar. É nossa diversão e nossa salvação quando tudo vai mal. E, se você analisar bem, são coisas simples. Pão com manteiga na chapa, amigo fazendo péssimas imitações, essas coisas.

O problema é que ultimamente esses quatro itens estão na mira de uma censura complicada.

Comer equivale a contar calorias, a crucificar doces e frituras, a escutar a cantilena das gorduras trans e da produção orgânica. Bife à parmegiana com fritas, um veneno. Maionese no sanduíche equivale a um suicídio lento. Chocolate, então, nem pensar (se as marcas dietéticas não tivessem gosto de terra de canteiro, seria bem mais fácil)...

Beber: alcoolismo é doença e deve ser tratado como tal, mas ultimamente todo mundo é suspeito quando compra uma mísera garrafa de cerveja. E mesmo quando a bebida não leva destilado ou fermentado, a patrulha não desliga a sirene - qual foi a última vez que você tomou um milk-shake decente sem escutar ladainha?

Amar e rir, problemático. Porque existem muitos mal-amados no mundo, infelizmente. Gente que poderia ser feliz exatamente agora, sem perder os tais vinte quilos imaginários, sem precisar do príncipe encantado ou do momento perfeito à luz de velas. Gente que poderia amar a si mesmo, amar uma causa, uma canção - e se lamenta e reclama, execrando os que exercem o direito de serem felizes mesmo sendo imperfeitos.

Gostaria de poder tocar minha vida sem precisar me preocupar com tudo isso. Infelizmente, os perigos e as injustiças do mundo existem e é preciso combatê-los. Mas, ao mesmo tempo, será que poderiam deixar a gente ser imperfeito e comer batatas fritas alegremente de vez em quando? Só um pouco?

Mondo Mistral: assuntos que eu não consigo processar direito

09:37 Posted In 0 Comments »
A crise política (mas política não é sempre uma crise?); as celebridades sem roupa de baixo; a ironia de um dos pilotos mais braço-duro nesta temporada de F1 se chamar "Sutil"; os preços dos CDs importados; quem matou Taís (eu nem sabia que ela tinha morrido, pra começo de conversa); as novelas em geral.

E por que diabos uma pessoa tão genial, generosa e geniosa quanto a Anita Roddick tem que morrer de maneira tão súbita, com tanto a fazer ainda, enquanto tanto FDP no planeta vive duzentos anos. Juro que isso eu queria entender.

Para não ter que falar daquele senador ou daquele caso de espionagem daquela equipe de carros de corrida, um fato completamente sem importância:

14:54 1 Comment »
Cortei os cabelos hoje. Bem curtos.

Vícios Confessos, VI

12:45 Posted In 3 Comments »
Fazer clipes imaginários com as músicas que eu ouço. Com detalhes de edição, ainda por cima.

Nessas horas, eu queria saber desenhar - descrever as cenas não ajuda muito, fico com a impressão de que sempre falta alguma coisa!

Mistral, Ano II

13:17 2 Comments »
Um ano de Mistral. Um monte de mudanças em 365 dias. Até aqui, tudo bem - e a história continua.

Um, dois, três, quatro...!

09:45 3 Comments »
Só um comentário sobre a primeira semana de exercícios: eu sei que faz bem para a saúde e eu sei que nem estou dolorida nem nada e portanto não tenho motivo para reclamar, mas, definitivamente, o sedentarismo é bem mais fácil de manter!

Como porcelana

09:41 0 Comments »
O trabalho enobrece o homem. Na verdade enlouquece, mas fizeram a revisão do ditado para não assustar ninguém.

Isso explica porque eu sinto como se minha cabeça fosse feita de porcelana - daquelas bem frágeis, bem cheias de rococós, que as mães e as avós de antigamente colecionavam nas paredes. Aquele tipo de porcelana que racha só de olhar.

Casa

09:53 3 Comments »
Duro não é acordar; duro mesmo é sair da cama e encarar os procedimentos-padrões de segunda-feira.

Porque eu ainda estou acostumando com as novas linhas de ônibus e com o novo itinerário. E com o fato de que a cafeteira nova não funciona direito. Bom, o chuveiro não demora tanto para esquentar, ponto a favor. Em compensação a torneira de água quente na cozinha não abre nem se eu implorar. Tem dessas coisas, a segunda-feira.

Tem que levar a roupa para a lavanderia, passar na farmácia e no supermercado, arrumar as coisas na mochila... E lembrar de descer no ponto certo, senão eu tenho que camelar uma eternidade para chegar no trabalho.

Mas vale a pena todo o piloto automático e toda a encheção de segunda-feira. Vale, quando você põe a chave na porta e diz "pronto, cheguei em casa".

