16:19 0 Comments »
(imagem veio daqui)

On thee I put my faith...

Mondo Mistral Pós-Eleitoral

15:18 Posted In 0 Comments »
  • Semana curta é bênção e maldição: bênção porque são só três dias de trabalho e maldição porque o trabalho de cinco dias se acumulam em apenas três.

  • Chamada para prestar auxílio a um colega português, esta que vos digita acaba por concordar com uma adaptação da frase de G.Bernard Shaw: Brasil e Portugal são dois países separados pelo mesmo idioma.

  • E está aberta o Mês do Salto Alto para mim: um baile de formatura, um casamento e um evento internacional me forçam a encarar meu pior inimigo, os sapatos sociais. Já estou fazendo cotação para a compra das bandagens.

  • Novembro? Já é novembro? E as lojas já estão sendo decoradas para o Natal. Dá para fazer a fita andar mais devagar, fazendo o favor?!

Redação: meu dia de eleições, II

13:26 Posted In 0 Comments »
(suíte de um post anterior)

E fui votar no segundo turno. Desta vez a zona eleitoral estava bem mais calma e bem mais limpa. Sensação de favas contadas, aquela chatice toda, nem briga teve direito. Minha irmã foi escalada de novo para ser mesária de novo, na mesma seção com os mesmos nomes bizarros.

E descobri o nome completo do Alckimin, o que me deixou com um ataque de risos no meio do corredor: como é que eu posso levar a sério um sujeito que foi batizado como "Geraldo José"? E não me venham com comentários sobre o nome do outro candidato, que esse eu nunca levei a sério.

Enfim, eu fui votar. E hoje, como toda boa casa de italiano, tem macarronada no almoço. E a semana é curta. A vida continua e o céu está lindo. Já não está bom?

Carta para um amigo distante

11:43 0 Comments »

Caríssimo Suíço Cabeludo,

Hoje encontrei aquele CD que você me fez com as fotos de dois jantares da turma em Norwich e daquela vez em que construímos um boneco de neve no campo da universidade (eu, você, a Inês, o Sandeep, o Domenic e aquele norte-americano que era seu colega de curso e cujo nome eu nunca lembro).

Você não imagina como eu fiquei com saudade daquele pessoal todo. Da Neelam e seus bolinhos, disputados a tapa. Dos chineses (sabe que eu reencontrei o H. Yang na formatura? Uma coisa ridícula, porque eu estava no ônibus e ele também e a gente só se falou dois minutos - que raiva que me deu depois!). A Mona e o Sooruj (a Mona tinha acabado de cortar o cabelo, tinha ficado tão estranho!). Da Audrey, que agora está morando em LA. Do Kwesi, o senador de Norfolk Terrace. Do Shiva, lembra dele?, o amigo da Neelam que vivia filando comida na nossa cozinha. E o John, que tinha aulas de nepalês com a Neelam? Ea Ruby que sempre sorria e o Lu que comia até o pé da mesa se deixassem...

Foi muito engraçado rever todas aquelas imagens - a mesa cheia de comida, as gargalhadas, o Sooruj e você jogando xadrez (até hoje não sei quem ganhou aquela partida), a neve e toda aquela coisa.

Eu espero que você esteja bem, no seu canto do mundo, tentando salvar a pátria como você sempre planejava. Mesmo que você nunca chegue a ler estas linhas, segue um pensamento feliz para você vindo do outro lado das águas.

Yours most sincerely...


You and I have memories, longer than the road that stretches out ahead...

Mistral Gagnant: Trilha Sonora Original

14:07 3 Comments »
O roteiro em si não é lá muito original (garota encontra garoto, garoto apresenta banda de rock à garota, garota se apaixona pela música etc) mas a trilha sonora do filme até que é interessante. Se a vida da gente é um filme...

  1. Overture for "Tommy" - The Who
  2. Encore un matin - Jean-Jacques Goldman
  3. Dead end street - The Kinks
  4. Le chanteur - Daniel Balavoine
  5. Any road - George Harrison
  6. Je suis le même - Garou
  7. Call me - Blondie
  8. Libertine - Mylène Farmer
  9. Embrace me, you child - Carly Simon
  10. L'aigle noir - Barbara
  11. Forever came today - Diana Ross and The Supremes
  12. Caravane - Raphaël
  13. Ordinary World - Duran Duran
  14. Déjeuner en paix - Stephan Eicher
  15. Still - Macy Gray
  16. Face a la mer - Les Enfoirés
  17. Acquiesce - Oasis
  18. Mistral Gagnant - Renaud

Porque isso se discute

11:06 1 Comment »
Verdade seja dita, eu sou um ser humano qualquer-nota em matéria de opinião polêmica. Eu acredito naquela coisa arcaica chamada divisão de Igreja e Estado e portanto eu só me ferro...

