Contabilidade Natalina 2008

08:38 1 Comment »
Panetones: nenhum. Aqui isso é uma novidade, ainda. Compensei com mince pies, um monte.

Canções mata-renas: Uma - e nem foi a Simone. Descobri, da pior maneira possível, que Celine Dion também gravou "Happy Xmas (War is Over)"...

Rádio-leituras: a BBC Radio 4 está lendo o "Christmas Carol" de Charles Dickens, um capítulo por noite, no programa apropriadamente chamado "Book at Bedtime". Taí uma coisa que eu vou sentir falta no Brasil: rádio decente para ouvir e pensar sobre.

Cartões enviados: trinta e oito na última contagem. Na esperança que todos cheguem inteiros e em tempo...

E com isso estão declaradas as férias costumeiras do blog. Retorno em janeiro. Feliz Natal e que 2009 nos seja um ano leve!

Chegadas, partidas e o tempo entre uma coisa e outra

12:30 1 Comment »
O lado bom de ter uma vida de cigana é que você conhece um bocado de gente nova.

O lado ruim é quando você tem que ir embora e precisa dar tchau para esse bocado de gente.

Fotos, emails trocados, cartões de Natal, despedidas mil. Nunca é fácil, nunca é divertido. Mas é preciso.

E não chorar na frente dos outros é uma arte que eu, infelizmente, tive que aprender.

Níveis de frio

16:42 0 Comments »
Frio o suficiente para colocar uma camiseta de mangas compridas.
A camiseta e uma jaqueta.
A camiseta e um blusão fechado.
Uma camiseta por baixo, uma por cima (ambas de manga comprida) e o blusão.
Uma camiseta por baixo, uma por cima (com gola olímpica) e o blusão.
Duas camisetas, um blusão e um casaco. E meias quentes.
Duas camisetas, um blusão, um casaco e o cachecol. E as meias.
Duas camisetas, um blusão, um casaco, o cachecol e um chapéu. E dois pares de meia.
Duas camisetas, um blusão, um casaco, o cachecol, um chapéu e as luvas.
Tudo isso e um casaco bem pesado, além de roupa térmica por baixo de tudo e meias de lã.

E mesmo com tudo isso, como é possível que eu ainda sinta frio, caramba?!

16:39 1 Comment »
Devia ser ilegal o sofrimento das pessoas que a gente ama. Devia mesmo.

Mondo Mistral: Natal, modo de usar

08:47 Posted In 1 Comment »
  • Os sábados estão impraticáveis nesta ilha, ou pelo menos no espaço onde estou: tem gente saindo e entrando em tudo que é loja, carregando os pacotes de Natal. E com esse monte de gente aparece meu inimigo público número um: as mães ao celular, carregando milhares de sacolas e empurrando carrinhos de bebê que sempre acertam a minha canela. Fora de brincadeira, mais uma trombada dessas e vai acontecer um incidente diplomático em Norwich.

  • Claro que há muitas coisas divertidas: a banda (afinadíssima) do Exército da Salvação, apresentações de corais, mulled wine (parente do nosso vinho quente de festa junina), as árvores de Natal e os enfeites. Eu gosto dessa época do ano, apesar de toda a confusão. Pode me chamar de iludida que eu não me ofendo (muito).

  • Os correios tem datas-limites diversas para entrega de correspondência e pacotes antes do Natal, dependendo da região ou do país. Como eu mando cartão para um monte de gente em um monte de lugar diferente, apareço no posto da Universidade pelo menos duas vezes por semana com minha pilha de envelopes. Portanto, pessoal, se não chegar nada aí, botem a culpa nos correios, não em mim.

  • Ontem foi a última aula de japonês do semestre. A classe se cotizou para dar uma caixa de chocolates e um cartão para a sensei. Nunca pensei que ia me divertir tanto, palavra. Continuarei no semestre que vem, com certeza. Rumo aos mangás não-traduzidos!

E pois me mando, que tem pão no fôrno e não está chovendo (ainda) lá fora. Toca aproveitar!

Tudo ao mesmo tempo e justo agora

16:18 1 Comment »
Resolver pepinos variados nos correios, com o provedor de internet, com o pessoal da água, luz, gás e telefone, com o oftamologista e também com o centro médico, arrumar pacotes, despachar pacotes, ir nas festas de despedida dos amigos e não ficar desesperada com as mesmas músicas de Natal em todas os recintos comerciais da cidade (bom, vá lá, ao menos não tem o mata-renas da Simone).

E a noite chega cada vez mais cedo na cidade.

O que explica um tanto do meu silêncio no momento.

A história do vidro de tinta viajante

10:05 1 Comment »
Em Paris, numa papelaria: vidros de tinta J.Herbin na prateleira a um preço decente.

Da prateleira para a mochila foi dois tempos. Os dois vidros foram, de Paris até Norwich, acomodados no meio da sacola de roupa suja (se quebrasse, ia ficar com um saco inteiro de roupas cor verde-folha ou azul-escuro. Mas valia o risco).

Chegando em casa, surpresa chata: um dos frascos veio estragado. E antes que você me pergunte como é que tinta de caneta estraga, explico: a dita veio tão aguada que não deixava nem rastro no papel.

Voltar para trocar na loja seria adorável, porém impossível. Que fazer? Jogar fora o vidro? Apesar de escaldada com o sistema de empurra-empurra das fábricas brasileiras, tomei coragem e escrevi para a J. Herbin explicando o ocorrido e perguntando se eu poderia, de repente, se não fosse complicado ou incômodo ou custoso, trocar a tinta direto com eles.

Pois bem. Eles escreveram de volta pedindo que eu mandasse o vidro defeituoso de volta para a França para que eles pudessem analisar o que houve. "Mandaremos um vidro novo para a senhora sem nenhum custo", escreveram. E lá se foi o vidro, via correio.

Hoje chegou um pacote da França: dois vidros de tinta novos em folha, na falta de um só - o que me deixou muito feliz da vida.

Eu sei que isso é um procedimento normal - ou pelo menos deveria. Como calha de acontecer poucas vezes de uma empresa respeitar um cliente desse jeito, achei melhor registrar o ocorrido...Vai que de repente alguém se inspira!

Mondo Natal: por causa do Natal

15:01 Posted In 0 Comments »
  • O país está em recessão. Ou seja: todo mundo dando desconto para tudo, porque senão os produtos mofam na prateleira. O resultado: parece que o condado inteiro (e os condados vizinhos) vieram para a cidade hoje. Mas comprar que é bom mesmo...

  • Temos (finalmente) uma árvore de Natal em casa. Trinta orgulhosos centímetros em um tom de verde quase radioativo, com enfeites de madeira e origamis para completar. Bem a cara desta humilde caixa-de-sapatos.

  • Está anoitecendo cada vez mais cedo e amanhecendo cada vez mais tarde. A falta de sol faz o povo ficar mais cansado, mais desanimado. O recolhimento do Natal faz mais sentido no frio. A idéia toda de Natal faz mais sentido no frio. Precisaríamos reinventar o Natal no Brasil, decididamente.

  • Se bem que tanta coisa a reinventar por lá que seria mais fácil fechar o país e começar de novo. E mais não falo para não me desanimar.

Santa Catarina - ainda

06:30 1 Comment »
O que me mais me irrita é não poder fazer nada a partir daqui. Nem telefonar para minha madrinha - porque ela ainda está incomunicável (Blumenal ainda está meio sem telefone). É de dar nos nervos. Mas quem lê do Brasil pode fazer algumas coisas:

1. Se você é de SC e está em condições legais de saúde, vá doar sangue. Entre em contato com o HEMOSC da sua área. O telefone do centro de coleta de sangue em Floripa é (48) 32519712 – e eles atendem das 7:15 da matina até 18:30.

2. Se você está longe de SC, mande dinheiro (info via Idelber). Doações podem ser feitas nas seguintes contas do Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ 04.426.883/0001-57:

Banco do Brasil - Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7
Besc - Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.
Bradesco - Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1

Para informações locais, vale ler o Diarinho na Chuva (blog de emergência do infame jornal Diarinho de Balneário Camboriú) e o coletivo Alles Blau diretamente de Blumenal. Allez Hop, tropa, ver o que dá para fazer!

A distância entre nós

09:27 2 Comments »
Dias sem notícias da madrinha de casamento, mando um email bobinho perguntando o que houve.

Ela me avisou de que estava literalmente ilhada - ou seja, cercada de água de enchente para todos os lados, esperando na casa de amigos a hora para poder retornar ao lar

E meu email bobinho ficou ainda mais bobinho e fútil diante disso. Os jornais daqui não noticiaram a situação e eu tive que ir caçar o que aconteceu - caramba, que desgraça!

Não posso fazer nada estando aqui. Não poderia fazê-lo se estivesse em São Paulo, também, mas isso não resolve minha preocupação. Ela e a família estão bem, a casa escapou. Mas tem um bocado de gente em Santa Catarina que não teve a mesma sorte.

Dada a distância entre nós, só me resta rezar. Não tenho outra saída no momento.

Mondo Mistral: dia nevado

17:19 Posted In 2 Comments »
Nevou o dia todo hoje.

Até hoje não perdi o encanto de ver os flocos caindo do céu ou o cenário branco e quieto de uma manhã com neve a perder de vista. Um cenário de filme.

Mas lidar com o cenário não é experiência, digamos, das mais oníricas. Para não dizer que neve vindo no olho com força dói muito, que andar se torna uma aventura e que, digamos, não há roupa térmica que resolva o problema do vento gélido de Norfolk, que entra por todas as frestas possíveis e imagináveis (e até aquelas que você nunca imaginou).

Neve é complicado. Ainda assim não troco nada disso por um dia de verão. Nem um segundo.

Os cavaleiros que dizem Ni-hon

08:31 Posted In 1 Comment »
Devagar e quase sempre, sigo com os estudos de hiragana, paralelo ao curso de japonês na universidade. Já sei seis linhas de fonemas e aprendi a escrever algumas palavras, o que me deixa com o nível de uma criança nipônica de uns quatro anos. Tremenda evolução para uma pessoa que era analfabeta oriental até pouco tempo atrás.

Pelo tanto de trabalho que os hiraganas estão me dando, fico pensando a dor de cabeça que vai ser aprender kanjis. Eu e minha famosa teimosia!... Mas, como sempre, não desisto enquanto não aprender a ler o jornal. E, vá lá, admito que é divertido, apesar de tudo. Tive inclusive a chance de me livrar de um trauma infantil: comprei um caderno de caligrafia pela primeira vez em décadas, sem uma professora desesperada pedir!

Para decorar os símbolos, toca memorizar palavras que os utilizem. Aprendi a linha dos fonemas com "s" porque "sushi" em hiragana se escreve すし (para quem quiser saber, "sakê" se escreve さけ - e os dois itens tem seus kanjis específicos, mas isso mais tarde). Pêssego é moleza: もも (momo). Cachorro é "inu" e gato, "neko". Estação de trem, "eki", cafeteria "kissaten". Os dias da semana eu ainda não decorei, mas terminam todos em "-yôbi".

