Mondo Natal: por causa do Natal

15:01 Posted In 0 Comments »
  • O país está em recessão. Ou seja: todo mundo dando desconto para tudo, porque senão os produtos mofam na prateleira. O resultado: parece que o condado inteiro (e os condados vizinhos) vieram para a cidade hoje. Mas comprar que é bom mesmo...

  • Temos (finalmente) uma árvore de Natal em casa. Trinta orgulhosos centímetros em um tom de verde quase radioativo, com enfeites de madeira e origamis para completar. Bem a cara desta humilde caixa-de-sapatos.

  • Está anoitecendo cada vez mais cedo e amanhecendo cada vez mais tarde. A falta de sol faz o povo ficar mais cansado, mais desanimado. O recolhimento do Natal faz mais sentido no frio. A idéia toda de Natal faz mais sentido no frio. Precisaríamos reinventar o Natal no Brasil, decididamente.

  • Se bem que tanta coisa a reinventar por lá que seria mais fácil fechar o país e começar de novo. E mais não falo para não me desanimar.

Santa Catarina - ainda

06:30 1 Comment »
O que me mais me irrita é não poder fazer nada a partir daqui. Nem telefonar para minha madrinha - porque ela ainda está incomunicável (Blumenal ainda está meio sem telefone). É de dar nos nervos. Mas quem lê do Brasil pode fazer algumas coisas:

1. Se você é de SC e está em condições legais de saúde, vá doar sangue. Entre em contato com o HEMOSC da sua área. O telefone do centro de coleta de sangue em Floripa é (48) 32519712 – e eles atendem das 7:15 da matina até 18:30.

2. Se você está longe de SC, mande dinheiro (info via Idelber). Doações podem ser feitas nas seguintes contas do Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ 04.426.883/0001-57:

Banco do Brasil - Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7
Besc - Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.
Bradesco - Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1

Para informações locais, vale ler o Diarinho na Chuva (blog de emergência do infame jornal Diarinho de Balneário Camboriú) e o coletivo Alles Blau diretamente de Blumenal. Allez Hop, tropa, ver o que dá para fazer!

A distância entre nós

09:27 2 Comments »
Dias sem notícias da madrinha de casamento, mando um email bobinho perguntando o que houve.

Ela me avisou de que estava literalmente ilhada - ou seja, cercada de água de enchente para todos os lados, esperando na casa de amigos a hora para poder retornar ao lar

E meu email bobinho ficou ainda mais bobinho e fútil diante disso. Os jornais daqui não noticiaram a situação e eu tive que ir caçar o que aconteceu - caramba, que desgraça!

Não posso fazer nada estando aqui. Não poderia fazê-lo se estivesse em São Paulo, também, mas isso não resolve minha preocupação. Ela e a família estão bem, a casa escapou. Mas tem um bocado de gente em Santa Catarina que não teve a mesma sorte.

Dada a distância entre nós, só me resta rezar. Não tenho outra saída no momento.

Mondo Mistral: dia nevado

17:19 Posted In 2 Comments »
Nevou o dia todo hoje.

Até hoje não perdi o encanto de ver os flocos caindo do céu ou o cenário branco e quieto de uma manhã com neve a perder de vista. Um cenário de filme.

Mas lidar com o cenário não é experiência, digamos, das mais oníricas. Para não dizer que neve vindo no olho com força dói muito, que andar se torna uma aventura e que, digamos, não há roupa térmica que resolva o problema do vento gélido de Norfolk, que entra por todas as frestas possíveis e imagináveis (e até aquelas que você nunca imaginou).

Neve é complicado. Ainda assim não troco nada disso por um dia de verão. Nem um segundo.

Os cavaleiros que dizem Ni-hon

08:31 Posted In 1 Comment »
Devagar e quase sempre, sigo com os estudos de hiragana, paralelo ao curso de japonês na universidade. Já sei seis linhas de fonemas e aprendi a escrever algumas palavras, o que me deixa com o nível de uma criança nipônica de uns quatro anos. Tremenda evolução para uma pessoa que era analfabeta oriental até pouco tempo atrás.

Pelo tanto de trabalho que os hiraganas estão me dando, fico pensando a dor de cabeça que vai ser aprender kanjis. Eu e minha famosa teimosia!... Mas, como sempre, não desisto enquanto não aprender a ler o jornal. E, vá lá, admito que é divertido, apesar de tudo. Tive inclusive a chance de me livrar de um trauma infantil: comprei um caderno de caligrafia pela primeira vez em décadas, sem uma professora desesperada pedir!

Para decorar os símbolos, toca memorizar palavras que os utilizem. Aprendi a linha dos fonemas com "s" porque "sushi" em hiragana se escreve すし (para quem quiser saber, "sakê" se escreve さけ - e os dois itens tem seus kanjis específicos, mas isso mais tarde). Pêssego é moleza: もも (momo). Cachorro é "inu" e gato, "neko". Estação de trem, "eki", cafeteria "kissaten". Os dias da semana eu ainda não decorei, mas terminam todos em "-yôbi".

