Sagitarius Inc.

09:48 Posted In 1 Comment »
(este e outros geradores aqui)


Dezembro é um mês de festa constante em casa - são quatro aniversários, além das comemorações de Natal e Ano Novo: meus pais, minha irmã e meu primo mais velho são orgulhosamente sagitarianos. Para quem acredita em horóscopo, uma mistura boa. Para quem não acredita, tudo bem - garanto que são todos buona gente, independente da posição do Sol no dia em que vieram para o mundo.

O importante disso tudo é que amanhã começa a temporada de festa na Mooca: bolo de aniversário, vinho, sanduíche de metro, almoço com todo mundo reunido, essas coisas todas. Fazemos tanto barulho que os vizinhos nem reclamam mais.

Dá problema para escolher os presentes (com o Natal na esquina e tudo isso), mas tudo bem. Vale a pena. Os sagitarianos mooquenses merecem.

Confidencial: sobre a conversa do jantar de ontem

11:52 0 Comments »

Si je dois tomber de haut
Que ma chute soit lente
Je n'ai trouvé de repos
Que dans l'indifférence
Pourtant, je voudrais retrouver l'innocence
Mais rien n'a de sens, et rien ne va



Perdoe-me se eu acredito; perdoe-me mais ainda por odiar. Mas quando eu lhe ouço falar das mazelas dessa pátria-amada e nada gentil, quanto mais penso nisso, mais me bate o desencanto (ia dizer desespero, mas quem é que se desespera pela situação dos outros hoje em dia?). E aí aquela música me surge nas orelhas - nada mais tem sentido, nada mais presta.

Perdoe-me por ser de uma outra génération désenchantée; perdoe-me mais ainda por me afogar na indiferença de quando em vez. Perdoe-me se o mundo me parece assustador demais.

Livre Docente

14:29 0 Comments »
Meu pai, 59 anos, três semanas e dois dias (60 anos no fim de semana), médico, professor doutor em Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental, torcedor roxo do Sport Club Corinthians Paulista, entusiasta do tênis, dos filmes de James Bond e de ficção científica, o sujeito que mais ama a ordem no mundo.

Agora ele é livre docente pela Escola Paulista de Medicina.

E eu não poderia estar mais orgulhosa dele.

Consciência do Medo

10:19 Posted In 0 Comments »
Eventos que se aproximam, documentos que desaparecem em alguma fenda temporal ou buraco negro, tensão generalizada no ar. Natal se aproximando definitivamente - os bancos na Avenida Paulista já estão quase todos decorados, a venda de panetone nas padarias não surpreende mais. E ainda por cima é segunda-feira, o que não ajuda em nada o meu humor.

Claro que eu tenho medo de não dar conta. De me irritar por nada, de ter feito uma grande bobagem, de não me lembrar, de não me esquecer. Eu morro de medo de um monte de coisa inútil, uma infinidade de bobagens que não me deveriam dar medo, que eu já devia saber que não mordem nem mata.

E é essa minha consciência do medo que me força a andar. A gente é o que a gente deseja ser, no fim de todas as coisas. Parece conversa de auto-ajuda, mas é só a constatação de alguém que está se forçando a andar apesar da segunda-feira-dos-infernos - que quer acreditar que tem alguma coisa para além desse dia e de suas complicações.

Doce elogio

11:57 2 Comments »

Minha madrinha de casamento, grande amiga e companheira de escrita há muitocentos anos, mandou uma frase sem aviso que me alegrou para o resto do dia: "Considere um elogio sincero - eu acho que você tem o corpo da Nigella".

Que vem a ser a moça aí do lado, cozinheira de primeira linha e dona de curvas de respeito.

Só posso dizer que ser comparada com um mulherão desses é um baita dum lifting pro ego, às vezes tão injustamente detonado por não caber numa calça 38...

O som e o celular

13:59 1 Comment »
Desgosto tanto do meu telefone celular que o apelidei "coleira". O aparelho não tira fotos nem toca MP3 - a única coisa de diferente, por assim dizer, é que quando me liga o Alquimista começa a tocar "Good Vibrations", dos Beach Boys. E quando liga alguém da minha família, toca o tema d'"O Poderoso Chefão" (ei, ser de família ítalo-brasileira não é só comer macarrão e usar canottiera no frio).

Assim como as coleções de discos, os sons de celular denunciam a personalidade da pessoa. Eu tinha um chefe que instalou o tema de Darth Vader no telefone, para quando ligasse a sogra. Nem preciso dizer a confusão quando a esposa ficou sabendo. O office-boy do escritório colocou o pagode da banda onde ele toca. Uma amiga instalou o som do berro do filho de cinco anos - como ela vive perdendo o celular na bolsa, nada do que um grito para achar mais depressa. O problema é a cara de susto das pessoas em volta, quando o telefone toca dentro do ônibus...

Toques engraçadinhos, hits do momento, o tema do Plantão da TV Globo (que já me fez pular na cadeira umas trocentas vezes - viva o reflexo condicionado)... Parece que, se faz barulho, está valendo. Limites, só mesmo o da paciência alheia.