Quando tudo mais falha, o jeito é apelar para a piada hermética. Por exemplo, para lembrar que som tem o hiragana , eu penso em Monty Python (e os cavaleiros que dizem "Ni!"). Como piada, é nulo. Mas me ajuda um bocado, então está bem por mim.

Os inquilinos da árvore ao lado

12:20 0 Comments »
Agora que as folhas da árvore do pátio cá do prédio caíram de uma vez, descobriu-se que temos inquilinos nos galhos: três ninhos de magpies, passarinho de corpo branco e asas pretas da família dos corvos, todos devidamente ocupados.

Esse passarinho tem fama de roubar coisas brilhantes e coloridas (azuis principalmente - vai entender) para construir seus ninhos. Já vi residências de magpies feitas de plástico de sacola, colher de take away e outros objetos bizarros e leves. Ainda não deu para ver se nossos inquilinos são tradicionalistas. Só deu para perceber que a primavera promete, em termos de densidade populacional de pássaros...!

***

E sim, eu devia estar fazendo a lição de casa do japonês. Minha concentração continua a mesma de sempre, isto é, menos quinze numa escala de zero a dez...

Toi et moi (considerações a respeito de uma foto)

07:43 1 Comment »
O mais bonito dessa última viagem (para além das vitrines bonitas dos grands magasins ou a quantidade absurda de crepes consumidos, tanto quanto as cores de outono no Boulevard Saint-Michel ou aquela vez que a gente se perdeu dentro da livraria e foi se encontrar, por acaso puro, na papelaria ao lado) foi a foto tirada na cabine de photomaton dentro da estação de trem e que está agora me olhando em cima da escrivaninha.

Não é a pose mais bonita e meu cabelo bem que podia estar penteado, mas que se dane. Aquela viagem está estampada ali - em sorrisos espontâneos contra o fundo branco da cabine de fotos para documentos, enquanto o mundo passava apressado para ir ou voltar do trabalho.

Eu não me considero uma pessoa romântica strictu sensu. Não gosto da cor rosa, não me emociono com Cupidos ou com baladas-que-tocam-na-rádio. Mas gosto de encontrar em uma ruga de expressão capturada em uma foto um motivo a mais para confirmar o que eu já sei há quase uma década: lá está meu lar. E para os infernos as disposições em contrário.

Onze horas do dia onze

04:33 1 Comment »

Imagem: Colin Wilkinson

Enquanto não aprendemos, não esquecemos.

San-jû-ichi desu ne?! (Trinta e um?!)

05:42 1 Comment »

Feliz aniversário, Alquimista!
Espero que você goste dos presentes :)

Eleições

19:27 0 Comments »
Eu estava aqui na Anglia quando George W. Bush enfrentou John Kerry nas eleições norte-americanas. Uma das minhas colegas de prédio (o saudoso Dióxido de Carbono, no campus da UEA), originária do Maine, votou pelo absentee ballot - em Kerry, lembro bem.

Fui dormir e no dia seguinte meu hiperativo vizinho do fundo do corredor, o Suíço Cabeludo, me informou que W. Bush tinha ganho a eleição. E ele, que de americano não tinha nada, estava enfurecido.

Nisso passaram-se quatro anos, duas guerras, uma crise financeira e outras coisas mais ou menos importantes. Cá estou de novo, desta vez longe das residências estudantis, acompanhando a eleição de longe.

Vai ter noitada no pub da universidade e na Escola de Estudos Americanos (com chá e biscoitos para todos) até três, quatro da matina, como em 2004 (e como em outras eleições, segundo me informaram). Eu, porém, acompanharei tudo aqui de casa mesmo, pijamão e Havaianas. Só para ver o que é que vai dar.

Redação: Era uma vez Interlagos

12:42 2 Comments »
Era uma vez - porque essas histórias sempre começam assim - um Grande Prêmio.

Primeiro era no Rio e tinha um francês de nariz engraçado que ganhava sempre.

Depois em São Paulo, onde quase sempre chovia e sempre, sempre tinha algum problema.

Placas publicitárias que voam, carros que rodam e chuva, chuva, muita chuva. Tanto que para um amigo inglês eu disse que Interlagos era um termo que significava lugar do dilúvio. Um lugar impossível onde até o Fisichella é capaz de ganhar uma corrida.

E hoje, mais uma corrida.

Longe dos amigos, dos sandubas de metro e do amendoim pra jogar na TV a cada comentário tonto do Galvão Bueno (haja amendoim). O título é dois terços do piloto inglês. O problema é que o piloto inglês está correndo na terra do piloto brasileiro e a torcida, se não pode influenciar diretamente no resultado, faz barulho o suficiente para que o um terço de título restante se torne bem difícil de alcançar.

Não existe força na Terra que me tire da frente do rádio e do computador hoje. Felipe Massa pode não ser meu piloto preferido, mas pro diabo com as vulgares preferências: é o GP Brasil e brasileiro com chance de título, infelizmente, não existem às centenas.

Assim sendo, vam'bora. E que as placas publicitárias fiquem no lugar e que o maluco do Coulthard não acerte ninguém.


Atualizado depois da corrida:

Basicamente, se eu não morri do coração hoje, não morro nunca mais. E pro inferno com esse tal de Timo Glock!

Minha irmã, a médica

09:39 3 Comments »
Dizem que eu abri o berreiro, morta de ciúmes, quando ela nasceu. Eu não posso confirmar - tinha um ano e meio de idade.

Dividimos o quarto desde aquele dia até quando eu parti para a Inglaterra e ela partiu para a república. Ela dizia que eu ronco. Eu digo que ela fala quando dorme. Ela reclamava que eu lia na cama e deixava a luz acesa. E ela, que queria assistir TV quando eu estava dormindo?

Ela é metódica. Tem uma caligrafia perfeita. É organizada. Tem cabelo escuro e olhos castanhos. O meu oposto completo. Claro que isso deu problemas - mas também trouxe um equilíbrio estranho para o lar.

Eu penso, ela executa. Eu faço discurso, ela faz careta. Ela se mobiliza, eu vou tocando o barco. Ela é habilidosa, já foi boa desenhista, pintora e bordadeira. Pergunte se eu sei fazer alguma dessas coisas.

Ela e o namorado deram um micro-ondas de presente de casamento para mim e o alquimista. Prática como sempre, quando ela visitou o meu apartamento ficou feliz ao ver o presente em uso.

Ela gosta até hoje de ver TV para pegar no sono. E continua magrela.

Ela se forma médica hoje.

Eu só vou estar lá em espírito. As coisas são assim mesmo.

Mas é engraçado falar para os outros: "eu tenho uma irmã médica".

Para mim, ela é só a Tereza. Para os outros, de agora em diante, é Doutora Tereza, por favor.

É a minha irmã. Aquela ali. A doutora. Legal, né?

Weather report, esse esporte bretão

18:21 1 Comment »
Mas como assim, neve em outubro?

Pois. Nevou em muitas partes da ilha ontem. Menos na Anglia, óbvio, que as coisas aqui sempre acontecem do avesso (embora as temperaturas já estejam negativas e as poças d'água já tenham começado a congelar).

Não costuma nevar nessa época do ano. Estamos no outono, época de colheita. Em geral, é de fim de dezembro para a frente que se vê os famosos floquinhos de gelo caindo do céu e atrapalhando o trânsito (ingleses se queixam de nevascas, e com certa razão: é divertido ver da janela, mas nem um pouco agradável ter que andar por cima de um cobertor de neve).

Mas, assim como as vendas de produtos natalinos nas lojas, também a neve decidiu se antecipar, fazendo minha vida mais feliz. Aquecimento global be damned, por aqui o negócio é aquecimento de calefação mesmo.

Da importância das notícias

06:03 2 Comments »
Quando liguei para meus pais ontem, o pessoal falou mais da volta do Corinthians à série A do que sobre as eleições. Afinal, já eram favas contadas, como dizem (como aconteceu na eleição passada - em que eu também não votei por estar "ausente do domicílio eleitoral").

Se isso diz alguma coisa sobre o país, não sei. Diz sobre minha casa, o que já é trabalho suficiente para mim.

O Espião que Autografava

15:46 Posted In 3 Comments »
Pessoas na minha frente na fila: pelo menos 141 (eu tinha uma senha com o número 142 - mas todo mundo estava acompanhado de pelo menos uma pessoa, responsável por trazer chá ou guardar lugar na fila). Juntando todo mundo tinha por baixo quinhentas pessoas.

Tempo de espera: noventa minutos.

Um chocolate quente, um scone e uns bombons - o pessoal da livraria, muito gentil, passou com uma lata de doces.

Entrevista para o telejornal local (na verdade foi o alquimista, que estava lendo o livro quando chegou o repórter). Foto para o jornal da região posando com o livro.

E as regras todas - não vai dar para pedir dedicatória, foto posando com ele etc etc etc.

Mas quando se trata de seu 007 favorito de todos os tempos, vale a pena o esforço. Afinal, quais eram as chances de eu poder ver Sir Roger Moore na minha frente outra vez?

O primeiro filme de James Bond que eu vi foi "Live and Let Die".

Coisa do meu pai, que é um 007-fanático. Ele e eu assistimos todos os filmes da série juntos.

Foi ele quem me ensinou a gostar de Roger Moore -
e fico contente de poder ter dito isso
para o Sir 007 em pessoa, mesmo que meio às pressas.

Caligrafia

05:52 Posted In 1 Comment »

Estou aprendendo hiragana
(é um dos alfabetos japoneses).
Por enquanto, só as vogais.
É como entrar no pré-primário
para aprender a escrever.

Uma letra de cada vez
treinada à exaustão
geralmente com uma caligrafia tremida
(como se já não me bastasse
a minha letra corrida normalmente).

Aos pouquinhos, porém,
o código vai se quebrando.
O desenho acima é a letra A -
eu ainda não sei desenhar a curva direito,
mas eu estou aprendendo.

É como ter sete anos de novo
apesar dos vinte e sete na certidão:
começar do zero absoluto
e ali encontrar todo um universo.

Breve resumo de uma semana regida por algo minúsculo, porém perigosíssimo:

04:51 0 Comments »
Fiquei gripada.

É uma onda de gripe que se chama freshers' flu - a gripe dos calouros. Acontece todo ano, quando uma enxurrada de alunos novos chega à universidade, trazendo com eles toda sorte de germes igualmente novos. Isso mais o frio acentuado do outono: coro de espirros e aumento da venda de lenços de papel.

Complicado ensaiar no coro ou assistir aulas ou respirar desse jeito. Mas já passou. De volta para a programação normal.

Contando até dez

05:34 1 Comment »
Os vizinhos, se não tinham certeza de que eu era meio pirada, agora não tem dúvida nenhuma.