Exemplo: a probição do aborto. Eu, pessoa física, não sei se teria coragem de fazê-lo se o cenário assim se desenhasse. Mas sou contra a criminalização do ato. Porque nem todo mundo é cristão no país e portanto ninguém teria de ser obrigado a seguir uma lei baseada em Fé e não em Razão.

O mesmo se aplica às uniões civis. Eu não namoraria uma mulher - sou Kinsey zero, monogâmica e bem feliz assim, obrigada por perguntar. Mas, raios, o país é uma salada de gente e tem de tudo na mistura. Se dois caras ou duas minas se amam, pagam impostos e obedecem às leis como todo mundo, por que com mil ânforas eles não podem ter os mesmos direitos que um casal dito "normal"?

Um homossexual não pode virar para a Receita Federal e pedir desconto no Imposto de Renda, com o argumento de que como ele não usufrui de todos os direitos civis e legais, logo ele não se vê no direito de pagar o preço fechado. Ou pode?

Acredito no poder da razão, por mais estranho que isso possa parecer nos dias de hoje. Só gostaria que isso se espalhasse um tanto por aí. Quem sabe eu me entenderia melhor com os radicais de costa-a-costa que vêem o mundo em dois tons, enquanto eu vejo tudo em Technicolor!



Escrito ao som de Sexual Revolution - Macy Gray
(clique para ouvir)

Silêncio

15:27 1 Comment »

O telefone toca como casa de parteira nove meses depois do Carnaval. Todo mundo correndo no escritório - todos os eventos caíram na mesma semana.

Quando tudo cessa ao mesmo tempo - como se ensaiado - um silêncio incômodo paira no ambiente. Estranho como a gente se habitua à correria.

Para um rapaz roendo as unhas de nervoso

11:45 1 Comment »

(...)

Réveille-toi
Debout ; Tiens-toi droit !
On va leur montrer
Qu'on peut tout changer
Je sais bien que les oiseaux perdus
Ne reviendront jamais
Mais arrête de dire dans ton lit
Que tu vas faire tout sauter
Allons viens et calme-toi
Parle-nous, ouvre-toi
Réveille-toi !
Debout !
Tiens-toi droit !
On va leur montrer
Qu'on peut tout changer ...

(D. Balavoine, Les Oiseaux, part II)


Tudo vai dar certo no final.

E se não deu certo é porque não é o final.. .. ...

Uma frase que bem me explica

16:59 1 Comment »
"Se eu morrer, estás perdoado. Se eu me recuperar, então veremos..."

(provérbio espanhol)

Coisas difíceis de serem respeitadas

16:56 0 Comments »
Chefe que grita sem motivo.

Farol em lugar perigoso à noite.

Pessoas que forçam seu ponto de vista na marra.

Gosto musical dos vizinhos.

Os assentos reservados nos ônibus, especialmente nos horários mais movimentados.

Idem para faixas de pedestres ou exclusivas de ônibus.

Concordância de verbos quando se está com raiva, pressa ou falando com mooquenses.

Mondo Mistral - No Escritório

14:52 Posted In 2 Comments »
  • O telefone está quebrado, o fax está com problemas, o servidor de email não serve nem para pendurar a roupa. E a semana nem começou ainda. E um viva à tecnologia.


  • Dezoito andares no prédio - e por que as mulheres mais tagarelas e histéricas do condomínio tem que trabalhar justamente do outro lado da minha parede?


  • Alguém aí sabe dizer como a pessoa deve se comportar no elevador quando um sujeito conta a história mais engraçada do mundo para o colega e você fica com vontade de rir junto - mas claro que não devia estar ouvindo a conversa?


  • Dormir durante reunião chata pode ser usado como motivo em demissão por justa causa? Só para saber...!

Escrito ao som de Courting in the Kitchen - Gaelic Storm

(o link leva ao site da banda)

Redação: Transporte

11:14 Posted In 4 Comments »
Chove pouco, não o suficiente para me convencer a pegar o guarda-chuva. O calor na cidade é de estrangular. Mas, porque chove meia dúzia de pingos, os vidros do ônibus vão fechados. E que se dane o calor.

