Os álbuns

17:27 1 Comment »
(para ser lido ao som de "Les Épices du Souk du Caire", do Bénabar)

Álbuns antigos dão sempre aquele susto: fulano tinha um cabelão!, a fulana ainda namorada o ciclano; caramba, onde foi parar o beltrano? Eu não sabia que eu era parecida com minha irmã médica até que, numa foto do meu álbum de casamento, aparecemos as duas de perfil. Só dá para saber quem sou eu porque noiva não tem como errar: é a de branco com o arranjo na cabeça!

Fotos dos pais, pior ainda. Outro dia, mandaram os arquivos da minha tia, falecida recentemente. Coisas do tempo em que meu pai tinha um cabelão e minha mãe quase não tinha sobrancelhas (era a moda na época). O álbum de casamento deles é engraçadíssimo, mesmo que sem querer: meu tio tinha uma franja que deixaria qualquer emo enciumado; hoje nem cabelo ele tem direito...

Em trinta anos, tem um monte de gente que casou, descasou, se descobriu gay, mudou de cidade (até de país). Tem os agora falecidos - e isso dá uma ponta de tristeza nas lembranças. Tem cabelos horrorosos, roupas esquisitas, gente com quem nem falamos mais. As fotos são ao mesmo tempo museu e altar, uma homenagem ao nosso passado que nos formou (e também deformou). 

Só espero daqui a trinta anos rir (e chorar um pouco) com o que meus álbuns me mostrarem. 

1 comentários:

LM - Alquimiadoverbo.zip.net disse...

When I get older...

Vai ser divertido. Tanto quanto hoje.