Afinal, quem em sã consciência fica recitando como dizer os números de zero a dez em japonês enquanto lava a louça? Aos berros?

Rai, ichi, ni, san, yon, go, roku, nana, hachi, kyû, jû - e de novo, e de novo, até decorar!

Em harmonia (ou bem que tentando)

03:59 3 Comments »
Eu sempre tive pavor de cantar em público.

O que é estranho, se você for ver. Sempre fui a primeira a ir falar para a classe toda, fiz parte de grupo de teatro, a tagarelar com estranhos para coisas ainda mais estranhas (jornalismo, basicamente). Mas cantar? Nem ferrando. Quem me conhece sabe que eu sou o tipo de gente que canta de costas no karaokê - isso se é que consegue se convencer a ir lá cantar.

Não sei bem como, fui convencida a participar de um coro na universidade. E como não fui expulsa por quebrar vidros com minha voz durante os ensaios, fui ficando.

Ontem foi a primeira apresentação.

Deu tudo certo. Ganhei até elogios. Terça-feira tem mais ensaios - material para a próxima apresentação.

Às vezes ainda sinto vontade de cantar de costas para o público. Mas de pouquinho em pouquinho, eu vou esmigalhando esse medo. Ora, se não vou.

O incrível campeonato de salsichas

13:59 2 Comments »
Feira agrícola no centro da cidade. A faculdade de Agronomia da região (que não é parte da UEA) montou um estande com ovelhas, galinhas e uma vaca premiada, com bezerros de brinde. Produtores de queijo, vinho, vegetais, comida pronta orgânica, todo mundo com sua barraca e sua bandeja de amostras grátis, conversando com a população, vendendo seu peixe.

Mas o que atraiu multidões foi a Batalha das Salsichas.

E isso merece breve explicação: o que os ingleses chamam de sausage é um meio caminho entre uma salsicha e uma lingüiça brasileira. O tamanho da primeira com a variedade de recheios da segunda. E o povo aqui curte muito. Tanto que um dos pratos favoritos da nação é bangers and mash - salsicha com molho de cebola e purê de batata.

E todo açougue que se apresente nessa terra tem que fabricar suas próprias sausages. Daí a natureza da Batalha das Salsichas.

Seis produtores locais participavam de um campeonato que elegeria a melhor salsicha. Os juízes: o público da feira, que podia comer quantas amostras quisesse e, depois de votar, ainda concorreria a um jantar num pub simpático aqui da cidade.

Agora imagine seis barracas com churrasqueiros, chapas funcionando a mil por hora, no meio da praça central, num lindo dia ensolarado. E calculem, pois, a quantidade de gente que apareceu para cumprir com o dever cívico.

(Eu e alquimista, inclusive. E atesto que foi difícil escolher um só vencedor).

Rádio Mistral FM - "La Lettre"

04:14 Posted In 0 Comments »




La Lettre / A Carta
Renan Luce ("Repenti", 2007)

Eu recebi uma carta / faz mais ou menos um mês / entregue por engano / confusão do carteiro / aspergida de perfume / e batom carmim / eu deveria, essa carta, / não tê-la aberto, talvez.

Mas eu, eu sou um homem / que gosta bastante desse tipo de jogo / eu bem que quero que ela me chame / Alphone ou Fred / Que seja como ela quiser

Margaridinhas bonitas / nos topos dos "i"/ cantos decorados / como nas abadias / alguns erros ortográficos / uma ligeira dislexia / e à guisa de assinatura, / "a loirinha sexy"

E eu, eu sou bem um homem / que gosta bastante desse tipo de jogo / não curto muito as freiras / e daí que por ela eu caí de amores

Ela escreveu que no domingo / ela estará na falésia / onde eu a peguei pela cintura / e que na hipótese / em que eu não tenha o tato / de assumir meus atos / ela escolherá o impacto / trinta metros pra baixo

E eu, eu sou bem um homem / que gosta bastante desse tipo de jogo / eu não quero que ela se destrua / porque por ela eu caí de amores

Graças ao carimbo do correio / de uma vila perto da Mancha / eu cheguei bem mais cedo / na manhã do domingo / o lugar estava deserto / era preciso ter paciência / Loiras suicidas / não chegam às centenas

E eu, eu sou bem um homem / que gosta bastante desse tipo de jogo / quero vencer Newton / porque por ela eu caí de amores

Ela olhava para a Mancha / quando eu a reconheci / Eu a puxei pela manga / Minha pequena ingênua / Que não era tanto assim / se você olhasse o perfil / que um pequeno habitante / lhe imprimia abaixo do umbigo

E eu, eu sou bem um homem / que gosta bastante desse tipo de jogo / eu bem quero que ele me chame / "papai"... se ele quiser / Se ele quiser!

***

Faz tempo que eu não fazia traduções assim. E, tendo descoberto a música de Renan Luce recentemente, achei que era uma boa idéia esticar meus músculos textuais um pouco. O sujeito é da linha da nouvelle chanson, junto com meu ídolo Bénabar (para quem Renan já abriu shows) e Raphaël. E, puxa, o som é bom!

Dôzo yoroshiku!

16:25 Posted In 3 Comments »
Primeira aula do curso de japonês. Idioma que eu sempre quis aprender e nunca tive dinheiro/oportunidade/tempo.

Comigo, vinte pessoas - classe lotada. A professora é um amoreco, com rosto de lua cheia, vinda de Nagoya ("a cidade que ninguém visita", segundo ela). Pela primeira vez, não sou a pessoa mais tagarela da sala - isso me animou um bocado. O pessoal está indo sem medo de errar. Até que enfim!

As primeiras palavras são o mais simples: "como você se chama?", "de onde você vem?", essas coisas. Igual em toda classe de idiomas. Só um pouco mais complicado de pronunciar.

Dôzo yoroshiku, literalmente, significa "seja gentil comigo". É usado no sentido de "prazer em conhecê-lo" quando se é apresentado a alguém. A frase, nos dois sentidos, é o que eu falo agora para o novo idioma na minha vida.

Watashi wa Anna desu. Dôzo yoroshiku!

Duas vezes duas rodas

15:39 Posted In 4 Comments »
É engraçado andar de bicicleta com alguém.

Demora um pouco para arrumar a coreografia. Acertar o ritmo para não acertar a canela de quem lidera a fila. Ou o poste logo na frente. Ou o pára-choque do carro ao lado.

Acelerar junto. Frear junto. Desviar da poça, dos pedestres, do buraco em conjunto.

É bom porque dá para dividir as compras. Duas mochilas, uma cestinha, perfeito. Ou quase: pedalar com esse vento e peso extra, haja fôlego (e pernas, principalmente. Ainda bem que no caminho para o supermercado não tem ladeira).

No mais, sim, é divertido andar de bicicleta com alguém. Muito divertido mesmo.

Não sei como dizer isso, mas...

04:57 3 Comments »
...eu entrei para um coral da universidade. Primeiro ensaio ontem. Apresentação em quinze dias para o pessoal da Pastoral Universitária.

E eu nem avisei para eles que eu - teoricamente - não sei cantar. Até agora ninguém parece ter percebido...!

Vantagens e desvantagens de uma bicicleta no outono inglês

04:22 Posted In 1 Comment »
Vantagens
  1. Em dias bonitos, é como estar num quadro.
  2. O vento não está tão forte (ainda).
  3. Pedalar em cima de folhas secas é bem divertido.
Desvantagens
  1. Em dias feios (i.e. chuva), não há humor que agüente.
  2. O vento às vezes derruba um da bicicleta.
  3. Os freios não funcionam tão bem debaixo de chuva ou garoa.
Fora isso, tudo bem.

Depois da visita

17:29 1 Comment »
Eu entrei em casa e estranhei o silêncio e a falta das malas no quarto-escritório.

Espero que vocês tenham uma boa viagem de volta ao Brasil. Tenho certeza que o pessoal está sentindo muito sua falta e que estão bem interessados nas histórias que vocês agora têm para contar.

FAQ, dois anos e pouco depois

05:42 1 Comment »
Quando comecei a escrever aqui, fiz um FAQ inicial sobre quem eu era, o que eu sabia e estava fazendo naquele momento. Algumas coisas mudaram de lá para cá.

Eu sou praticamente francófona e virei francófila, mas não tanto. Em alguns dias, dando tudo certo, começo outro curso para um idioma novo (mais disso depois). Não estou mais noiva - faz um ano e um mês que eu casei. Não moro mais com meus pais na zona leste de SP - moro com um alquimista no leste da Inglaterra.

Aprendi a tricotar. Hoje começo um cardigã. Ainda não sei dirigir. Ainda sonho em comprar um Fusca. O curso de Alemão teve que ser adiado mais um semestre (não tinha vaga). Continuo achando Espanhol um idioma ardido.

Estou me acostumando com maquiagem, mas os saltos altos continuam sendo um pouco tabu e esmaltes só para eventos grandes.

E a música "Mistral Gagnant" ainda me faz chorar.

O problema está no ponto final

13:06 1 Comment »
O caso é o seguinte: eu nado. Ritmo rápido ou nem tanto, com piscina deserta ou cheia de velhinhos/crianças/os dois juntos (depende do horário).

E sempre aumento 50 metros ao tanto que nadei na sessão anterior.

Às vezes é divertido: "OK, vamos lá, mais cinqüenta metros...Coragem..."

Às vezes eu me surpreendo: "Uai? Eu nadei mais cinqüenta metros? E nem percebi!"

Na maioria das vezes, confesso que me desanimo: "O quê? Mais cinqüenta metros?! Mas eu estou praticamente pedindo pro salva-vidas me jogar uma bóia!"

E tem vezes que o tom é, digamos, enfático: "Olha, eu nadei x metros anteontem, eu posso nadar mais cinqüenta metros hoje!... Não posso?"

No fim, ou mal ou bem, mais cinqüenta metros. Não vou para as olimpíadas tão cedo, mas pelo menos os joelhos há muito que não se queixam de meu comportamento...!

Para colar na porta da geladeira

06:26 1 Comment »

Por Keri Smith, que também escreveu um dos livros mais interessantes com exercícios para artistas que eu já li (é meio que voltado para o povo que desenha, mas dá para adaptar para o povo que escreve).

Tenho relido isso com freqüência. Para ver se eu deixo de bobagem e frescura quanto ao começo de um novo livro e trato de começar logo de uma vez. Típico...!

Um dia, um blusão

11:01 3 Comments »
Ganhei um blusão novo, de moletom, com o logotipo novo da UEA nas costas. Típica roupa de estudante recém-chegado, literalmente vestindo a camisa da universidade. E ele, ainda por cima, é vermelho-cereja. Adivinha se eu não virei ponto de referência ambulante no pátio hoje!