O que, em se considerando a raça humana, explica porque tem tanta gente que odeia telefone celular.

100 Dias

18:14 1 Comment »
"(...) Le monde a tellement de regrets
Tellement de choses qu'on promet
Une seule pour laquelle je suis fait
Je t'aimais, je t'aime et je t'aimerai."

Dilemas de todo escritor

23:06 0 Comments »
Um site com cartuns rindo da vida dos escritores e a busca do Grande Romance, entre outros problemas profissionais. Bem que eu estava precisando disso!

(será que meu plano de saúde cobre a operação acima?)

Retomando o ritmo

09:31 0 Comments »
Chuva torrencial, cinema (A noiva perfeita - ou Prête-moi ta main, o título original que eu prefiro. De morrer de rir), bicicleta dupla no parque, mais cinema (Morte no funeral - não é tão engraçado quanto me disseram), amigos vindo em casa, passear na rua tomando sorvete, bobagens na televisão, passeios na Liberdade.

E aí eu tive que acordar para ir trabalhar, porque eu não tiro o feriado de amanhã. Hunf!

Precisa-se

10:22 1 Comment »

  • Uma sacola de feira - porque não tenho mais espaços para sacos de supermercado no apartamento. Se for xadrez, como uma que minha mãe tinha nos anos 1980, melhor ainda.

  • Alguém para conversar em francês - porque estou perdida com o uso do subjonctif e do condicional e ninguém na minha classe agüenta minha tagarelice. E estudar com os livros pode ser bom, mas não é a mesma coisa que bater papo.

  • Um pouco de sol nos meus dias livres, não nos dias que eu trabalho.

  • Uma notícia dizendo que comer bolo de chocolate e cheesecake emagrece.

  • Um Moleskine. Ei, o Natal está chegando! (e é bem coisa minha pedir um caderno de presente...)

Lest we forget

12:50 3 Comments »

Os britânicos (e os demais habitantes da Commonwealth) usam papoulas vermelhas na lapela nesta semana, celebrando o Dia do Armistício, 11 de novembro, quando terminou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. A flor é símbolo dos veteranos e dos que morreram em batalha, não só no conflito de 1914-1918, mas nas guerras seguintes.

Por que papoulas, exatamente? Porque nos campos de batalha do front ocidental, regados de sangue e de gases venenosos por causa das batalhas, brotaram milhões de flores após o fim do conflito - uma imagem poética que esconde anos de horror.

No dia 11, às 11 horas em ponto, a Grã-Bretanha pára. Literalmente - ninguém se mexe nas lojas, os ônibus estacionam aonde estiverem, pessoas na rua silenciam. E durante dois minutos, o silêncio reina absoluto. É um golpe para quem veio de um país onde "minuto de silêncio" é a coisa mais esculhambada que existe - e que não tem a cultura de lembrar-se de nada, quanto mais de guerras.

Quando penso nas papoulas nas lapelas de gente da minha idade (que talvez tenham um bisavô veterano, em algum porta-retrato perdido por aí), eu só consigo me lembrar de um poema do Siegfried Sassoon, britânico apesar do prenome alemão. Chamado Aftermath, o narrador pede no fim: "Have you forgotten yet?... /Look up, and swear by the green of the spring that you'll never forget."

E eu penso com meus botões: isso é o mínimo que podemos fazer.

Mondo Mistral: O homem que cantava no ônibus

11:34 0 Comments »
E até que ele era bem afinado. A platéia é que não era das melhores: os viajantes mortos de sono dentro do ônibus, oito horas da manhã. Gente que queria era estar na cama, mas se arrastava para ir trabalhar e estudar.

E tudo o que essa gente não quer é ouvir um fulano cantando, ainda que baixinho e ainda que afinado, na última cadeira do coletivo.

Não chegava a ser irritante, como o pedreiro que discursava num tom de voz alto demais para um ônibus, dois dias antes (ele estava em teoria conversando com outros, mas como os colegas não respondiam, virou um monólogo). Não era como as madames que falam no celular e nos obrigam (porque não dá para mandá-la desligar o aparelho!) a escutar seu dia-a-dia detalhado e entediante. O cara só estava cantando para si mesmo.

E isso irritou todo mundo no ônibus. Ninguém mandou ele ficar quieto, mas dava para perceber os passageiros se virando, achando estranho, fazendo caretas. Estranhando que alguém quisesse cantar numa hora daquelas, num lugar daqueles, para uma platéia tão mal humorada e estressada que só queria um pouco de silêncio, numa cidade que nega até isso aos seus.

30

08:24 2 Comments »

Feliz aniversário, meu querido alquimista!

(e nada de sair cantando À tout ce strass, à tout ce stress / Bye bye ma jeunesse...! :P)

Vícios Confessos: Liniers

12:53 Posted In 0 Comments »


E a história de como ele assistiu a volta do Soda Stereo (que é grande demais para colocar aqui).
Liniers, desenhista argentino. Todos os dias no La Nacion ou pelo blog AutoLiniers.
Nada mais a acrescentar.