Rádio Mistral FM: "Rodéo"

11:25 Posted In 0 Comments »


Rodéo // Rodeio

(Zazie, no disco "Rodéo", 2004)

Rodeio
Isto é a vida, não o paraíso...


Você caiu na armadilha
Caubói, de cima de sua sela
Você apostou no cavalo errado
É seu primeiro grito
e todos comemoram
Isspé prazeiroso e é doloroso
Você cai contra sua mãe
Você diz para si mesmo que no fim das contas
você podia ter tomado um tombo pior
Até aqui tudo bem
Mas caubói, não esqueça
que seu cavalo continua saltando
É o...

Rodeio
Isto é a vida, não o paraíso...


Você se arrasta de quatro
Você cai, você se ergue
E ainda por cima a escola não te empolga
Você começa a andar plas ruas
Você é o mais forte deles, caubói
entre os baratos e os malandros

Você abandona sua família,
usa uma garota após a outra
Elas choram, você não está nem aí
Uma noite, uma hora, um segundo de alegria
como todas essas pílulas que você engole
Como o ...

Rodeio
Isto é a vida, não o paraíso...


Você caiu na armadilha
até o nariz na neve
no caminho para o paraíso
Você fala de um herói
guilhotinado em pleno galope
e você pensa que todos aplaudem

Você cai, você levanta
até o dia em que você bate as botas
Tudo isso para cair de volta no esquecimento
Acabou o jogo, caubói, mas é garantido
você não pode cair mais que isso...

***

Zazie é uma dessas cantoras/compositoras que faz valer a pena toda a dor de cabeça para encontrar discos ou traduzir as letras. E, de qualquer forma, ver uma mulher cantando hoje em dia sem um rapper ou danças de ataque de epilepsia é um alívio aos olhos e ouvidos... :)

Soa o alarme

09:45 0 Comments »
"Anna, você vai ter que voltar aos exercícios", explicou, muito gentil, o meu professor na academia.

Ele nem me deu bronca pelos dois meses que fiquei parada, por conta das confusões gerais da mudança. Nem precisou - os números do exame ergométrico falavam bem alto por ele: está na hora de mudar de curso, se eu não quero ficar (mais) parecida com um refrigerador de calças jeans.


"Se não tem jeito, então ajeitado está", eu suspirei. "Começo na segunda-feira?"

"Se quiser vir amanhã ou na sexta para ver como funciona o esquema de aparelhos..."

"Prefiro na segunda-feira. A pesssoa precisa se despedir de seu sedentarismo com calma!"


O professor riu e disse que tudo bem, é justo. Portanto, lá vou eu, a partir de segunda-feira, recolocar minha mochila nas costas e correr um tanto atrás do prejuízo. Contra a lei da gravidade e a favor dos meus joelhos (que doem quando fico parada), allez hop...!

Mondo Mistral: Reconhecimento de terreno

08:59 Posted In 1 Comment »
Estou morando em prédio pela primeira vez na vida (o Dióxido de Carbono, meu prédio na Inglaterra, não conta porque só tinha quatro andares e não tinha porteiro nem elevador) e por enquanto tudo bem.

Outro dia precisei lavar a janela. Não dava para lavar direito do lado de fora - não é por nada, mas eu moro no quinto andar.

A vizinha do lado é japonesa. Mas japonesa mesmo, de ler jornal da comunidade e pedir para que as pesoas tirem o sapato quando entram no apê. E ela tem um cachorro do tipo escandaloso. O engraçado é que o cãozinho só é escandaloso em horário comercial, o que é ótimo.

Temos vistas para os bifes dos vizinhos do outro prédio: só dá para ver as áreas de serviço. Um dia acenei para uma empregada de uniforme azul com frutas estampadas. Ela acenou de volta. Virou um ritual. Ela tem uns uniformes bem chocantes.

No meu quarteirão tem uma sinagoga, uma pizzaria, uma tabacaria, uma farmácia e um posto de gasolina. E tem sempre obras na rua durante o fim de semana, justo quanto você precisa dormir.

No mais, tudo funcionando. E isso é mais que excelente.

Questionário

10:28 2 Comments »
O que você estava fazendo há exatamente 10 anos atrás?
Indo para a escola, estudando para o vestibular (eu queria estudar ou na Cásper ou na PUC-SP), escrevendo muito e ouvindo muito The Doors (confesso que tive um best-of) e The Who.

O que você estava fazendo há um ano atrás?
Estava organizando o meu jantar de noivado, que foi no feriado do Sete de Setembro (caramba, um ano já?!), trabalhando no mesmo lugar que hoje, escrevendo muito e ouvindo musique française e The Who.