Parece que dizer bom dia ao motorista do ônibus é uma atitude estranha por aqui, a julgar pelo olhar dos passageiros ao redor quando faço isso. Mas nunca vi nenhum motorista ou cobrador reclamar do gesto.

"Quer que eu segure a sua bolsa?" É um gesto comum entre as sardinhas, quero dizer, entre os usuários de ônibus e metrô. Afinal, quem vai sentado não gosta de viajar com uma mochila ou pacotes batendo no nariz. Mas há quem olhe como se o cortês companheiro de suplício fosse um ladrão em potencial e diz "não, não precisa" com ar de raiva sorridente. E toca o cidadão atrapalhar todo mundo com sua mochila ou pacotes.

Parar fora do ponto não pode. Mas e quando o "ponto" é, quase literalmente, dentro de uma floreira? E antes que você me pergunte, sim, existe este tipo de troço - e eu tenho que descer nele de segunda a sexta. Planejamento urbano o caramba.

Isso para não dizer do perigo que é andar de ônibus à noite. Minha sorte é que eu entro e saio em áreas bem movimentadas e iluminadas, mas Deus proteja quem vai até o fim da linha. E todos aqueles que dependem do transporte público em Sampa City, porque estamos mesmo precisando...

Pour être une fille - II

22:10 2 Comments »
Primeiro, uma apresentação ao personagem: Rubinho é um amigo da família, um sujeito adorável e exagerado como os italianos calham de ser. Colecionador de armas (a começar pelo carro, um Volks do tempo do Proalcool que ele não vende, não doa e decididamente não empresta), me escutou comentando sobre um desejo antigo e pois pôs-se a cumpri-lo, para minha surpresa...

Portanto, para parafrasear o comentário do João, Amèlie Poulain e Débora Rodrigues acabam encontrando um ponto em comum: bolsas belas e delicadas e um mini-canivete suíço legítimo, presente do Rubinho, muito bem preso no chaveiro!

Escrito ao som de Tant Qu'On Rêve Encore, do musical "Le Roi Soleil"
(no link, um vídeo com as melhores cenas do musical)

Pour être une fille

15:30 2 Comments »
Eu sei trocar lâmpadas e tomadas, abrir vidros de conserva; gosto de Fórmula um, de carros antigos, de futebol e de aviões; não sou a favor do salto alto e do esmalte de unha.

E, no entanto, dentro do meu cérebro, ao lado desse projeto de caminhoneira, reside uma Amélie Poulain típica, com direito a suspiros, bichos de pelúcia e coisas fofas. É o lado que tem nojo de barata e que enrubece com elogios.

O lado Amélie gasta até o que não tem em bolsas feitas por Denize Mãos-De-Fada.

O lado caminhoneira se pergunta: as lindas bolsas combinam com jeans, tênis e camiseta de banda?

E eu, soma das duas coisas, tento conciliar a briga e dou risada. Estereótipos be damned.


Escrita ao som de Cendrilion - Téléphone
(porque estereótipos são bons para serem subvertidos)

A contragosto

09:56 1 Comment »
Coisa que eu abomino é conselho. Eu não peço e não ofereço. E não gosto quando alguém que não conheço e que não me conhece decide, movido por alguma fúria santa, se meter nos meus afazeres. Geralmente sem pedir e geralmente com "boa intenção".

Os que me conhecem sabem que eu não sou refratária a conselhos; eu até ouço e mudo a rota quando percebo que a coisa vai mal (a contragosto mas mudo - minha idade mental nunca segue a que está no RG, por isso a teimosia). É que não suporto quando me aparecem com veneno misturado com açúcar, a chamada "crítica construtiva" que de construtiva não tem nada.

Se vai dar bronca, se quer que eu mude de rumo, vai direto na veia logo de uma vez - a vida é curta e minha paciência idem.

Mas quem disse que as pessoas entendem.


Escrito ao som de Sweet Baby - Macy Gray
(com Erykah Badu nos backing vocals, o que não é pouca porcaria)

Ressaca do debate

08:37 2 Comments »

Parece que todo mundo assistiu, o que é algo interessante. Acompanhei pela internet e depois pelo rádio (estava em trânsito), peguei só o último bloco na televisão. Tudo muito certo, voaram as pias e as ofensas regulamentares; parecia defesa de tese (quem acompanha uma sabe quando a voz eleva para afagar ou para atacar - assim diz meu pai e eu concordo) misturada com jogo de esconde-esconde.