O caso é que eu já tinha um blusão da universidade, com o logotipo antigo. O coitadinho já tomou tanta chuva comigo que até desmontou um pouco. Agora, aos olhos dos outros, eu tenho duas identidades: com o moletom velho, eu sou uma ex-aluna zanzando pela escola (o que é verdade). Com o moletom novo, eu sou uma fresher, i.e. caloura, igualmente zanzando por aí (o que também não deixa de ser verdade, por que eu começo minhas aulas dia seis - não é graduação mas e aí?).

Engraçado vai ser quando juntarem as duas figuras numa só. Só queria saber o que iam pensar...

...Remando!

04:36 2 Comments »
Notícias ruins. Bem. Às vezes é caso de se desesperar. Às vezes é preciso se vestir com certa coragem e seguir remando, porque se todo mundo for parar e chorar, o barco afunda.

Digamos que hoje estou mais para a segunda opção do que para a primeira. Tive uma notícia ruim, acontecendo com alguém muito querido. Mas já estou remando de novo, procurando as alternativas, tentando encontrar um ponto de ataque, alguma saída. Prefiro assim.

Se não tem mais jeito, o jeito é continuar andando. Para tudo dá-se um jeito enquanto se está vivo. Então, pessoal, vam'bora: todo mundo remando!

Redação: tricotando um Aconcágua

18:33 Posted In 2 Comments »
Como diria um amigo meu, tem horas que subir uma ladeira pode dar mais trabalho que escalar o Everest.

Desafios vêm em todos os modelos e tamanhos. O que para uma pessoa é trivial, para a outra é algo suficiente para paralisar de medo todos os músculos voluntários (e alguns involuntários).

No meu caso, as palavras artes manuais sempre foram a ladeira-Everest. Acostumei com a idéia que eu era um desastre na área. Eu era o tipo de criança que volta para casa vestindo o pote de guache, cujos desenhos nunca apareciam na exposição de fim de ano (as redações sim, sempre - daí que eu descobri que tinha jeito para escrever). Tentaram me ensinar a bordar, a fazer crochê. Nada. Eu era um desastre e me sentia proporcionalmente como tal.

Fui fazer outras coisas da vida. OK, desenhar ou pintar é coisa que eu sei que não sei. Mas qualquer coisa que envolvesse cola, papel ou agulhas já me botava correndo uma milha, o mais longe possível. Assumi o papel da desastrada-que-não-sabe-pregar-botão. Da pessoa que resmunga que queria tanto saber tricotar, mas que dá nó nos novelos.

O que para muita gente é comum, para mim era um Aconcágua com fosso de crocodilos acoplado.

Bobagem, eu sei, mas vai dizer isso para a minha consciência.

Só que uma hora eu me cansei de encarar a cordilheira morrendo de medo. Comecei a aprender tudo de novo, como se fosse uma criança de oito anos. Sem professora de artes aloprando a paciência. Sem nota no fim do bimestre. Simplesmente fazendo porque sim, porque é possível.

Origamis. Enfeites de Natal. Pregar botões. Fazer barras de calças.

Errando muito. Acertando algumas vezes. Empatando o meio de campo quase sempre.

Finalmente, a parte final da jornada: tricotar algo que não fosse um cachecol.

Hoje terminei um colete. E, tipo, serviu. Mesmo. Sério. Os braços passam nos buracos correspondentes, a gola ficou com cara de gola. Ficou bonito. Bonito!

Cá estou eu, no topo da minha montanha imaginária, acenando a bandeirinha, esperando para escalar a próxima ladeira impossível-até-aqui. Não sei qual vai ser (fazer um suéter? fazer bordados?), mas digamos que agora não tem quem me segure.

Agora que eu sei que o Everest é só uma ladeira, fica tudo bem mais divertido.

Para se ter em mente

09:25 0 Comments »

Do sempre genial Indexed.
"Só sei que nada sei" está meio que se transformando no meu grito de guerra.
Tanta coisa para aprender e tão pouco tempo!

Big Bang Show

06:20 1 Comment »
Para resumir uma longa história, hoje um grupo de cientistas europeus iniciaram um experimento para tentar desvendar a origem do universo. Com direito a um túnel de 27 quilômetros para colisão de partículas, na fronteira entre Suíça e França. Coisa imensa em todos os sentidos.

Eu não entendo grandes coisas de Física, mas estou acompanhando o projeto bem de perto. Também, pudera: a BBC montou programas especiais na Radio 4, cobrindo diretamente de Genebra toda a movimentação do dia. Mandaram para lá um dos melhores repórteres da casa, Andrew Marr. Impossível não entender quando ele explica as coisas.

E ainda hoje, programas explicando a importância do projeto e porque Física não é só para nerds (pode-se julgar isso pela estampa do apresentador, um dos físicos envolvidos no projeto do acelerador, que mais parece membro de uma banda de rock indie). Até uma das series de ficção científica mais legais da emissora - Torchwood - vai ganhar uma edição especial falando sobre o evento.

Além disso, o site BBC News tem um resumo completo das atividades, com direito a FAQ dos internautas e explicação BEM didática sobre cada passo do projeto, sua importância, os atrasos nas obras e todo o resto que é jornalisticamente interessante.

Tá bom ou eles precisam humilhar a gente mais um tiquinho?

Warlord

11:30 1 Comment »


Um pequeno exemplo (é um curta-metragem, afinal) de como inverter clichês simplesmente seguindo-os...

Cometh the season

05:34 0 Comments »
As aulas nas escolas já recomeçaram; na universidade, só no fim do mês. Em teoria, o verão ainda fica mais duas semanas, mas ele já foi embora faz tempo.

As folhas das árvores estão começando a amarelar. As lojas começam a vender papel de presente e cartões de Natal.

Começa a anoitecer mais cedo. A fazer mais frio. E volta a chover dia sim, dia também.

O outono é minha época favorita do ano. Já disse isso alguma vez?

Ars Dolem Ars (Arte, dolorosa Arte)

09:28 2 Comments »
Pergunta que ouvi no café hoje: "Mas é preciso sempre sofrer pela arte?"

Sinceramente?

Sim. Senão não é arte, é hobby.

Veja você: bailarinos criam joanetes e calos que sangram.

Tenistas tem tendinites horríveis nos ombros. Para não falarmos dos fundistas, dos jogadores de vôlei ou dos goleiros, cujas articulações sempre ficam por um fio (ou meio).

Escritores não dormem se não acham a palavra perfeita. E também sofrem horrores com tendinite e vista cansada, ainda por cima.

Para produzir algo que vai além de si mesmo, além do ir-e-vir cotidiano, dói. Ou dói no osso ou dói na alma. Se for fácil demais, tem alguma coisa errada na figura.

Por isso que muita gente se diz artista, mas pouca gente é mesmo artista. Porque ninguém deseja se auto-infligir dor. Mas só quem sabe - aqueles que amam o produto final apesar de tudo - aceita o preço. E se deixa machucar.

Eu bem que queria saber...

12:26 1 Comment »
... por que sempre que eu tenho que sair de casa, a chuva que está ameaçando cair a manhã toda decide vir abaixo com força para assustar até os construtores da Arca de Noé?

E por que basta voltar para casa (obviamente encharcada e sem ter feito nem um terço do que precisava) para a chuva parar imediatamente!

Alucinando

04:19 1 Comment »
Você sabe que o remédio que seu médico passou é meio exagerado quando você acaba sonhando com uma corrida de Fórmula Um em São Paulo - num circuito de rua que passa na Vinte e Três de Maio, à noite e chovendo forte. E você com sua família assistindo do gramado na lateral da avenida.

Pelo menos eu recebi alta. Já estava esperando os próximos episódios.

Fora do ar até segunda ordem

14:11 1 Comment »
De molho por ordens médicas. E de péssimo humor por causa disso.

Volto na semana que vem!

Mera questão de fuso

18:35 3 Comments »
Já acordei no meio da noite para ver corrida de Fórmula Um (para capotar de sono logo depois - pros diabos, que o campeonato sempre terminava na primeira curva de Suzuka e eu sou uma criatura que nasceu para usar pijama). Já dormi em pleno jogo de Copa do Mundo, com os vizinhos soltando fogos. Já fiquei acordada acompanhando resultado de eleição e parente que passou mal no meio da noite. Já dormi várias vezes no emprego, quando entrava no batente às cinco da matina para sair meio-dia.

Logo, por que não iria acordar às cinco da manhã para ver a final olímpica de vôlei? Pelo menos não é acordar de madrugada, como seria se estivesse em São Paulo...

ATUALIZAÇÃO DOMINGO À TARDE: pois bem, acordei (no frio) e vi a partida pela internet. E voltei a dormir, não muito feliz com o resultado. De hoje em diante, juro que só acordo cedo para ver corrida de F1, onde eu torço por mais de um piloto!

Mondo Mistral - Quando você menos espera...

13:56 Posted In 0 Comments »
...Acontecem as coisas mais estranhas.

Tipo a Maurren Maggi ganhar uma medalha de ouro. Ou eu aparecer na BBC (por trinta segundos, transmitidos para o mundo todo) falando do desastre que foi a campanha do futebol masculino em Pequim.

A Maurren Maggi esperou a vida toda por esse momento.

E eu?

Eu idem!

Coisas que fazem com que eu me esconda debaixo do tapete, Vol. 1

10:52 1 Comment »
  • Saber que a Grã-Bretanha, em três dias, ganhou mais medalhas do que o Brasil nas últimas duas Olimpíadas somadas.
  • Saber que apesar de nossas queixas, as confederações esportivas brasileiras continuarão a mesma porqueira de sempre.
  • Saber que os britânicos treinam em seu próprio país, apoiados pelo governo, com dinheiro que vem da loteria.
  • E que eu nado num centro olímpico que é aberto ao público (isso eu não sabia até anteontem!)
  • E que apesar de tudo isso os britânicos ainda reclamam na primeira oportunidade de seus atletas! Ai, se eles soubessem!

Uma meme aos domingos

05:18 0 Comments »
Passada pelo meu alquimista e respondida enquanto acompanho o jogo de vôlei Brasil x Itália pelo computador (só no placar virtual, que o site do Terra decidiu ontem que não vai funcionar fora do Brasil).

Quatro empregos que eu já tive:

1 – Editora de site universitário
2 - Rádio-escuta/tradutora de emissora de TV
3 - Assessora de imprensa
4 - Tradutora de artigos médicos

Quatro filmes que eu assisto sempre que passam:

1 – Moulin Rouge
2 – Mestre dos Mares
3 – Qualquer um com os Beatles
4 – Rocky, Um Lutador (o primeiro e só esse. Pode rir. Não tem problema)

Quatro lugares que eu já morei:

1 – Mooca, São Paulo, Brasil
2 – Cerqueira César, São Paulo, Brasil
3 – Norfolk Terrace, Norwich, Reino Unido
4 – Eaton, Norwich, Reino Unido

Quatro programas de TV que eu gosto*:

1 – Doctor Who
2 – Last Choir Standing
3 – Britain's Got Talent
4 – Panorama

* Considerando a TV daqui. Panorama é um clássico programa de reportagens especiais da BBC (um "Globo Repórter" com mais estofo); Last Choir Standing é uma competição de corais e grupos vocais que passa na BBC1; Britain's Got Talent é um concurso anual de calouros que passa na ITV1. Do Doctor Who eu já falei aqui.