Cinco lanchinhos que você gosta
* suco de abacaxi com hortel
ã
* pão de queijo
* misto quente
* p
ão com ricota e azeite (na cozinha da casa dos meus pais, melhor ainda)
* chocolate


Cinco canções que você sabe a letra toda
Descontando Beatles e The Who, cinco que me ocorrem:

*Le Chanteur, Daniel Balavoine
*You Keep Me Hanging On, Diana Ross & The Supremes
*Taxi, Harry Chapin
*Last Train to Clarksville, The Monkees
*Sans Contrefaçon, Mylene Farmer

E muitas outras...

Cinco coisas que faria se ficasse milionária
* Colocaria a bolada num fundo bancário
*Mochilaria muito
*Compraria a casa dos meus sonhos
*Ajudaria muita gente sem dizer que sou eu
*Compraria uma frota de Fuscas de coleç
ão.

Cinco maus hábitos
* Perder a hora quando acordo
* Roer as unhas
* Falar sem pensar
* Espiar jornal/revista/correspondência alheia (o famoso "peruar")
* Ouvir música muito alto (ainda vou ficar surda...!)

Cinco coisas você gosta de fazer
* Ler
* Escrever ficç
ão
* Ouvir música
* Andar com meus fones de ouvido (inspiração garantida)
* Observar a fauna humana, quando ando de carro/ônibus/metrô.

Cinco coisas que você jamais usaria
* Salto agulha
* Tintura loiro-Hebe
* Legging
*
Casaco de pele (mesmo que seja sintética)
* Brinco estilo "argola de pendurar toalha"

Cinco brinquedos preferidos
* Giz de cera
* Bichos de pelúcia
* Ludo
* Jogo de palitos
* Lápis de cor

Chez moi

08:36 2 Comments »
Como você sabe que está visitando minha casa: quem mais no mundo teria almofadas estampadas com capas de discos dos Beatles e um abajur em forma de Lampadinha?

Cinco livros

10:14 2 Comments »
Atendendo a um desafio do João (lui qu'aime aussi les chansons de l'Hexagone) que me foi feito antes de viajar: uma lista dos cinco livros que marcaram a minha vida.

Sem quebrar muito a cabeça, porque se eu pensar muito eu desisto de fazer a lista, eis os que mais me marcaram - sem nenhuma ordem de preferência ou importância:



1. Anna Karenina, Leon Tolstói

2. 1984, George Orwell

3. Olhai os lírios do campo, Érico Veríssimo

4. Le Petit Nicolas, Sempé e Goscinny

5. Wuthering Heights, Emily Brontë.

Anna Arcadievna foi a primeira heroína humana com quem cruzei na literatura - antes de Mme. Emma Bovary, Esmeralda ou Christabel LaMotte. Tolstói, apesar de seus entediantes solilóquios sobre a fé e o homem, captou a atenção da adolescente que um dia eu fui e nunca mais se dissipou. Reli por estes dias a história, desta vez contada em francês (o mais próximo que eu vou chegar do original, porque não pretendo aprender russo nesta encarnação) e me surpreendi em ver como a Senhora Karenina ainda me assusta. E quanto a tagarelice do Levine ainda me enche.


Olhai os lírios do campo não foi meu primeiro Veríssimo (a honra é de Clarissa, que meu padrinho me presenteou de Natal por achar que eu já tinha idade "para ler livro de gente grande"). Mas é o que cimentou duas paixões: pelo autor e seu estilo marcante e pela escrita em si (eu queria - ainda quero! - escrever algo assim na minha vida). Todas as subtramas me agradam, todos os personagens me surpreendem. Sou fã de carteirinha, mesmo. Érico Veríssimo é como os Beatles são para mim - a pedra fundamental de quase tudo que sou.


Le Petit Nicolas. Outra obra do meu padrinho; ele me deu a tradução da Martins Fontes quando eu era criança. Li até gastar, literalmente - a encadernação há muito que foi para o espaço. Quando aprendi Francês o suficiente para ler livros infantis, comprei uma versão de bolso e agora quero comprar as outras. Sempé e Goscinny são meus heróis - só quem leu sabe quanto de tristeza adulta transpira nas aventuras do pobre Nicolas e seus coleguinhas de escola.


1984 - li pela primeira vez aos quinze anos, na biblioteca da escola. Voltei tantas vezes para suas páginas que nunca me ocorreu comprar uma cópia para mim - eu carrego a história no sangue. Acabei comprando uma edição da Penguin este ano só por desencargo de consciência - e porque a biblioteca da minha escola não me deixou mais levar o livro para casa, já que eu estava formada há pelo menos doze anos (como se isso fosse impedimento - desde que aquela edição da Brasiliense está lá na estante, com certeza absoluta eu fui a única leitora...). De qualquer forma, ao reler, eu descobri que a história ainda estava comigo e que só não gastei dinheiro à toa porque a edição tem um texto interessantíssimo do Orwell sobre a novilíngua.