O tema musical do debate na Band é o mesmo desde a abertura democrática ou sou eu que confundo? Eu sei que isso me acusa a idade, mas eu lembro dos debates mediados pelo Casoy e pela Marília Gabriela.

E será possível que o Excelentíssimo Presidente não sabe mesmo fazer conjugação de verbos no plural? Parece eu com pressa, cacilda, com a diferença de que eu não represento a Nação. E ainda por cima na TV!

E o Alckimin com aquela gravata. Mas, caramba, não perceberam que ele não fica lá muito belo de amarelo? Dane-se que é a cor do partido, TV é imagem e aquele amarelo deixa o cara com ar abatido. Põe o cara de azul-marinho logo duma vez!

E está certo que o Lula estava lá como candidato e não como Presidente, mas chamar o cara de "você" não é bonito. "Senhor", no mínimo, né? Ou "candidato". O mesmo para o outro: "governador" isso, "governador" aquilo - alguém avisou que o Alckimin se desligou do cargo e que não tem mais o título?

Enfim. Foi o que eu vi. Se cada povo tem o governante que merece, pára o mundo que eu quero descer - e se não parar eu desço assim mesmo!

Escute Esta Canção

21:33 1 Comment »
Alckimin X Lula na telinha do computador: I'll move myself and my family aside... if we're lucky to be kept half alive! (...) Meet the new boss - same as the old boss.

Um domingo calmo e tranqüilo, ainda bem: peaceful like Heaven on a Sunday... Wishful, not thinking what to do (...) If I only had one love, yours would be the one I choose.

Uma esperança no ar, um pedaço de sorriso, uma luta que continua: Jusqu'au bout de mes rêves / Que je continuerai / Jusqu'à ce que j'en crève / Que je continuerai / Que je continuerai

Pudim de Arsênico

16:25 0 Comments »
Eu assisti "Asterix e Cleópatra" (desenho animado baseado nos irredutíveis gauleses de Goscinny e Uderzo) quando criança. O número mais legal era o da tentativa de envenenamento com um Pudim de Arsênico, com direito a um número de music hall dos vilões, dançando e cantando enquanto cozinhavam uma receita que levava gasolina, estricinina, vitríolo e alguns gomos de laranja.

Uma amiga, vendo o meu estado de nervos hoje, me mandou o link com a música original e a letra desse clássico do desenho animado. Uma pena que não consigo encontrar a (excelente) versão em português, bem fiel ao original. Tudo bem - saí cantando por aí a letra como eu me lembrava, mesmo que estivesse bem fora da métrica. A infância me retorna e some um pouco com a dor.

E alguém sabe onde alugo ou compro esse filme?

10:32 1 Comment »
Tem dias em que não dá pé ficar de pé: uma dor física de ver sistemas solares inteiros na frente dos olhos.... e o aparelho de som (paliativo moral) se recusa a funcionar e os remédios (paliativo real) estão na outra bolsa, a 15 km de distância.

E a chefe esperando serviço.

Esquece de mim hoje, que eu não estou nem para mim mesma.

Dos hábitos e costumes

10:49 2 Comments »
Meu alquimista tinha uma aluna nipo-brasileira, um amor de garota com uma história interessante sobre sua descoberta do mundo: ela ficou realmente surpresa quando percebeu que nem todo mundo tinha panela elétrica para fazer arroz, como na sua casa e na casa de seus parentes e amigos mais próximos.

É um choque com o qual consigo me relacionar. Com mãe italiana e pai hispano-libanês (mais o segundo do que o primeiro), minha casa tem hábitos que só se explicam sob contexto. Usar camiseta regata por baixo da roupa, por exemplo – você já viu, com certeza, em algum filme de mafioso. Eu via em casa e achava estranho que outras pessoas não vestissem!

Do mesmo modo, só quem conhece ou convive de perto com a comunidade árabe entende o porquê do cardamomo no café, da canela em comida salgada, da tagarelice em tempo integral e da necessidade de negociar absolutamente todos os preços e todas as condições de pagamento, por mais estúpidas que sejam.

Quando meus amigos estrangeiros me falam dos "hábitos dos brasileiros" (chegar atrasado, falar alto, adoçar até o que não precisa ser adoçado etc), me pego pensando nessa formação que eu tive e na formação de todas as outras pessoas no território. Temos algum denominador comum, algo que evite a surpresa com nós mesmos, aquele ar de "na minha casa não se faz assim"?

