Mistral Gagnant

Aproveitando o feriado na casa da avó, longe de tudo e mais um pouco (e se continuar essa cerração, bota longe nisso - o carro não sobe nem desce a estrada de terra), botando o QI a zero com as bobagens da TV, fazendo um cachecol novo (OK, na verdade reaprendendo, na marra, a fazer o bendito do cachecol), escrevendo sem grande compromisso, desenhando barbas nas fotos das celebridades, vendo estrelas e nuvens, esquecendo do mundo de maneira geral.

Às vezes, bem às vezes, quando ninguém está olhando, dá para brincar de ser você mesmo - e isso é bem divertido...!

Porque o Alqumista pediu uma tradução da música que anda sendo tocada o tempo inteiro no escritório...

(Se eu montasse um site com versões de canções francófonas, será que teria público?)

(...)But is it fun?

"Fun? Is climbing a mountain an inch a day using only fingertips fun? Not fun, but worthwhile. As you create characters, do all sorts of things to them and watch how they react, you learn more about life, and your own place in it."

Trecho da reportagem da BBC sobre o inferno que é a publicação de um romance. Se a situação é caótica lá, o país dos paperbacks e das apostas nos prêmios literários, imagine por aqui.

Mas o assunto não é o mercado editorial, nem lá nem aqui. É sobre escrever.

Todo mundo fala que escrever é sofrer, é uma pedra de Sísifo, é uma dor de cabeça, é um encosto que não sobe nem se você cantar uma ópera de Wagner inteira.

Será possível que ninguém nunca diz como é divertido escrever? Ou melhor: será que tem mais alguém aí que se diverte escrevendo? Porque para mim é a coisa mais legal que existe. Não fosse a tendinite, essa minha adorável inimiga, eu passaria o dia todo entre meus personagens, arrebentando as teclas do meu computador ou enchendo uma quantidade desumana de cadernos.

Mesmo que ninguém vá ler. Mesmo que não seja publicado.

Talvez justamente por isso.

Escrever para mim não é mais maldição nem sina. É existência. E todo o resto daí se apóia.

• IR - não pago porque não tenho renda. Mas sou obrigada a declarar, ainda assim (oh, os pepinos jurídicos). O pobrema é que eu não vim ao mundo equipada com dispositivos de compreensão de algarismos - em bom português, eu me confundo com números. Conclusão: é a terceira ou quarta retificação que eu entrego só esse mês!
• Para que servem as reuniões, de uma maneira geral?
• No jornal de hoje: metrô, além de superlotado, também anda mais devagar. Ora, não me diga. Agora só faltam descobrir que os ônibus da zona leste são uma frota de inoculadores de tétano...
• Coisa que eu não entendo é como São Paulo funciona, apesar de tudo. A ilógica é algo que sempre me surpreende.

Acho que eu vou sentar no chão com uma caixa de giz de cera e desenhar bigodes nas fotos da revista Caras pra ver se meu humor melhora...

• Traga uma xícara de casa e use para tomar café no escritório (ao invés de gastar aquele monte obsceno de copos plásticos)
• Use as canetas até o final (se elas não desaparecerem no meio do caminho, como é costume com as Bics...)
• Telefone ao invés de mandar emails
• Não grite no celular (e nem use o aparelho dentro do elevador, no cinema, teatro e shows)
• Não julgue uma pessoa pelo emprego que ela tem (nem para o bem, nem para o mal)
• Use perfume com parcimônia (muita parcimônia)
• Saiba perder a discussão e não o amigo
• Seja gentil - pergunte se mais alguém quer café quando você for buscar o seu

Algumas dessas dicas, eu peguei aqui.

Outras eu criei para me direcionar.

Mas a idéia é uma só, mesmo - não dá para mudar o planeta inteiro, então vamos mudando aquilo que a gente consegue. Nem que isso signifique não emprestar as Bics para elas não sumirem.

Lembre-se: se tudo der errado, comece a cantar!

(os links levam aos vídeos no YouTube)

Nos meus fones de ouvido esta semana:

Amy Winehouse - Rehab - você ouve sem ver a imagem e acha que está diante de uma daquelas Divas com letra maiúscula dos anos 1960 - as problemáticas, bêbadas, com mão-podre para namorados. Aí você vê o clipe e descobre que ela, apesar de inglesa, branquela e cheia de tatuagens, é a Diva acima descrita. Logo, funciona.

Serge Gainsbourg - Le Poinçonneur des Lilas - "lilas" sendo aqui os bilhetes de metrô; longa e engraçada história, a da letra - merece um post só para ela, watch this space. Sobre o vídeo: Serge no começo de carreira (começo dos anos 1960), mais feio do que de costume - se é que tal coisa é possível. Reparem nas sobrancelhas...

Bénabar - Je suis de celles - o vídeo é da apresentação dele no Victoires de La Musique (o "Grammy" francófono) deste ano, onde ele concorreu ao prêmio de melhor disco e melhor cantor. Ando ouvindo essa canção direto por causa da letra, a história de uma 'moça fácil' que vira o jogo. Vale a pena.

The Who - Long Live Rock - vídeo de um fã para a música que seria o tema da futura ópera-rock do bando, não fosse Pete ter mudado de idéia e composto o "Quadrophenia". O problema de ouvir essa música na rua é que dá vontade de sair dançando. Imaginem, pois, a situação.

Escuta, dear, o negócio é mais ou menos o seguinte.

Estou com sono e cansaço, porque meu feriado não foi lá grande coisa. Estou presa numa sala que um monte de gente na mesma situação; tenho um monte de reunião marcada para a semana que entra, um monte de compromissos, um monte de contas para pagar (e justo neste mês me abocanharam um outro pedaço do salário a título de sei-lá-eu-qual contribuição ao governo – mais essa agora) e um monte, mas um monte MESMO, de coisas chatas para fazer na semana.

Eu tenho motivo para estar de péssimo humor. Portanto, não me peça para ser mais cordial.

Eu vou ser mais cordial se você parar de me encher a paciência! Estamos combinadas?

Manias: rascunhos de textos em cadernos brochura, desses de escola primária - tenho um estoque para emergências // roer as unhas // imaginar clipes para minhas canções favoritas //fazer anotações com giz de cera // ler revistas na banca e nunca comprar // cantar junto na loja quando toca uma música legal // sempre trabalhar com três ou quatro (ou cinco ou seis...) janelas do Explorer ao mesmo tempo.

Weird Al Yankovic, "Eat It" - paródia de "Beat It", de Michael Jackson.

Esse vídeo estava entre os clipes de uma legendária coleção que meu pai gravou em VHS, nos primórdios do aparelho, junto com um especial sinfônico dos Beatles, uns clipes do Paul McCartney do mesmo período ("Tug of War", "Say Say Say" etc) e outros. Para mim, além do valor cômico, tem um valor sentimental grande. E ainda me faz rir. MUITO.

Weird Al, além de um letrista muito bom, costuma ser detalhista com os cenários dos clipes. Para efeito de comparação, eis o vídeo original, daquele que um dia foi rei:

Soube do que aconteceu nos aeroportos?

Pois é. Meu pai estava lá no meio. Com palestra marcada em Foz do Iguaçu, nem chegou a entrar no aeroporto de Congonhas (conhecido pelos pilotos como "paliteiro" por causa dos prédios em volta) - teve que dar meia volta no estacionamento.

Adeus palestra, adeus dinheiro da palestra... Dos casos relatados nesse fim de semana de maluco, certamente o menos grave. E assim caminha o que nos resta de humanidade...