O que ocorreu com Orwell também é o caso com com Wuthering Heights. Leio todos os anos, invariavelmente, porque a história para mim é inevitável, incontornável, majestosa. E os anos passam, passam e eu continuo achando Cathy Earnshaw uma imbecil por ter juntado os trapos com aquele molenga loiro ao invés de ter cedido à força da natureza que é o Heathcliff.

E é isso, João. Não sei se dá para conhecer uma pessoa pelos livros que ela lê - confesso que até fico com medo do que um psicanalista encontraria na minha cuca se resolver analisar esses cinco pilares da minha formação emocional. Mas que eu amo a todos, amo - e isso é tudo.

Os cinco sentidos de Bs. As.

09:03 3 Comments »
Ou Buenos Aires, como queiram.

Vê-se parques lindos, praças, pracinhas; carros e ônibus que são verdadeiros inoculadores de tétano móveis; avenidas de dez pistas, um oceano de táxis. A televisão é um misto de SBT com Cultura, as rádios até que são legais.

Parece que todo habitante do gênero masculino na cidade nasceu de terno, gravata, sobretudo e gel na cabeça. Pelo menos dois itens sempre aparecem no conjunto, seja o sujeito de onde for. As mulheres gostam de tintura loira.

Ouve-se muito o Gotan Project, Tanghetto, Bajoprofundo, a volta do Soda Stereo dez anos depois, Miranda e Charly García. E também tem Fito Paez, Man Ray, Los Abuelos de Nada, Los Fabulosos Cadillacs, Autenticos Decadentes e outros muitocentos grupos de rock (adorei os nomes, os cabelos, o som, a atitude - quase tudo enfim).

Também ouve-se cumbia, que é um ritmo para dançar, gênero "latino" genérico. Divertido na primeira vez, irritante nas outras duzentas. E as trilhas sonoras das novelas para crianças também.

Bs. As. tem gosto de medialuna, dulce de leche, alfajor e chocolate. Os cafés envidraçados, onde dá para ver o tempo e a fauna passar. E como esse pessoal come - um prato individual serve um exército na boa. E defitivamente não é uma cidade amigável para os vegetarianos, a não ser que você goste muito de batata frita ou morrones (pimentão vermelho).

Tem teatros, muitos. Livrarias, incontáveis. Um grupo humorístico-musical chamado Les Luthiers que faz violoncelos com tonel de óleo, trombone com bidê e outras maluquices. Vê-se espectros de Evita, de Maradona e de Che Guevara em tudo que é canto. Os mortos nunca dormem na Argentina, pelo visto.

E a Mafalda é o símbolo nacional. E olha que o Quino deixou de desenhá-la faz três décadas.

Sente-se frio - de rachar os ossos, de doer as maçãs do rosto. Mas pela quantidade de aparelhos de ar condicionado que vi, o verão deve ser tão duro quanto para os moradores. A cidade tem o cheiro do frio, da terra, fritura e poluição.

Um tanto de saudade pelo que foi, um tanto de esperança pelo que vem a ser. Agora começa!

12:00 2 Comments »

Perguntaram certa vez ao rabino norte-americano Mendy Hecht o que era, afinal de contas, o casamento. Eis a resposta dele:


"O que é o casamento? Primeiramente, o que não é o casamento? Não é nada que você verá na televisão ou no cinema. Não é algo que você aprendeu na escola ou com seus amigos.

Casamento não é atração.

Casamento não é romance.

Casamento não é desejo.

Casamento não é uma certa palavra de quatro letras.

Não é uma paixão ardente.

Não é a história de pessoas lindas com dentes brancos brihantes vivendo vidinhas perfeitas.

Estas são partes do casamento - importantes, também - mas apenas pedacinhos do quebra-cabeça, combustível para a fogueira, remos para o barco.

No começo do mundo, existia apenas um homem e uma mulher. Eles eram duas metades de uma forma inteira. Eles se encaixavam e completavam um ao outro - fisicamente, emocionalmente, intelectualmente e espiritualmente. Eles criaram o padrão de casamento para a humanidade. Porque o casamento, no fundo, é "uma mão lava a outra".

Você a ajuda, ela te ajuda.

Você satisfaz as vontades dela, ela satisfaz as suas.

Ela quer amada, você quer amar.

Casamento é conexão. A idéia é ser parte de Outro. O casamento lhe transforma de uma pessoa centrada em si mesma para uma pessoa centrada no outro.