Não sei. Gostaria que existisse.


Escrito ao som de You Don't Know My Name - Alicia Keys

Urdidura musical

10:04 2 Comments »
Adoro conhecer as histórias por detrás das músicas. Como ou para quem foram escritas, o que elas refletiam, como elas foram gravadas, se eram ou não explicitamente autobiográficas. O som ganha outros tons quando a gente pensa como ele surge.

Quando uma pessoa grava uma canção que não escreveu, ela pode interpretá-la como bem quiser. Saber os motivos da escolha engrandece ou esculhamba de vez a versão, no que me diz respeito. "Hurt", na voz do autor original, é um lamento sobre o viciado em heroína (de acordo com algumas interpretações). Para Johnny Cash, às portas da morte e consciente disso, "Hurt" é um lamento sobre a velhice o fim de tudo.

Eu vi os rascunhos originais de "I want to hold your hand" no Museu Britânico. Escrita a lápis, alguns versos riscados, um comentário, uma anotação quanto à passagem para o refrão. Foi escrita na casa da então namorada do Paul, a ruivíssima Jane Asher. Imagine a cena: John e Paul, um bloco de papel e um lápis, num apartamento pequeno, aloprando um ao outro em busca de uma rima que prestasse. Dá uma outra dimensão para a dupla - mais humana e palatável do que o mito da beatlemania.

"Dieu que c'est beau", do Daniel Balavoine, ganhou outra dimensão quando eu soube que se tratava de uma elegia do cantor ao filho recém-nascido. E soou ainda mais belo ao pensar que a mãe da criança era judia e marroquina, e Daniel era francês e católico - um relacionamento que era visto quase como um crime, tamanho o peso do racismo vigente na época. Sabendo disso, um verso como "et le fruit du péché est très beau" (e o fruto do pecado é belíssimo) muda completamente de sentido: deixa de ser uma figura de linguagem e vira, ao mesmo tempo, um elogio e um ataque.

Pete Townshend escreveu o melhor lamento sobre a falta de amor baseado em suas noites sem sono nas turnês. "No Road Romance", com seu piano melancólico e letra nada floreada, só seria lançada como faixa-bônus do Who Are You, duas décadas após ter sido escrita. Talvez tenha sido melhor assim: ao se ver a queda e o recomeço do autor, os versos ficam ainda mais fortes e a dor fica ainda mais evidente.

Nem todas as músicas tem histórias; no entanto, não é de se estranhar que as canções com um passado ou um motivo sejam sempre as mais saborosas.


PS: clicando nos links, têm arquivos de som ou as letras das músicas citadas. Não tem link para a música dos Beatles porque essa é praticamente o Hino Nacional: todo mundo sabe como soa. :P

Parem as rotativas!

09:54 2 Comments »
THE WHO EM SÃO PAULO
CONFIRMADO
FEVEREIRO DE 2007

Cadê minha barraca para acampar na frente da bilheteria?


Escrito ao som de Baba O'Riley - The Who (obviamente!)

Clique no título para cantar junto.

Redação: meu dia de eleições

08:20 Posted In 2 Comments »
Minha família toda vota no mesmo local, a 4ª. Zona Eleitoral de São Paulo. Posto avançado numa faculdade do bairro.

O bairro inteiro se encontra na fila. Isso aqui é zona leste, pessoal: imagina o barulho nas filas, as senhoras conversando em voz alta e a gente encontrando aquele pessoal que você só vê uma vez por século. É sempre, literalmente, uma zona. Tem gente que fica de papo e esquece de votar.

Minha irmã mais nova foi escalada para ser mesária mais um ano. Encontrou eleitores como a Sayonara, Selvália e (prêmio de nome mais original) Joélio. Assim mesmo como vocês estão lendo.

Camisetas de partido: poucas, pouquíssimas. Um cara apareceu com uma camiseta do PSDB, com um tucano pintado nas costas. Produção caseira, pelo visto. Ainda existem os militantes? Isso me emocionou.

Depois a contagem dos votos e toda aquela bossa-velha. Eu não assisti porque estava (estou ainda) passando mal e fiquei de cama o resto do domingo. E como o jornal não chegou em casa hoje, só agora que eu vi que temos um segundo turno. Enquanto isso, chove lá fora.



Escrito ao som de Encore Un Matin - Jean-Jacques Goldman
(clique para ouvir também)