Petite

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Ela subiu no ônibus na altura da rua Henrique Schaumann e chamou minha atenção logo de cara.

Envolta em uma nuvem de perfume doce, com esses brincos grandalhões que parecem argolas de pendurar toalha no banheiro, blusa frente-única e sapatilhas. Mais maquiada do que eu, sem dúvida: sombra e máscara nos cílios, batom e blush no rosto. Tudo bem arrumado, eu dou o braço a torcer. Mas, no conjunto, era tudo um tanto triste.

Triste porque ela, no alto de suas roupas e tintas, não estava fisicamente à altura do papel que exercia. Tinha no máximo nove anos de idade. Subira no ônibus acompanhada pela mãe, uma mulher muito envelhecida e gritantemente grávida.

Então é isso o que sobrou do mundo.

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