Você lava, ela enxuga.

Você a faz se sentir querida, ela faz você se sentir importante.

Você se entrega a ela, e ela se entrega a você.

Você se casa para se doar, não para receber - mas quanto mais você se doa, mais você recebe. E talvez a parte mais crítica de um casamento é seu estado mental e emocional. Porque o casamento é um estado de ligação, e a atitude que vem com o território. É uma luz-guia constante, não uma infindável explosão de desejo ardente.

Atração, romance, desejo, beleza e atributos físicos são refletidos por essa luz. Embora tudo isso contribua para o sucesso matrimonial, é sua ligação compromissada ao outro que é a tela onde isso será pintado."


É isso que eu te ofereço - não um pedaço de papel com um novo nome ou um pedaço de céu inatingível, mas uma companhia para a jornada.

Haut les coeurs, en avant, charge.... et Allez Hop! :)

Pequenos detalhes

09:49 1 Comment »
Um porta-retratos embrulhado em papel de seda. Uma reunião. Uma caixa com arranjos. Um monte de caixas de bebida fazendo barricada no corredor.

Dois, não, três vestidos de festa pendurados no vão da escada - um lilás, um dourado e um verde. E uma nota da costureira avisando que é para buscar o terno, que está pronto.

Um buquê de flores, uma fila, muitas risadas, muito a fazer, um tanto de saudade, um tanto de vertigem diante do futuro. E assim a contagem regressiva vai chegando a seu final.

O sagrado direito de reclamar

12:17 3 Comments »
E por um acaso você conhece alguém que gosta de crítica? Só se o fulano for masoquista diplomado.

Mas tem profissão que é, naturalmente, parabólica de reclamação. Exemplo: goleiro, síndico, dentista, atendente de SAC.

E político em cargo público.

É um fato inexorável da vida: você nasce, cresce, morre e entre uma coisa e outra você escuta crítica. Construtivas, destrutivas, necessárias, venenosas - não importa o tipo.

Também é fato inexorável da democracia o sagrado direito de reclamar, se assim der na telha. De subir no palanque, no caixote ou nas tamancas e dizer que não gosta, que não é justo, que não é certo. O modo como isso pode ser feito é discutível (e como...!), mas que é parte da função ouvir reclamação sem achar que o mundo está contra você, isso não se nega.

Pelo menos é o que se espera de adultos, responsáveis e com capacidade de discernimento.

Isso se é que a gente aprendeu alguma coisa com a tal da Revolução Francesa, como alguém citou por aí...

Redação: No caminho da creche

11:55 Posted In 1 Comment »
O meu ônibus passa em frente a uma creche da Prefeitura, bem conhecida lá na Mooca. O que significa que, de manhã, eu tenho a companhia constante das mães que vão deixar seus filhos por lá.

Nos últimos dias, por causa da onda de frio, tem acontecido um festival de gorros e casacos e narizes fungando na área de assentos reservados. Você pode até ignorar um idoso ou uma grávida (vai que ela só está gorda...), mas é impossível ignorar uma mãe com uma criança de quatro anos no colo, especialmente com um gorro chamativo e nariz fungando.

Criança chora. Se entedia. Quer falar com a mãe, com o motorista, com o passageiro do banco do lado. Querem sentar, querem levantar, querem sair correndo. Ou isso ou dormem até a hora do descer, quando então começa a choradeira. O cobrador dá bronca no ranzinza que reclama - porque sempre tem um que reclama: o senhor/a senhora não tem filhos? Se não tem, o senhor/a senhora já deu trabalho porque já foi criança, então bico fechado.

Quando descem todos na frente da creche e o ônibus segue seu sacolejo costumeiro, sempre fica a impressão de que o silêncio no coletivo é desproporcional e sem graça.

Confidencial: ao alquimista e seus copos de saquê

10:12 1 Comment »


(...)

Le grenier sans bataille livre ses trésors
ses panoplies de cow-boys aux petits ambassadeurs
qui colonisent pour la dernière fois
la modeste terre promise: quatre murs et un toit.

(...)


(Bénabar, "Quatre Murs et un Toit")

Mondo Mistral: O que achas das coisas?

11:30 Posted In 1 Comment »
(questões tiradas deste muito interessante blog)

Ser humano: O projeto era ótimo; pena que a execução deixa a desejar.

Guerra: Infelizmente, um dos problemas da execução do projeto acima.

Mundo: O condomínio mais atrapalhado que existe.

Sexo: Aquilo que revela o melhor, o pior e o mais esquisito de todo mundo.

Homens: Ruim com eles, pior sem eles.

Mulheres: O céu e o inferno de toda a humanidade. Geralmente ao mesmo tempo.