Da arte da auto-promoção

10:54 0 Comments »
Não trabalho com Publicidade diretamente - conheço publicitários, algumas agências, profissionais da área que trabalham com o escritório. Por isso, sou vítima indireta das campanhas para o Prêmio Caboré.

Que vem a ser, antes que você pergunte, um prêmio importantíssimo do setor, em que os melhores do ano são escolhidos pelos assinantes do jornal Meio & Mensagem. O voto popular (por assim dizer) explica a necessidade de agências e publicitários precisarem fazer campanha pesada para serem lembrados.

E quando um publicitário tem que vender ele mesmo, o céu e a paciência do público são os limites. Há de tudo: cartazes de página inteira, emails, cartazes, chocolates com slogan nos escritórios. O Márcio Garcia foi chamado para vender o candidato da Rede Record este ano. Até outdoor já vi ser usado - OK, bem na frente do cemitério do Araçá, mas valeu a intenção.

O diabo é que, pelo menos aos meus olhos destreinados, os anúncios (com memoráveis exceções) são todos muito parecidos: listam os clientes da agência ou do publicitário, os méritos e qualidades, e terminam com a assinatura "Vote Fulano para o Prêmio Caboré". Se eu tivesse que votar, limaria automaticamente qualquer anúncio desse tipo.

Afinal, vota-se para os mais criativos ou não?!

***

Para quem curte Publicidade, recomendo o Brainstorm #9 . Eu acesso desde o tempo em que o Carlos Merigo (o autor) escrevia no Blogspot e não era vegetariano, mas nunca tive a oportunidade de recomendar o site. Taí a chance de ouro, então!

Oh, the rainy days

16:56 Posted In 0 Comments »
Da janela do meu escritório, uma clara divisão: metade da vista com grossas nuvens de chuva, outra metade com céu dourado e nuvens brancas. Se eu soubesse tirar fotos (e tivesse uma câmera aqui), daria uma imagem daquelas lindas.

Um, dois, três, quatro! (parte II)

17:58 0 Comments »
Dois meses menos um dia após o primeiro post, uma avaliação do meu estado físico com os exercícios: um número a menos de roupa, uma redução sincera das dores de tendinite (porque quando todos os músculos doem, quem vai notar a tendinite?), respirando um pouco melhor. Fora descobrir que esteira e pesos servem como exorcismo, se o dia de trabalho foi ruim.

O sedentarismo continua saudoso e cultivado nas horas vagas. O problema é que ainda por cima consegui um excelente complexo de culpa quando cabulo a aula. Só me faltava mais essa!

Redação: Aos meus mortos

12:52 Posted In 3 Comments »
Passei o feriado pensando no que escrever. Não me acerto com a data, no sentido de que não preciso de um dia especial para lembrar dos que partiram. Fico meio (muito) cabreira com o trânsito na porta do cemitério, com o preço das flores, com o bando de gente perguntando se pode limpar o túmulo.

E no entanto preciso escrever. Justamente porque a data me azucrina tanto. E quando algo me incomoda, eu escrevo (logo nota-se que eu vivo sentada numa almofada de alfinetes, pelo tanto que me meto a datilografar!).

Penso nos meus mortos à minha maneira. Eles estão por perto em ações simples, herdadas. Eu sou produto de duas guerras mundiais e de uma onda de fome no continente de onde vieram os meus. Quando eu falo, quando eu ando, quando eu tenho que colocar meus óculos para ler a tela do computador, eu sou um reflexo deles. Assim como os que virão depois de mim serão reflexo meu.

Não se trata de DNA, posto que muitos dos que eu velo no meu silêncio não partilham meu sangue. Trata-se de convivência, influência, até mesmo amor. Lembro deles num gesto, num gosto. E rio quando alguém lembra de mim desta forma.

Passei a compreender melhor a idéia da morte no começo da adolescência, num dia em que via na TV um filme de guerra. Faz sentido ter uma iluminação vendo um G.I. que atira num soldado alemão? E é para mim que você pergunta?, mas o fato foi que assim me caiu a ficha. O soldado não nasceu de um repolho (que a lenda da cegonha é mais latina do que tedesca) - teve pais, avós, colegas de escola. E tudo isso para, aos vinte e poucos, ter que cruzar com o inimigo e morrer com um tiro. E alguém na platéia grita "mas isso não é justo!"

Não é justo, não é decente, mas nem a vida e nem a morte são justas. Elas simplesmente existem e tudo o que fazemos é preencher o tempo entre as duas extremidades. Nunca vai dar tempo de fazer tudo o que a gente quer, porque somos um eterno work in progress.

Por isso, não adianta ter medo da morte. Ela existe e vai acontecer, quer você queira, quer não. Por isso, faça o que puder. Deixe seus reflexos nos outros. No fim das contas, não resta muita coisa senão lembranças. E elas duram mais do que qualquer flor que você possa levar no cemitério, eu garanto.

(Ma li manco mólto, nonno... Mi domando se vedete i fiori che hanno dato voi!)

Aos que escrevem

13:39 1 Comment »
Um artigo muito interessante sobre o medo de escrever (e porque insistir mesmo quando parece que o mundo vai desabar).