Redação: tricotando um Aconcágua
18:33 Posted In Redação: 2 Comments »
Como diria um amigo meu, tem horas que subir uma ladeira pode dar mais trabalho que escalar o Everest.
Desafios vêm em todos os modelos e tamanhos. O que para uma pessoa é trivial, para a outra é algo suficiente para paralisar de medo todos os músculos voluntários (e alguns involuntários).
No meu caso, as palavras artes manuais sempre foram a ladeira-Everest. Acostumei com a idéia que eu era um desastre na área. Eu era o tipo de criança que volta para casa vestindo o pote de guache, cujos desenhos nunca apareciam na exposição de fim de ano (as redações sim, sempre - daí que eu descobri que tinha jeito para escrever). Tentaram me ensinar a bordar, a fazer crochê. Nada. Eu era um desastre e me sentia proporcionalmente como tal.
Fui fazer outras coisas da vida. OK, desenhar ou pintar é coisa que eu sei que não sei. Mas qualquer coisa que envolvesse cola, papel ou agulhas já me botava correndo uma milha, o mais longe possível. Assumi o papel da desastrada-que-não-sabe-pregar-botão. Da pessoa que resmunga que queria tanto saber tricotar, mas que dá nó nos novelos.
O que para muita gente é comum, para mim era um Aconcágua com fosso de crocodilos acoplado.
Bobagem, eu sei, mas vai dizer isso para a minha consciência.
Só que uma hora eu me cansei de encarar a cordilheira morrendo de medo. Comecei a aprender tudo de novo, como se fosse uma criança de oito anos. Sem professora de artes aloprando a paciência. Sem nota no fim do bimestre. Simplesmente fazendo porque sim, porque é possível.
Origamis. Enfeites de Natal. Pregar botões. Fazer barras de calças.
Errando muito. Acertando algumas vezes. Empatando o meio de campo quase sempre.
Finalmente, a parte final da jornada: tricotar algo que não fosse um cachecol.
Hoje terminei um colete. E, tipo, serviu. Mesmo. Sério. Os braços passam nos buracos correspondentes, a gola ficou com cara de gola. Ficou bonito. Bonito!
Cá estou eu, no topo da minha montanha imaginária, acenando a bandeirinha, esperando para escalar a próxima ladeira impossível-até-aqui. Não sei qual vai ser (fazer um suéter? fazer bordados?), mas digamos que agora não tem quem me segure.
Agora que eu sei que o Everest é só uma ladeira, fica tudo bem mais divertido.
Desafios vêm em todos os modelos e tamanhos. O que para uma pessoa é trivial, para a outra é algo suficiente para paralisar de medo todos os músculos voluntários (e alguns involuntários).
No meu caso, as palavras artes manuais sempre foram a ladeira-Everest. Acostumei com a idéia que eu era um desastre na área. Eu era o tipo de criança que volta para casa vestindo o pote de guache, cujos desenhos nunca apareciam na exposição de fim de ano (as redações sim, sempre - daí que eu descobri que tinha jeito para escrever). Tentaram me ensinar a bordar, a fazer crochê. Nada. Eu era um desastre e me sentia proporcionalmente como tal.
Fui fazer outras coisas da vida. OK, desenhar ou pintar é coisa que eu sei que não sei. Mas qualquer coisa que envolvesse cola, papel ou agulhas já me botava correndo uma milha, o mais longe possível. Assumi o papel da desastrada-que-não-sabe-pregar-botão. Da pessoa que resmunga que queria tanto saber tricotar, mas que dá nó nos novelos.
O que para muita gente é comum, para mim era um Aconcágua com fosso de crocodilos acoplado.
Bobagem, eu sei, mas vai dizer isso para a minha consciência.
Só que uma hora eu me cansei de encarar a cordilheira morrendo de medo. Comecei a aprender tudo de novo, como se fosse uma criança de oito anos. Sem professora de artes aloprando a paciência. Sem nota no fim do bimestre. Simplesmente fazendo porque sim, porque é possível.
Origamis. Enfeites de Natal. Pregar botões. Fazer barras de calças.
Errando muito. Acertando algumas vezes. Empatando o meio de campo quase sempre.
Finalmente, a parte final da jornada: tricotar algo que não fosse um cachecol.
Hoje terminei um colete. E, tipo, serviu. Mesmo. Sério. Os braços passam nos buracos correspondentes, a gola ficou com cara de gola. Ficou bonito. Bonito!
Cá estou eu, no topo da minha montanha imaginária, acenando a bandeirinha, esperando para escalar a próxima ladeira impossível-até-aqui. Não sei qual vai ser (fazer um suéter? fazer bordados?), mas digamos que agora não tem quem me segure.
Agora que eu sei que o Everest é só uma ladeira, fica tudo bem mais divertido.
2 comentários:
Você esqueceu o basmati! É outra dentre as várias especialidades.
** ** ***
CArol,
que lindo texto.
Vou colocar na minha prove de Língua Portuguesa!
So proud of you!
Saudades,
Mom
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