Filósofos: Platão, Maquiavel e Lennon/McCartney.

Epitáfio: Partiu contra sua vontade.

Memórias televisivas

10:11 0 Comments »
A família da minha tia, radicada na Itália, mandava fitas e mais fitas com os programas da RAI para os familiares que moravam aqui. Era engraçado ver como os programas eram parecidos com os nossos - ainda que naquele italiano ardido. A RAI é um SBT gigante, no que o SBT tinha (e tem) de mais kitsch.

Meu vizinho no alojamento estudantil, lá na Inglaterra, tinha uma televisão. Ele adorava os programas de jardinagem, sei lá eu porquê. Ele me deixava assistir a novela EastEnders e o Doctor Who de quando em vez.

Minha avó paterna é noveleira, e com orgulho. Certa vez, correu o boato de que a GlóriaPires tinha se matado - alguma coisa maluca, obviamente, mas ela me fez ligar o computador para ver se era verdade. "Imagina, uma novela sem a Glória Pires!", ela dizia.

Os comentários que meu pai e meus tios fazem quando assistem a novela (geralmente no fim de ano, quando estamos na praia e não tem o que ver), eu não posso reproduzir porque tem criança na platéia. Mas começava nos implantes da Danielle Winitz e ia parar sabe Deus onde.

Meu tio Ricieri, se achando muito engraçado, tirou os fusíveis da caixa de luz de casa na hora em que ia passar o último capítulo de A Próxima Vítima. Poucas vezes ele foi tão xingado.

Hoje em dia eu quase não assisto TV. Mas é engraçado lembrar de como a caixa de fazer doido me traz lembranças.

Confidencial: para Nanathi e Camila (e para Melody, que não estava lá)

08:33 2 Comments »
Então é isso - HP7, fim da jornada.

Para quem se conheceu no começo e fim de adolescência (respectivamente vocês três e eu), até que foi um longo caminho - entre livros, spoilers, ficção desvairada, RPGs, longas conversas pelo Messenger, brigas, retornos, confusões e outras adversidades.

Como disse a Camila ontem, é o fim de um ciclo.

Mas, como diz uma das minhas canções favoritas, every new beginning comes from some other beginning's end. Então, vamos que vamos!

(e que ninguém me conte como é o livro. Eu só vou lê-lo daqui duas semanas O alquimista me presenteou com a versão britânica no dia seguinte a este post, num desses truques que só ele consegue tirar de dentro de sua cartola imaginária. Estou lendo - devagar, com medo de acabar, com medo de me distrair. Esta é a jornada. )

Dulce Decorum Est

17:23 0 Comments »

(...)
If in some smothering dreams you too could pace
Behind the wagon that we flung him in,
And watch the white eyes writhing in his face,
His hanging face, like a devil's sick of sin;
If you could hear, at every jolt, the blood
Come gargling from the froth-corrupted lungs,
Obscene as cancer, bitter as the cud
Of vile, incurable sores on innocent tongues,
My friend, you would not tell with such high zest
To children ardent for some desperate glory,
The old Lie; Dulce et Decorum est
Pro patria mori.

(Wilfred Owen, "Dulce et Decorum Est", 1918)


Se em algum sonho sufocante você também pudesse caminhar
atrás do vagão onde nós o jogamos
e ver os olhos brancos retorcendo em sua face
a face que caía, como o vômito pecador do demônio
se você pudesse ouvir, em cada sobressalto, o sangue
que vinha borbulhando de seus pulmões pela espuma corrompidos
obsceno como o câncer, amargo como o refluxo
das vis, incuráveis feridas nas línguas inocentes
Meu amigo, você não diria com tanta alegria
às crianças ardentes por alguma glória desesperada
a velha mentira: É doce e decoroso
morrer pela pátria.

E é tudo o que eu tenho a dizer sobre o acidente em Congonhas.

Rádio Mistral FM: "Le Poinçonneur Des Lilas"

15:50 Posted In 1 Comment »

Le Poinçonneur des lilas // O conferidor de bilhetes

(Serge Gainsbourg)


Eu sou o conferidor de bilhetes
que os caras passam e que não olham
Não tem sol debaixo da terra
ô viagem chata
pra matar meu tédio eu carrego no colete
as "Seleções do Reader's Digest"

E nesse livrinho escreveram
que tem esses caras com vida fácil em Miami
Enquanto eu fico aqui como um bobo
No fundo desse poço
Parece que não tem trabalho ruim no mundo
Eu, eu faço buracos nos bilhetes!

Eu faço buracos, buraquinhos, e mais buraquinhos
Buraquinhos, buraquinhos, sempre os buraquinhos
Buracos na segunda classe
Buracos na primeira classe
Eu faço buracos, buraquinhos, e mais buraquinhos
Buraquinhos, buraquinhos, sempre os buraquinhos!