Quatro pessoas que me mandam e-mail regularmente:

1 – Minha mãe
2 – Minha irmã
3 - O diretor do ginásio onde eu nado (pra avisar que a piscina está fechada)
4 – The Times (e seus boletins semanais)

Quatro coisas que você faz todo dia sem falta:

1 - Tomo chá.
2 – Leio o jornal pela internet
3 - Levo o walkman para passear
4 – Leio um livro antes de dormir

Quatro comidas favoritas:

1 - Chocolate Cadbury
2 – Batata frita da barraca do Ronnie, no mercado da cidade
3 – Lasanha
4 – Frango com curry

Quatro lugares onde eu gostaria de estar:

1 - Edimburgo
2 - Bath
3 - Córsega
4 – Aqui mesmo, muito obrigada :)

Da diferença entre eu e uma medalhista olímpica

17:14 Posted In 0 Comments »
A italiana que ganhou medalha de ouro na natação por esses dias nadou 200 metros em um minuto, cnqüenta e quatro segundos e oitenta e dois centésimos (por extenso fica ainda mais sonoro).

Eu nado a mesma distância em exatos nove minutos e vinte e três segundos. Contei hoje, na piscina da universidade. E está melhorando. No começo do semestre eu nadava a mesma distância em dez minutos.

A italiana é uma atleta. A vida dela é a piscina. Eu nado porque senão os joelhos se queixam.

E, de qualquer forma, a italiana medalhista com certeza não tem que dividir a piscina com todas as crianças do curso de natação!

O dia em que tudo muda

06:00 2 Comments »
Hoje saem os resultados do A-Level, o exame nacional não-compulsório que os alunos de 16 a 18 anos fazem ao fim do sixth form (o que seria o colegial). Hoje é dia de decidir de vez para que faculdade seguir em setembro.

Porque aqui é o inverso do que acontece no Brasil: as universidades não fazem vestibular, mas oferecem as vagas aos alunos interessados de acordo (entre outras coisas) com a nota que eles tiraram no A-Level. Quanto mais altas as notas, maior o leque de oportunidades de um estudante.

Por isso, hoje é dia em que muita gente vai começar a fazer as malas para se mudar de casa em setembro, quando começam as aulas (muito raramente os jovens seguem morando com os pais quando entram na faculdade). E o dia em que muita gente vai bater a cabeça na parede e xingar os deuses por ter errado justo aquela questão importantíssima.

Eu já passei por isso. Ainda bem que já passou.

Mondo Mistral - Tudo me interessa

06:04 Posted In 5 Comments »
  • Está caindo o mundo lá fora. Uma chuva fortíssima, completamente fora dos padrões da região. O pátio na frente de casa está alagado, as janelas tremem. E eu ia sair para comprar pão e leite e por enquanto não vou mais - que andar de bicicleta nesse dilúvio é pedir pra tomar tombo.

  • E alguém precisa inventar guarda-chuva para bicicletas. Seria interessante.

  • Fui levantar a minha lista de livros lidos na biblioteca nos últimos seis meses e tive um susto. Pelo visto, a divisa "tudo me interessa" é de fato verídica. Biografia de piloto de Fórmula Um do lado de Shakespeare e Graham Greene, um super livro-reportagem sobre gueixas e guia de como fazer meias em tricô (mais disso depois). No momento, lendo contos japoneses do século XX (mais disso depois, também) e vendo o quanto eu ainda tenho que aprender. Uai, e isso não é bom?

  • Olimpíadas: estou pegando os jogos de segunda mão. E fico fula da vida com as rádios do Brasil - acesso via internet e nunca pego narração ao vivo. Hoje o jogo de vôlei estava pegando fogo e neca de transmissão. Como é que vocês estão acompanhando daí?
E a chuva baixou um pouco. Vejamos se eu chego até o mercado sem precisar nadar no caminho!

365

16:39 0 Comments »

You're asking me will my love grow -
I don't know, I don't know ...
You stick around and it may show;
I don't know, I don't know ...

** ** ***

Une déclaration, ma déclaration
Juste deux ou trois mots d'amour
Pour te parler de nous...

** ** ***

O paradoxo "Made in China"

05:07 1 Comment »
Só penso uma coisa, mas uma coisa mesmo: se alguém cá na ilha decidir fazer um boicote radical aos produtos made-in-China, é capaz de ter que ficar pelado e comendo com as mãos.

Por aqui, os produtos baratos ou são chineses ou indianos. Obviamente feitos em massa, com trabalho semi-escravo (ou escravo por inteiro) e baratos. E é essa a chave do problema.

Boicotar, OK. Os Jogos Olímpicos são o de menos. Quero ver ficar sem computador, sem rádio portátil, sem iPod, sem roupa, sem talheres.

Quem é que quer brincar assim? Você, eu? É moleza falar do Tibete enquanto a gente economiza uns trocados. Deixar de economizar, passar a ver a situação como ela é, eis o passo mais complicado.

Afinal, todo mundo quer ser herói, mas ninguém está realmente a fim de sangrar.

Por isso que eu vou acompanhar os brasileiros em Pequim, sim senhor, e a equipe britânica também. Porque o boicote verdadeiro não está em desligar o ráido, a TV ou a internet. Está nos hábitos que cultivamos e que estarão presentes bem depois que terminarem os jogos.

Do avesso

11:38 2 Comments »
Às vezes calha de eu fazer as coisas do avesso. Comer a sobremesa antes da janta, sair pela porta dos fundos, desaprender a senha do banco (quando eu preciso dela, o que é o avesso do que preciso). Tem hora que é de propósito - porque quero saber o que tem na outra rua ou o que acontece se eu colocar cadarços laranjas no sapato. Tem hora que é porque meu cérebro decide que não quer funcionar.

Não vou dizer que não é divertido. Exceto quando se trata da senha do banco, que meu cérebro do avesso se recusa a lembrar. Vai ser um longo dia...

Sobre os arredores de uma partida de futebol

10:50 Posted In 4 Comments »
Fui ao estádio anteontem - amistoso do time da cidade contra os atuais campeões da taça do "Championship" (leia-se segunda divisão do futebol britânico). Que o time da cidade tenha perdido de 5 X 1 foi o de menos. O mais divertido e surpreendente estava ao redor do campo.

Foram 25 mil pessoas no estádio, casa cheia. E só tinha vinte policiais.

Repito por extenso: vinte e cinco mil torcedores e vinte policiais. Ironicamente, 90% deles na área da torcida visitante. Mas só tinha vinte policiais. Eu contei. Tenho testemunhas.

Entre os ditos torcedores, idosos, crianças (um monte, de idades variadas, todas grudadas na beira do campo para pedir autógrafo aos jogadores - não tem grade ao redor do gramado), gente de cadeira de rodas. Sem drama, sem crise, sem precisar levantar a cadeira por cima da catraca. Famílias inteiras com a nada discreta camisa do Norwich City (amarelo ovo caipira com mangas verde-escuras), senhoras de idade comentando o jogo, tudo na santa paz.

A entrada no estádio é fácil à beça. Os torcedores do time adversário fazem fila para comprar fritas e torta de carne (cardápio clássico de um estádio britânico) junto com o time da casa e ninguém briga. E pode beber cerveja, uai - mas só na cantina; não pode levar pra arquibancada nem entrar no estádio com álcool (comida pode, refrigerante e água também). Se você não se comporta, um policial (ou vários, depende da situação) leva você para fora do estádio. Multa, no mínimo. Prisão e banimento de estádios, no máximo.

O lugar é limpíssimo, lugares marcados no ingresso, assentos cobertos (há de se considerar que chove muito por aqui), restaurante, lanchonete e uma baita loja de suvenir do lado de fora. O jogo teve até programa! Programa, senhoras e senhores, como se a gente tivesse ido na ópera!

Que não venham me dizer que é assim porque é "primeiro mundo" e jogo amistoso. A coisa já foi muito pior. O futebol britânico tinha a pecha de ser o mais violento da Europa e até hoje os hooligans são de meter medo em qualquer um. O que aconteceu foi que os amantes do futebol descobriram que ou eles melhoravam os estádios e o comportamento dos torcedores ou o jogo estava ameaçado para sempre.

Aconteceu o que aconteceu: estádios como o do Norwich City FC são regra, não exceção. E uma paulistana como eu, que morria de medo de ir em qualquer jogo na terra natal (até no pacífico estádio Crespi, ninho do querido Juventus!), já está considerando comprar ingressos para as próximas exibições do time.

Se pelo menos eles não tivessem uma defesa tão mixuruca!...

Lista: Coisas A Aprender

05:47 0 Comments »
  • Um idioma novo (japonês? árabe? quem sabe russo?)
  • Tocar piano decentemente (eu só sei tocar "Norwegian Wood" e ainda por cima mal à beça)
  • Dançar - coisas "de salão", principalmente
  • Fazer outras coisas de tricô além de cachecóis (bom, vá lá - já fiz dois gorros... que só servem para rastafáris. Quem sabe um par de meias?)

Et elle s'en va

07:44 1 Comment »
O chato de uma comunidade universitária é que uma hora o pessoal vai embora. Ontem foi a festa de despedida de uma grande amiga, que arranjou emprego em sua terra natal e parte de vez de Norwich. Teve bebida aos montes, comida típica, música velha nas caixas de som, um monte de colegas, dicussões sobre o sexo dos anjos, a anfitriã dançando salsa e um italiano que deu um nó de marinheiro nos cardaços de uma lituana. Ou seja, uma festa leve para os padrões locais.

O mais chato de uma comunidade universitária é que essa amiga mora na Eslováquia e dificilmente eu vou visitá-la no verão (ou em qualquer outra estação do ano). Se bem que o amanhã nunca se sabe. De repente ela e o namorado decidem conhecer o Brasil ou eu vou conferir se Bratislava é tudo isso que as fotos na porta da geladeira dela mostram. Eu não sei.

Só sei que ela vai me fazer falta. E isso me incomoda muito.

Enquanto isso na TV

12:59 0 Comments »


O desenho animado acima é a apresentação das vinhetas animadas da BBC para os Jogos Olímpicos de Pequim (eu sei que é para escrever Beijing, mas na minha cabeça ainda é Pequim). Criado por Jamie Hewlett and Damon Albarn (i.e. os caras responsáveis pelos Gorillaz), o desenho é baseado numa lenda tradicional chinesa e demorou quatro meses para ficar pronto.

Vocês eu não sei, mas eu estou encantadíssima...!