Quando tudo mais falha, o jeito é apelar para a piada hermética. Por exemplo, para lembrar que som tem o hiragana , eu penso em Monty Python (e os cavaleiros que dizem "Ni!"). Como piada, é nulo. Mas me ajuda um bocado, então está bem por mim.

Os inquilinos da árvore ao lado

12:20 0 Comments »
Agora que as folhas da árvore do pátio cá do prédio caíram de uma vez, descobriu-se que temos inquilinos nos galhos: três ninhos de magpies, passarinho de corpo branco e asas pretas da família dos corvos, todos devidamente ocupados.

Esse passarinho tem fama de roubar coisas brilhantes e coloridas (azuis principalmente - vai entender) para construir seus ninhos. Já vi residências de magpies feitas de plástico de sacola, colher de take away e outros objetos bizarros e leves. Ainda não deu para ver se nossos inquilinos são tradicionalistas. Só deu para perceber que a primavera promete, em termos de densidade populacional de pássaros...!

***

E sim, eu devia estar fazendo a lição de casa do japonês. Minha concentração continua a mesma de sempre, isto é, menos quinze numa escala de zero a dez...

Toi et moi (considerações a respeito de uma foto)

07:43 1 Comment »
O mais bonito dessa última viagem (para além das vitrines bonitas dos grands magasins ou a quantidade absurda de crepes consumidos, tanto quanto as cores de outono no Boulevard Saint-Michel ou aquela vez que a gente se perdeu dentro da livraria e foi se encontrar, por acaso puro, na papelaria ao lado) foi a foto tirada na cabine de photomaton dentro da estação de trem e que está agora me olhando em cima da escrivaninha.

Não é a pose mais bonita e meu cabelo bem que podia estar penteado, mas que se dane. Aquela viagem está estampada ali - em sorrisos espontâneos contra o fundo branco da cabine de fotos para documentos, enquanto o mundo passava apressado para ir ou voltar do trabalho.

Eu não me considero uma pessoa romântica strictu sensu. Não gosto da cor rosa, não me emociono com Cupidos ou com baladas-que-tocam-na-rádio. Mas gosto de encontrar em uma ruga de expressão capturada em uma foto um motivo a mais para confirmar o que eu já sei há quase uma década: lá está meu lar. E para os infernos as disposições em contrário.

Onze horas do dia onze

04:33 1 Comment »

Imagem: Colin Wilkinson

Enquanto não aprendemos, não esquecemos.

San-jû-ichi desu ne?! (Trinta e um?!)

05:42 1 Comment »

Feliz aniversário, Alquimista!
Espero que você goste dos presentes :)

Eleições

19:27 0 Comments »
Eu estava aqui na Anglia quando George W. Bush enfrentou John Kerry nas eleições norte-americanas. Uma das minhas colegas de prédio (o saudoso Dióxido de Carbono, no campus da UEA), originária do Maine, votou pelo absentee ballot - em Kerry, lembro bem.

Fui dormir e no dia seguinte meu hiperativo vizinho do fundo do corredor, o Suíço Cabeludo, me informou que W. Bush tinha ganho a eleição. E ele, que de americano não tinha nada, estava enfurecido.

Nisso passaram-se quatro anos, duas guerras, uma crise financeira e outras coisas mais ou menos importantes. Cá estou de novo, desta vez longe das residências estudantis, acompanhando a eleição de longe.

Vai ter noitada no pub da universidade e na Escola de Estudos Americanos (com chá e biscoitos para todos) até três, quatro da matina, como em 2004 (e como em outras eleições, segundo me informaram). Eu, porém, acompanharei tudo aqui de casa mesmo, pijamão e Havaianas. Só para ver o que é que vai dar.

Redação: Era uma vez Interlagos

12:42 2 Comments »
Era uma vez - porque essas histórias sempre começam assim - um Grande Prêmio.

Primeiro era no Rio e tinha um francês de nariz engraçado que ganhava sempre.

Depois em São Paulo, onde quase sempre chovia e sempre, sempre tinha algum problema.

Placas publicitárias que voam, carros que rodam e chuva, chuva, muita chuva. Tanto que para um amigo inglês eu disse que Interlagos era um termo que significava lugar do dilúvio. Um lugar impossível onde até o Fisichella é capaz de ganhar uma corrida.

E hoje, mais uma corrida.

Longe dos amigos, dos sandubas de metro e do amendoim pra jogar na TV a cada comentário tonto do Galvão Bueno (haja amendoim). O título é dois terços do piloto inglês. O problema é que o piloto inglês está correndo na terra do piloto brasileiro e a torcida, se não pode influenciar diretamente no resultado, faz barulho o suficiente para que o um terço de título restante se torne bem difícil de alcançar.

Não existe força na Terra que me tire da frente do rádio e do computador hoje. Felipe Massa pode não ser meu piloto preferido, mas pro diabo com as vulgares preferências: é o GP Brasil e brasileiro com chance de título, infelizmente, não existem às centenas.

Assim sendo, vam'bora. E que as placas publicitárias fiquem no lugar e que o maluco do Coulthard não acerte ninguém.


Atualizado depois da corrida:

Basicamente, se eu não morri do coração hoje, não morro nunca mais. E pro inferno com esse tal de Timo Glock!