Eu sou o conferidor de bilhetes
Para ir ao Invalides, baldeação na Opéra
Eu vivo no coração do planeta
Tenho na cabeça
um carnaval de confete
que eu carrego até minha cama
E debaixo deste céu branco
eu só vejo brilhar os sinais de baldeação
Às vezes eu sonho, eu divago
eu vejo as ondas
E lá na bruma no fundo de um porto
eu vejo um barco que veio me procurar

Pra me tirar desse buraco onde eu faço buracos
Buraquinhos, buraquinhos, sempre os buraquinhos
Mas o barco desaparece
e eu vejo que eu saio dos trilhos
E eu fico no meu buraco a fazer buracos
Eu faço buracos, buraquinhos, e mais buraquinhos
Buraquinhos, buraquinhos, sempre os buraquinhos!

Eu sou o conferidor de bilhetes
Arts-et-Métiers, direto pela Levallois
Eu já tô muito de saco cheio desta cloaca
Eu queria viver um pouco a vida
Deixar o capacete lá no vestiário
Um dia virá, eu tenho certeza,
em que eu vou poder sumir pelo campo
Eu vou pôr o pé na estrada
E custe que custe
E se pra mim não der mais tempo
Eu vou me mandar desta pra melhor

Eu faço buracos, buraquinhos, e mais buraquinhos
Buraquinhos, buraquinhos, sempre os buraquinhos!

Tenho bem motivo pra ficar louco
motivo pra pegar um revólver
E me fazer um buraco, um buraquinho, um último buraquinho
E vão me colocar num buracão
Onde eu não vou mais ouvir falar de buracos
Buraquinhos, buraquinhos, buraquinhos!

***

Da longa lista de canções do Serge Gainsbourg, uma das mais engraçadas e trágicas ao mesmo tempo. Dizem que a inspiração veio de um poinçonneur a quem Serge perguntou qual seria seu maior desejo. "Eu só queria ver o céu", foi a resposta.

O lilas do título é o bilhete unitário de metrô, que era furado na entrada das estações. Por causa desta música (o primeiro grande sucesso de Serge), o túmulo do artista está sempre cheio destes bilhetinhos (além de maços de cigarro e garrafas de bebida - quem é que precisa de flores?).

Uma partícula minúscula

11:04 1 Comment »
Eu sei que existem milhares de dores e milhares de milhões de problemas no mundo, mas que culpa tenho eu se me sinto particularmente miserável quando estou com os pés e os sapatos encharcados num dia de frio?

17:22 3 Comments »

Meu avô materno nasceu no interior de São Paulo. Minha bisavó queria que ele se chamasse Nelson, mas o meu bisavô, com a teimosia que corre na família, registrou o bebê como Orestes (porque todos os filhos tinham nome de origem grega).
Que eu me lembre, ninguém o chamava de Orestes. Para todos os efeitos, ele era o Nelson. E pronto!
Ele adorava pescar.
Ele tinha um sotaque duro e era míope que doía - os óculos dele eram bem pesados, com uma lente que mais parecia vidro de aquário. Ele usava um creme no cabelo, antecessor do gel que vinha num tubo vermelho; uma vez meu tio confundiu esse creme com o tubo da pasta de dentes...
Ele conheceu a minha avó numa esquina lá na Mooca; ele trabalhava em uma retífica de motores, ela era professora, aquela esquina era o ponto onde o caminho dos dois se cruzava. Eles tiveram três filhos - a única menina, a mais velha, é minha mãe.
Foi meu avô quem me registrou no cartório quando eu nasci, junto com o meu pai. E foi ele quem brigou com o oficial por causa do meu nome (Anna, com dois 'n' - perto do que tem de nome esquisito nesse mundo, meu prenome é uma gota d'água no oceano).
Meu avô gostava de cachorros. E tinha pavio-curto.
Ele morreu no último dia de 1987.
Hoje eu busquei na oficina uma caneta-tinteiro - uma Parker 61 Signet dourada, linda, com o peso do tempo. Era do meu avô, agora é minha.
Sabe, eu sinto uma falta danada dele. Se você tem um avô legal por aí, eu te peço, aproveita por mim. E saiba que eu tenho uma inveja muito, muito feroz da sua sorte. Porque eu só tenho uma caneta e um punhado de memórias que está começando a sumir.

Pequenos problemas cosméticos

14:09 1 Comment »
Para resumir uma longa história: descobri que a marca de maquiagem que eu uso (desde o dia em que precisei começar a usar batom e rímel para trabalhar) deixou de ser fabricada. O que é um certo problema - fútil, concedo o opnto, mas problema ainda assim.