Mondo Mistral - Fauna

10:45 Posted In 1 Comment »
  • As abelhas aqui são alimentadas com fermento. Ou isso ou o pólen inglês é atômico. Só isso explica o tamanho dos bichos que eu encontro nos jardins daqui, pelo menos do tamanho de um polegar, fora de brincadeira...!
  • Insetos por aqui só existem no verão. Como o verão só dura um mês, mais ou menos, a sensação é que abriram a Caixa de Pandora e tudo que é besouro, aranha e moscas saíram correndo na direção da luz antes que o vento vire. Dá para para assustar.
  • Semana quente, um monte de gente de bermudas e chinelos, rostos vermelhos e pernas brancas (inclusive as minhas!), filas no carrinho de sorvete, planos de ir para a praia. Dura pouco, mas é divertido - justamente porque dura pouco, pelo menos para mim!

Da necessidade de uma padaria para discutir notícias

04:45 1 Comment »
Trocar notícias com os amigos que visitam ou com os parentes que telefonam é a única forma que eu tenho para saber o que acontece do outro lado do mar. Por mais que eu leia os sites de notícias, as manchetes só fazem sentido depois que alguém me traduz.

Não é que eu esteja ficando burra. O que estou ficando é cada dia mais afastada do círculo de discussão. Me falta uma padaria ou uma banca de jornal para ouvir os comentários dos outros sobre o assunto, um lugar onde eu possa interpretar a nota do jornal de maneira compreensível para meus ouvidos.

(se bem que com as notícias que tenho recebido, prefiro mesmo continuar na sábia ignorância dos fatos. É melhor para meu pobre fígado, tão cansado de passar raiva).

Confidencial: aos que partiram no trem das 13 horas

16:18 1 Comment »
Basicamente, caras, vocês vão nos fazer falta. Espero que vocês encontrem Abbey Road (e que se lembrem em qual estação descer) e que a viagem de volta ao Brasil seja tranqüila e cheia de esperanças para outras visitas, no futuro próximo.

Obrigada pelos copos Beatles, pelos biscoitos, pela companhia e pelas risadas. You're very welcome.

Apenas para constar...

14:01 0 Comments »
...que estou com hóspedes em casa e por isso não poderei escrever muito.

E que o meu braço continua roxo-cardeal com laterais vermelho-tomate. Pelo menos não está mais dolorido, só feio...!

Veias fugitivas

16:28 1 Comment »
Doação de sangue. A segunda tentativa este mês. Na primeira, quinze dias atrás, as veias do braço direito decidiram que não queriam colaborar com a causa; voltei para casa com um belo dum hematoma dolorido e fula da vida com o lado de dentro do meu organismo.

Voltei hoje para a enfermaria preparada para tudo: agasalhada (vai que a veia encolheu de frio?), tomando suco, fazendo mais muque que marombeiro em desfile. Na hora H, nada: a veia do braço direito não compareceu de novo. Que raiva!

Quem sabe o braço esquerdo? Juntam-se três enfermeiras para analisar o caso, quer dizer, o braço. Aperta daqui, aperta dali, analisa a distância e a profundidade e - ufa! - tem uma veia! Só faltaram virar a doadora do avesso. O importante é que a doadora não reclamou (muito). O importante é ter enchido a bolsa de sangue.

Ganhei um chaveiro com meu tipo sangüíneo, agradecimentos pela paciência, chá com biscoitos e outro hematoma dolorido (e roxíssimo), desta vez com orgulho e distinção. Viva!

Um Segredo

04:41 0 Comments »
Imagem: Postsecret

Aos 27, eu desejo exatamente a mesma coisa.

Andando na linha

04:27 Posted In 1 Comment »
Para ir até o centro de Norwich depressa de bicicleta, só pegando a avenida do lado de casa, a New Market Road - uma linha reta de três milhas, com um monte de árvores, a rotatória mais confusa da Grã-Bretanha... e um monte, mas um MONTE de ônibus indo e vindo.

Isso porque os vilarejos próximos são ligados à cidade grande por uma rede extensa de transporte público (leia-se busões de todos os tipos, modelos, tamanhos e índices de sujidade); o fim da New Market Road dá para a estrada, uma das portas de entrada de Norwich. Toca então a ciclista iniciante aqui olhara cada dois segundos por trás do ombro para ver se não vem vindo algum coletivo de dois andares na rua.

Quando aparece um, eu grudo no meio-fio, andando a dois por hora. Em geral eles passam e nem encostam - eu não sou, afinal, a única andando de bicicleta por aqui. Mas tem hora em que é preciso mandar leis de trânsito pro inferno e subir na calçada, duas rodas e tudo, costurando para não virar roadkill. É engraçado - quando você lembra da cena dois dias depois.

Até aqui tudo bem, afinal a cidade está meio parada por causa das férias. Quero ver se isso continua quando voltarem as aulas. Melhor achar uma rota sem ônibus - e depressa...!

Mondo Mistral - coisas que andam me encantando

05:17 Posted In 1 Comment »
  • Este set de fotos sobre as geishas de Kioto (Japão) e este documentário da BBC sobre a formação de uma geiko (geisha no dialeto de Kioto); dizem que beleza custa e eis que esse documentário prova!
  • A quantidade absurda, fenomenal, abissal de papoulas e margaridas nos locais mais improváveis da cidade. Qualquer dois milímetros de terra entre as pedras da calçada já é espaço suficiente para nascerem flores.
  • Andar de bicicleta - quando não estou correndo dos ônibus (aqui algumas ciclovias são "gentilmente" divididas com os coletivos), é uma experiência muito interessante, a ser melhor descrita depois.
  • Morangos e cerejas, posto que é época e eles estão em todos os lugares.
  • O sol, quando ele aparece (típico verão inglês: dois dias de sol e três dias de chuva, geralmente sexta, sábado e domingo).

Sobre como suas atitudes te denunciam

12:22 Posted In 1 Comment »
Para resumir uma longa história, comprei uma bicicleta de segunda mão. Fui até o supermercado e estava envolvida no complicadíssimo ritual de prender a magrela no poste do estacionamento quando passou um senhor, igualmente sobre duas rodas.

Ele tranqüilamente deixou sua bicicleta encostada na parede e ficou me observando por uns dois minutos. E do nada ele pergunta:


"Mas por que você está amarrando a bicicleta desse jeito?"

"Porque ela me custou uma grana e não quero que a levem embora", eu respondi, surpresa como se ele tivesse me perguntado por que eu respiro com os pulmões.


O senhor olhou para mim, olhou para a bicicleta, olhou para mim de novo e perguntou delicadamente:


"O que você está estudando na universidade?"


Afinal, na cabeça dele, só mesmo um estudante estrangeiro para prender uma bicicleta de quinze anos de idade no poste com um monte de correntes e trancas. Eu ia explicar de onde eu venho e tal, mas aí já era perda de tempo. Eu só ri e fui fazer as compras.

Uma nação de jardineiros

06:55 0 Comments »
Não adianta negar -- o verdadeiro esporte bretão não é o futebol, nem o críquete, nem o rugby, muito menos a Fórmula Um ou as corridas de cavalo. A competição que mais alegra o povo é... quem tem o jardim mais bem cuidado.

E põe competição nisso. Na minha rua, se um vizinho planta um cacto, semana que vem um outro aparece com uma planta carnívora e assim por diante. Mesmo os bairros mais pobres tem seus jardins com toda sorte de enfeites, flores e parafernália. Eu moro em prédio e não me permitem ter floreiras na janela, de modo que eu quando muito tenho vasinhos de flores na cozinha e ramos de salsinha e coentro em baldes.

Ontem fui com o alquimista passear em uma flora perto de casa. Um monte de coisas para vender, rosas de duzentos tipos e cores, estufas para quintal que parecem ter saído de um filme do Wallace & Gromit. Bom para descansar os olhos. Quando a senhoria não estiver olhando, acho que vou plantar uns pimentões no pátio do prédio. Vai que dá certo!

Esportes de Verão

04:42 1 Comment »
Por aqui, a temporada do futebol é no outono/inverno (setembro a março). No que eles chamam de verão, tem o campeonato de tênis, a corrida de Fórmula Um, as corridas de cavalo, os campeonatos e desafios internacionais de críquete e rugby.

De críquete não entendo quase nada, embora mais de uma boa alma já tenha se esforçado para me explicar. Rugby, entendo um pouco mais, tenho amigos que jogam, mas não curto.

Não sou chegada em tênis, mas acompanho esporadicamente. Meus pais jogavam bastante quando eu era menor, portanto eu sei as regras e tal. E o Aberto de Wimbledom é uma dessas coisas impossíveis de não acompanhar: os obrigatórios uniformes brancos, única quadra de grama do circuito oficial, venda de morango com creme nas arquibancadas, a eterna esperança inglesa se desfazendo nas quartas-de-final (não ganha um tenista britânico desde 1932 entre os homens, 1977 entre as mulheres), a ameaça de chuva, o pessoal sem ingresso assistindo do morro ao lado (com direito a acampamento, faixas e cidra)... Chega até a dar saudade quando termina.

Daqui a pouco tem Silverstone e isso me anima. Mais acampamento, mais "esperança britânica" (será que o Hamilton desencanta?), show de rock no paddock (certo ano teve até o Damon Hill tocando guitarra, o que iniciou a suspeita entre os beatlemaníacos que ele é na verdade filho do George Harrison), mais ameaça de chuva. E sem Galvão Bueno, o que é, pelo menos para mim, vantagem.

E ainda tem as Olimpíadas em agosto. A honrada esportista-de-sofá aqui já está arranjando almofadas novas e estocando biscoitos e chá para as próximas atrações.

Rádio Mistral FM - "Try Again

17:09 Posted In 3 Comments »


Um, dois, três.
Tirar a poeira do corpo e começar mais uma vez...

Mondo Mistral: Os bombons assassinos e a fúria da aduana

04:54 Posted In 4 Comments »
Minha mãe manda pacotes com comida brasileira de quando em vez. Nada de muito exagerado: massa para pão de queijo e bolo de fubá, Café Decente (com merecidas maiúsculas), às vezes bananadas ou biscoitos ou qualquer coisa do gênero.

Antigamente, eles eram revistados pela aduana britânica, mas chegavam inteiros. O penúltimo pacote foi aberto pelo Customs, mas o conteúdo estava intacto.

Hoje, todos os pacotes vieram rasgados e remendados. Tinha pó de café espalhado pela caixa toda -- o que significa que tem pó de café pela cozinha inteira, porque abri a encomenda com pressa. Imagine que a aduana abriu até alguns Sonho de Valsa para ver se tinha coisa dentro! O único item que passou longe de tesouras foi o pó para pão de queijo, nem imagino o porquê.

Eu sei que é importante a vigia contra as drogas e tal. Mas, tipo, aqui é o interior da Inglaterra. Que tipo de tráfico os caras acham que minha mãe seria capaz de fazer? OK, café brasileiro é tão forte que deve ser considerado droga excitante, mas ainda assim, caramba - podiam pelo menos ter deixado os chocolates inteiros!