Foi assim que eu fui parar na perfumaria hoje de manhã.

Se um dia você precisar rir, vá comigo em uma loja de maquiagem. Quem me conhece sabe que eu não levo absolutamente jeito nenhum para essas coisas e por isso trato de não levar a sério a missão. Eu faço comentários bobos sobre as cores, imagino quem é que carrega aquele monte de coisa na bolsa... E, pior de tudo: bicho curioso que sou, eu fuço e experimento absolutamente tudo o que me aparecer na frente. Se bobear, saio mais pintada que um pavão. As vendedoras, com razão, ficam malucas comigo.

Mas devo dizer que uma delas foi bem gentil comigo hoje. Ela era revendedora da marca que eu usava e me ajudou a achar uma paleta de cores que me servisse. (Claro, ela me fez de boneco de testes, mas isso já era o esperado - uma espécie de pequena vingança pelo fato de eu mexer em tudo e só levar uma sacola minúscula...)

Vertigem

08:49 1 Comment »
Falta de tempo para escrever. Os dedos coçam como se eu tivesse sarna, mas não consigo sentar nem por um instante - tem tanta coisa para fazer que dá até medo.

É uma vertigem, essa história de mudar de vida. Você se inclina na beira do abismo e espera que um vento lhe leve para longe, para o outro lado ou direto para baixo, para ver o que está lá lhe esperando.

Então, que o vento me carregue - mais alto, mais longe.

Vícios confessos, V

18:47 Posted In 0 Comments »
Papelarias.

Tem algumas que eu preciso ir sem carteira, sem cartão e sem ninguém para pedir dinheiro emprestado, senão abro falência.

E não precisa ser coisa chique. Quer me ver feliz? Me larga na Kalunga - saio de lá mais alegre que perua depois de fazer compra no shopping Iguatemi...e provavelmente com a mesma quantidade de pacotes!

Declaração de direitos

11:51 0 Comments »
Todo mundo tem direito a ficar enfurecido com alguma coisa trivial (mas não de matar alguém no processo de enfurecimento, isso nunca).

Direito a cantar e até dançar dentro do carro (espaço permitindo) se a música for boa.

E de se confundir em quantos idiomas bem quiser. E aprender tudo quanto é palavrão e gíria nos idiomas que lhe convém.

Todos têm o direito de se esconder de vez em quando. De chorar no banheiro. De esmurrar a parede, de mandar o chefe para onde se deve.

De rir de piada mórbida ou politicamente incorreta.

De pensar bobagem, de ler bobagem, de ver bobagem na TV - que o problema começa quando você só faz isso e atrofia o cérebro por vontade própria.

Deveria existir o direito de sair de casa sem pentear o cabelo de vez em quando! E de esquecer o celular ou a hora da janta!

E no mais, é necessário instaurar o direito de ser como se nasce sem que ninguém fique botando defeito. Já não é suficiente?

Enquanto isso...

11:46 0 Comments »
Eis-me aqui, debaixo de uma pilha sufocante de coisas a fazer e chatices a matar.

E ainda por cima o horóscopo não dá uma boa notícia aos aquarianos há dias (eu sou do tipo que só crê nos astros quando estão favoráveis).

Enfim, uma coisa de cada vez e sempre ouvindo música - quem sabe os pepinos terminam antes da minha paciência.

Rádio Mistral FM: Sache que je

11:33 Posted In 0 Comments »

Sache que je... // Saiba que eu...

(Jean-Jacques Goldman, no disco "En Passant" - 1997)

Há sombras no "eu te amo"
Nada senão amor, nada senão isso
Traços do tempo que se arrasta
Há um contrato nessas palavras

Você fala do amor em seu idioma
E para mim as palavras de nada servem
Se você precisa de frases reféns
como um selo num pergaminho...

Então saiba que eu...
Saiba
Saiba que eu...

Exite um morrer no "eu te amo"
Nos "eu só tenho olhos para você"
Morrer para o mundo, aos seus poemas
Não ler mais nada senão suas rimas

Uma estratégia injusta
Estas três palavras não afirmam nada
Existe uma pergunta no "eu te amo"
que demanda "e você, você me ama?"

Então, saiba que eu...
Saiba
Saiba que eu...

***

"Sache que je" é minha canção favorita de Jean-Jacques Goldman - e isso não é moleza de escolher, uma vez que o sujeito tem um repertório quilométrico (tanto de músicas que ele gravou quanto de músicas que ele escreveu para outros cantores). De certa maneira, eu o comparo a Pete Towshend - o olho clínico para as questões do amor, sem o lugar-comum que tanto incomoda...