Está explicado porque meu trabalho sempre atrasa:

14:58 0 Comments »
Estudar, ler, escrever, qualquer coisa!
(tirinha do sempre genial Liniers)

Coisas que te acontecem se você está vivo

18:32 2 Comments »
Uma topada das mais feias na porta.

A mãe de um parente que morre.

A minha senhoria teve um derrame.

O tempo está instável.

Os amigos se reúnem num mosteiro.

A pilha de livros para ler, se me cair na cabeça, vai causar uma concussão.

O presidente Bush de visita.

A Europa inteira de greve por causa do preço da gasolina.

Eu vou comprar uma bicicleta. E arrumar as lentes de contato.

E rezar, de maneira geral.

Rádio Mistral - "Love Changes Everything"

04:38 Posted In 0 Comments »


Não é dia dos namorados aqui (domingo é o dia dos pais na Europa - ajuda?). Mas para ouvir Michael Ball não precisa ter data específica. Relevem, por favor, o terno do moço e concentrem-se na voz.

Aos que celebram o dia dos namorados, feliz dia dos namorados.
Aos solteiros porque sim, um brinde.
Aos solteiros e procurando, boa sorte.

Et à toi, mon cher, tout l'amour et tout le bonheur du monde, aujourd'hui et pour toujours :)

Pé-frio

12:09 0 Comments »
Para vocês verem o azar que eu tenho com jogo de futebol - agora que começou a Eurocopa, tem dois jogos por dia. O jogo que eu decido assistir sempre é o jogo sonolento do dia, aquele que não tem gol nem briga nem impedimento nem coisa nenhuma.

Basta eu desligar o rádio ou sair do pub e pronto - marcam gol de bicicleta, o atacante dá uma voadora no bandeirinha, invadem o campo, essas coisas...

Pé-frio, eu? Imagine...!

Mondo Mistral - de libélulas e líberos

16:51 Posted In 1 Comment »
  • Dia de sol, todos na rua. De acordo com uma professora do alquimista, quando faz sol na Grã-Bretanha ninguém toma banho - porque quando você entrar no chuveiro, provavelmente o sol já terá ido embora.

  • Faz sentido, se você considerar que só choveu a semana passada -- com mais ou menos intensidade, mas sem intervalo. O que deixa qualquer um deprimido. Viva o sol, enquanto ele durar.

  • Os campos estão imensos e verdíssimos, com libélulas azuis, do tamanho de um dedo e finas como duas cargas de lapiseira juntas. Obviamente, impossível de fotografar - libélulas, ao contrário dos coelhos da universidade, não param para posar.

  • Eurocopa. Nada de Inglaterra, nem de Escócia. Logo, o bar e seu telão são dominados pelos alunos estrangeiros. Hoje, dez franceses e mais dez curiosos (eu e alquimista entre eles) assistiram a pífia estréia da França contra a Romênia. Agora joga a Itália contra a Holanda e eu prometi que não ia fazer piada -- tenho amigos italianos e meu anjo da guarda aqui na Anglia é de origem holandesa. Mas espero que pelo menos tenha gols, ou eu vou desistir de assistir.

  • Acabaram os exames, em breve são as festas de formatura e depois o verão e o silêncio nos campos da universidade. Vai ser uma época estranha, pode crer.

But then again...

04:32 1 Comment »
Um dos defeitos que mais me dão trabalho é minha incrível incapacidade de dizer quando um texto está pronto. Eu corrijo, eu reviso, eu reescrevo até os punhos começarem a doer. Eu fico com dor de cabeça, eu fico monotemática, eu pesquiso um milhão de assuntos diferentes.

Mas uma hora o diabo do texto se recusa a ser alterado mais uma vez. E aí eu tenho que desistir, imprimir, colocar tudo no envelope, enviar e rezar.

E começar tudo outra vez. Porque o pior de tudo é que eu me divirto no processo!

O porquê do silêncio

04:18 2 Comments »
Por causa dos prazos, da correria, da chuva lá fora. Porque estou lendo Os Irmãos Karamazov de novo (doze, treze anos depois? Por aí...) e digamos que a leitura impede outras coisas. Porque tem uma pilha de coisas a mandar pelo correio, uma outra pilha de coisas a fazer na universidade antes que acabe o ano letivo e tudo fique às moscas.

E, principalmente: porque no momento eu não quero. Et toc!

Tudo o que se precisa

11:43 0 Comments »
Às vezes, tudo o que se precisa para melhorar seu humor é um amigo e uma banda de jazz na praça. Especialmente se o amigo é do tipo que improvisa coreografias engraçadas.

Ou então que alguém com quem você nunca conversa seja simpático e empreste o jornal ou traga um pacote de açúcar para a cozinha coletiva.

Daí você entende aquela história dos pequenos gestos que movem montanhas.

Névoa nas vistas

10:26 0 Comments »
Depois de cansar de limpar os óculos e as lentes continuarem embaçadas, só me restou ir até o oculista. A resposta óbvia: o grau aumentou. O problema: o grau aumentou MUITO mais do que eu estava esperando - o que explica a sensação de névoa bem debaixo do nariz.

Os óculos ficaram na ótica - ou seja, estou operando por instrumentos há algumas horas, uma vez que as minhas lentes de contato não servem mais. Já confundi todos os vizinhos, trouxe uma lata de salmão ao invés de atum do supermercado e trombei com uma caixa de luz. Não estou com escoriações. Não sei quanto à caixa de luz, no entanto...

Vícios Confessos - Eurovision

12:51 Posted In 0 Comments »
Ontem não teve feriado, mas teve a segunda semi-final do Eurovision - ou Festival Europeu da Canção para os lusófonos. 35 países competindo este ano - culpa da desintegração dos Bálcãs e das ex-repúblicas soviéticas. Chega uma hora em que você não sabe mais quem é quem, até porque a maioria dos candidatos, hoje em dia, canta em inglês. Mas, enfim - é a breguice protocolar e sem tamanho de todas as vezes - um mundo de lantejoulas, strass, coreografias péssimas, figurinos tão péssimos quanto. É para rir e ponto final.

Em alguns momentos chega a ser bem legal, com boa música e uma ou outra coisa menos brega.... E isso me estimula a assistir. Por exemplo, os meus candidatos para este ano, Israel (grandes chances de ganhar) e Portugal (que compete há 40 anos e nunca ganhou). O representante da Grã-Bretanha, pela primeira vez em séculos, tem uma canção decente - mas não ganha nem por decreto, por causa dos votos políticos. Vejamos se eu estou enganada...!

Update domingo de manhã - Me lasquei nas apostas: Portugal ficou em 13o. lugar, Israel em 90. E a Grã-Bretanha em último. Ganhou o cantor da Rússia, com uma canção horrível. A votação foi tão política esse ano que até o público do estádio estava vaiando, para se ter uma idéia. Bah...

Memórias de Corpus Christi

04:10 1 Comment »
Corpus Christi em maio, eu acho que é a primeira vez que eu vejo. Não vou fuçar nos calendários agora, mas para mim o feriado era equivalente ao frio de junho, aos tapetes de serragem em Atibaia ou Itu, não ir na escola, clima de festas juninas chegando, essas coisas.

A família tinha esse costume de, no dia de Corpus Christi, ir almoçar no Steiner (mais conhecido como o Bar do Alemão) em Itu. O pedido era sempre o mesmo: bife à parmegiana, um clássico do lugar, tão imenso que sempre sobrava para levar para casa. Meu pai, quando inspirado, pedia kassler (joelho de porco) com chucrute. Comida prum batalhão - bom, a família é grande mesmo.

Em Norwich, dia normal de trabalho. Tem missa especial, mas não tem procissão nem tapete de serragem decorado com tampinhas de garrafa e pó de café. E bife aqui é caro pra caramba. Ou seja, vou tentar sintonizar o clima de feriado do outro lado do mar e tocar a vida por aqui mesmo.

Estereótipo

03:01 3 Comments »

Imagem do sempre interessante Indexed

Cidade universitária dá nisso: quando você vai ver, dois terços dos seus amigos moram em países tão ou mais distantes do que o seu. E além de ser o festival do inglês com sotaque (embora os nativos também falem com sotaque!), também é a festa da destruição do estereótipo.

Já encontrei italianos tímidos e russos abstêmios, espanhóis pacientes e franceses que gostam da Inglaterra; egípcios que jogam futebol sempre que tem folga, japoneses católicos, um indiano que abandonou os hábitos vegetarianos. Aprendi também um monte de piadas interessantes com os estereótipos dos outros - os franceses riem dos belgas, os russos dos ex-países soviéticos, os espanhóis dos portugueses, os indianos de si mesmos (considerando como o país é diversificado, eles não precisam mesmo de inimigo externo).

Uma coisa, porém, segue a mesma: não importa de que cor você seja - preto, branco ou variantes entre um e outro - ninguém nunca adivinha que você é brasileiro. Já disseram que eu era italiana (óbvio), francesa (chocante à beça), até búlgara (essa eu juro que eu não sei de onde o sujeito tirou). Amiga minha passa por mexicana nove a cada dez vezes - e ela é de BH.

O bom é poder desmontar as expectativas dos outros ao mesmo tempo em que as suas são demolidas. Aprende-se bem mais.

Um pouco de cada vez

08:20 0 Comments »
Mais 50 metros na piscina.

Mais uma milha na caminhada.

Mais uma frase inteira em um idioma estrangeiro.

Mais uma entrevista, mais um texto no correio, mais um passo.

De pouco em pouco, o presente toma uma outra forma e eu me transformo no que eu quero ser.

E, olha, é divertido, viu? Cansativo por vezes - dolorido quase sempre - mas mas é divertido. Melhor que bater a cabeça na parede tentando ser um arquétipo imposto pelos outros.

Mondo Mistral - Pot-pourri

06:19 Posted In 1 Comment »
Notícias do Brasil, quando chegam aqui, nunca são boas. O que, pelo menos para mim, é óbvio a não mais poder: good news is no news é a regra de ouro da minha profissão (e não me olhe assim, você. Você também lê revista de fofoca e tablóide, confesse, não é crime).

Deste modo, saber via jornais locais que a única ministra que eu gostava no governo brasileiro caiu fora - e por falta de apoio do governo - é de dar nos nervos. Os jornais britânicos curtem a Marina Silva; ela sempre aparece na lista de pessoas mais importantes para a ecologia mundial. E de repente dá nisso. Ora pro nobis, que vai mal a coisa.

***

Inflação na Grã-Bretanha. Os locais quase cortando os pulsos. E esta brasileira que vos digita, tendo crescido na Mooca nos anos 1980, acha tudo um exagero. OK, o preço da comida aumentou - cinqüenta pence a carne, trinta pence o leite, asism por diante. Mas perto da inflação que eu conheci, os ingleses ainda estão sentados no lugar mais calmo do mundo.

***

Tem duas únicas coisas que eu não gosto na Grã-Bretanha: a falta de café decente e o medo que os funcionários do Home Office (i.e. Imigração) me dão. Fora isso, tudo OK.

***

Eu queria entender porque não gosto de Caetano Veloso, exceto Alegria Alegria.

Eu queria entender porque não gosto de Chico Buarque - exceto quando é a Maria Bethânia cantando as músicas dele, porque aí eu gosto (será que é a voz?).

E eu queria entender porque eu perco meu tempo tentando entender justo isso.


Mom

12:51 1 Comment »
Ela lá.
E eu aqui.
Em Sampa City, chovendo.
Em Norwich, um sol de arder os olhos.
Dia de Pentecostes aqui.
Dia das Mães por lá.

Um telefonema não resolve 100%.
Mas ajuda.
E como ajuda.

Humor político (se é que isso não é pleonasmo)

11:48 0 Comments »


Do programa Headcases, da ITV: o recém-eleito prefeito de Londres, Boris Johnson, em sua melhor definição até o presente momento... Porque quando você tem fama de avoado e uma cabeleira como essa, seu nome do meio é "piada", sobrenome "pronta"!

(e como o Headcases desenharia os políticos brasileiros, eu nem consigo imaginar...!)

Mondo Mistral - Ah, as contas!

04:06 Posted In 1 Comment »
As contas aqui aparecem a cada quadrimestre. E isso é um espanto, especialmente para quem cresceu contando as moedinhas todo mês para pagar conta de luz-água-telefone.

Imagine você se puder, com seis pessoas na residência, quatro delas em idade escolar, as contas eram uma luta tipo telecatch lá em casa- a Eletropaulo, a Sabesp e a na época Telesp eram os nomes das nossas bestas do Apocalipse. Por isso, contas de quatro em quatro meses são menos dramáticas. Claro, pagar de uma vez só é um susto. Mas pelo menos é um susto só, não é um susto todo mês.

Anteontem veio a conta a do provedor de internet, ontem a da água, semana passada a do telefone. E tudo descrito nos mínimos detalhes: quanto vai de imposto (o VAT, value added tax, que tem por exemplo na internet mas não tem nos ditos serviços essenciais, i.e. água-luz-gás para aquecimento), como o valor foi calculado etc. Não explicar de onde vieram os valores é crime contra o consumidor. Não dizer quanto de imposto vai na conta, idem.

Aliás, grande surpresa é ver que o imposto é discriminado em todas as notas fiscais, do supermercado à loja de sapatos, da farmácia ao restaurante. A prefeitura é obrigada a mandar para todos os cidadãos um folheto especificando onde o dinheiro do imposto residencial (council tax) é gasto. E se você vai à prefeitura, descobre logo na entrada uma placa de avisos com os nomes, endereços residenciais, foto e email dos vereadores - assim você pode reclamar diretamente. Ou mandar uma carta-bomba, em caso extremo, nunca se sabe.

Parece até engraçado ficar admirada justo com isso. Mas eu fico. É tão diferente de casa que eu fico besta.

03:51 0 Comments »
Deve existir algo que acalme mais do que andar no parque num domingo de sol, carregando os sapatos na mão e vendo o pessoal fazer piquenique e passear com os cachorros. Eu é que não encontrei ainda -- e, olha, está tão bom que nem pretendo procurar.

A temperatura aqui firmou na casa dos vinte graus - para padrões britânicos, alto verão. Carrinhos de sorvete no campus da universidade, professores de bermuda, poder abrir as janelas do apartamento sem congelar... Nada mal para quem estava afundado em lama com neve e granizo há um mês!

É um calor estranho, porque ainda bate o vento frio que vem do mar (e daí que o mar esteja a 70 mihas daqui? Norfolk é plana como um prato, não tem acidente geográfico que impeça o vento de nos gelar aqui), então nunca se sabe se é preciso ou não levar uma blusa. O clima é imprevisível - e dado a estragar passeios, churrascos, jogos de tênis em campeonatos oficiais e formaturas na UEA.

A única coisa que choca é, obviamente, as canelas branco-fósforo dos colegas. E as minhas. Toca se estender no jardim para pegar alguma cor que seja!

Feriado

04:10 0 Comments »
Por algum motivo, os feriados que caem no meio da semana são transferidos automaticamente para a segunda-feira neste país.

Portanto, hoje é feriado em East Anglia.

Não me esperem para o almoço. Nem para a janta. :)

Retalhos do dia

10:42 0 Comments »
Alguém disse na aula de Francês que eu tinha 21 anos -- e não acreditou quando eu disse a idade verdadeira. Ganhei o dia. // O bispo da cidade veio celebrar missa na Pastoral Universitária. Considerando que é época dos exames finais, a ajuda é bem-vinda. // Uma aluna da UEA faleceu no fim de semana - buquês de flores e velas aparecem pelo campus. // A gripe está passando. Uma amiga me convenceu a levar clementines (parentes das tangerinas) para casa, "por causa da vitamina C". A amiga é advogada, acho que isso explica alguma coisa // E hoje não é feriado aqui. Feriado que cai no meio da semana é transferido automaticamente para a segunda-feira seguinte. // Mas é dia de eleições municipais - por aqui, para os conselheiros (que seriam mais ou menos como os vereadores no Brasil); em Londres, para prefeito. Ironicamente, nenhum dos dois candidatos principais tem muitos parafusos na cabeça. Qualquer semelhança com São Paulo etc etc etc.

Serviços suspensos por enquanto

03:52 2 Comments »
Ou pelo menos enquanto essa porcaria de resfriado não sumir!

Meu problema é que eu gosto do Ney Matogrosso

15:16 Posted In , 0 Comments »
Eu confesso, confesso! Gosto dele, caramba. Pois uma alma que gosta de musicais (como já contei anteriormente) não poderia deixar de admirar um sujeito teatral à enésima potência como ele.

Quando me apresentam cantores ditos "da moda", com suas baladas aguadas, eu não consigo gostar; não adianta, eu já tentei de tudo mas não consigo. E quando me perguntam porque, digo que meu problema é que eu gosto do Ney Matogrosso. Se não tem aquele brilho nos olhos, não consigo ver nem ouvir; sou mal-acostumada que dói, vejam bem.

Hoje eu acordei com Bandoleiro na cabeça. Fuçando por aí, vi que São Youtube tinha em seu alforje, vejam vocês, o clipe-do-Fantástico dessa canção. Descontem tudo o que tem para descontar -- o clipe foi produzido em 1978 e até eu me irrito com a coreografia. Mas confesso que curto tudo nessa música.

E se é mau gosto, eu estou pouco me lixando...!


"Navrée" ou a caça ao termo correto

07:15 2 Comments »
Prova de tradução. Um parágrafo de Simone de Beauvoir. Nove da manhã, a classe inteira com sono. Uma das colegas teve dispensa médica da prova - estava com crise de conjutivite.

E logo na terceira linha do texto, uma palavra desconhecida. Que diabos quer dizer "navrée?" Eu conheço "navire", navio, e isso não cabe no texto. Dava para entender que a narradora estava se desculpando por não ir num evento qualquer, mas "je suis navrée" quer dizer o quê, exatamente?

Faço o resto da tradução (outra palavra me pega por alguns instantes: "déchanter". Ironicamente, uma das minhas canções prediletas em francês me ajuda a achar a tradução certa, então tudo bem), tudo pronto, e nada de encontrar uma tradução para a frase.

Obviamente, não há dicionários por perto. Quase na hora de entregar a prova, me decido pela tradução de orelhada, dizendo que ela se desculpava etc.

Agora há pouco eu fui ver o que o diabo da expressão significava. Claro como água: je suis navré(e) = je suis desolé(é) = eu sinto muito.

É divertido quando você chuta e acerta, para variar um pouco.

Rádio Mistral - One for the divas

13:25 Posted In 1 Comment »




Testando outra fita, desta vez só com as divas que formaram meus ouvidos - as francesas (Mylène Farmer, Zazie, France Gall e Dalida, esta com um clássico corta-pulsos), as americanas (Diana Ross e sua majestade Aretha Franklin) e uma inglesa chegada numa substância ilegal (chama-se Marianne Faithfull e aparece aí quando a voz dela não tinha sido atropelada pela heroína e pelos bourbons). Dramas, diversões, plumas e paetês e cabelos pintados de vermelho (ou loiro, ou preto, ou de que cor elas quisessem), tudo regado com vozeirões.


PS - Se a imagem não aparece no seu computador, atualize o Flash.

PS2 - pior que eu tinha fitas K7... Uma caixa delas, aliás: o alquimista adorava fazer compilações musicais para que eu ouvisse no ônibus. Those were the days...

Meio-dia em algum lugar no mundo

08:13 0 Comments »
O apartamento inteiro cheira a torta de abóbora. O sol está finalmente lá fora - deu para sair sem casaco pela primeira vez no ano. Os amigos organizam uma noitada na casa de alguém, perguntam se alguém pode trazer um bolo. Minha mãe no telefone, contando algumas novidades - eu tinha esquecido que é feriado no Brasil.

É meio-dia e por aqui está tudo bem.

Rádio Mistral - uma fita para o sábado.

16:09 Posted In 2 Comments »
Eis uma "fita" com as canções francesas favoritas desta que vos digita - ou pelo menos oito delas, porque o espaço não permitia muito mais coisa. Entre clássicos e modernos, um pouco do panorama francófono para além das fronteiras de Edith Piaf.

Em breve outras edições -- assim que eu descobrir como funciona os outros programas de fazer fitas...

Coleções

04:36 Posted In 1 Comment »
Minha mãe colecionava selos quando criança. Adulta, passou a colecionar pratos e xícaras de porcelana, espalhados pelas estantes da sala. Lembro até hoje que, num aniversário (de casamento, provavelmente), meu pai apareceu com uma cesta imensa, um conjunto de louça completo vindo da Inglaterra.

Meu pai tem uma boa coleção de pedras. Dos lugares onde ele esteve, rios e desertos que ele visitou. Outra coleção: livros de História. Ele adora o Egito e a Grécia dos tempos antes de Cristo.

Eu nunca tive paciência para colecionar coisa alguma, embora tenha tentado (tampinhas de garrafa na infância, selos e pedras mais tarde, conchinhas em expedições à praia - coisas de criança, como se vê). O mais próximo que chego de uma coleção formal é uma reunião de corujas e outras miniaturas de bichos, que estão espalhadas pela casa dos meus pais.

O que eu mais coleciono são memórias.

Eu vejo as fotos, uma pedra mais curva, um pedaço de pena, uma xícara que chegou em casa com a asa lascada, e eu me lembro -- que tinha parado de chover quando a foto foi tirada, que a pedra veio da beira de um lago famoso, que a pena foi achada num campo cá na Anglia, que a xícara apareceu com a asa lascada porque eu esqueci de embrulhar com o papel-bolha e alguém nos Correios derrubou a caixa no chão.

Revendo esses objetos tão simples e sem valor pecuniário, eu vivo todas as alegrias do mundo novamente. Não existe, portanto, coleção melhor do que essa.