Dentro de uma bolsa

14:20 0 Comments »
(a partir de uma sugestão da Denise)



Quem melhor definiu a bolsa de uma mulher foi o Bénabar, na música "Sac à main": "(...) animal fiel que a segue como um cãozinho/caixa-forte, confidente, parcial e única testemunha/ que ela carrega no vão entre seus rins / mas que ela chama, como se não fosse nada, sua 'bolsa'".

A "bolsa" é uma entidade extremamente feminina, que pode explicar graficamente qualquer traço de personalidade. Praticamente a personalidade da pessoa em imagens. Há quem carregue o mundo, há quem consiga ser frugal. Há quem precise de três ou quatro batons e quem não tenha nem um mísero pente. Há de tudo.

Eu carrego a caneta-tinteiro, carga extra para a caneta (nunca se sabe...), caderno. Um livro de bolso (que às vezes vai na mão, dependendo do peso!), um monte de papel avulso, balas diversas. Batom, escova e um espelho que eu ganhei de presente num Christmas Cracker. Passe de ônibus, crachá do escritório, o MP3 player todo enroscado nos fios do fone de ouvido. Além da carteira que nunca tem dinheiro, as chaves (as de casa, as da casa dos meus pais, a do escritório, todas juntas num chaveiro da Livraria Francesa) e o canivete.

Depois me perguntam porque meus ombros doem - mas se eu deixo alguma coisa em casa, com certeza acabo sentindo falta no fim do dia. Que analisem isso, se puderem!

Lumière

10:53 2 Comments »
O verão ainda está um tanto longe. Vá dizer isso à previsão do tempo, porém - com o calor que está na rua, nem se nota que ainda é primavera. Haja coragem e ar-condicionado!

Mas sempre tem alguma coisa para compensar. Posso não gostar do clima abafado, mas gosto da luz do verão. Condenados que somos ao cinza da capital, quando o sol decide que vai aparecer, realçando as (poucas) cores que nos restam, é sempre uma folia para os olhos cansados.

Rádio Mistral FM - "I Am What I Am"

09:56 Posted In 0 Comments »

"I Am What I Am", originalmente interpretado por Gloria Gaynor. Esta versão (que eu prefiro ao original) é de Christophe Willem, participante de 2007 do "Nouvelle Star", o "Ídolos" da França (ele ganhou o concurso - recomendo muito o disco dele, Elu Produit de L'année).

Porque hoje é sexta-feira, dia de sair dançando. Porque adoro essa canção - todo mundo precisa, de quando em vez, se afirmar no mundo aos berros. "I bang my own drum / some say it's noise... I say it's pretty!"

O que vale

11:05 2 Comments »
Mamãe voltou para casa ontem- tinha ido visitar uma amiga que está doente e ficou uma semana fora. Trouxe chocolates e pequenos presentes (além de duas caixas que a amiga mandou para mim como presente de casamento). Para contar, um monte de histórias de aeroporto e umas anedotas legais. E também trouxe um monte de fotos, porque a amiga é uma dessas criaturas que sabem fazer imagens boas com qualquer tipo de câmera.

Rimos, contamos as novidades, abrimos uma garrafa de cerveja, contamos fofocas, rimos mais um pouco, acabamos acordando meu pai (que tirava sua merecida soneca). Acabamos saindo - eu, pai, mãe e a irmã caçula, que estava em casa - para comer alguma coisa e conversar mais um pouco.

Acabei me lembrando de um trecho da canção que nomeia este blog: o Tempo é um assassino que leva com ele as risadas das crianças. Sim, o Tempo é um assassino, mas ele deixa rastros - nós chamamos de memória. E é, no fundo, aquilo que faz valer a pena no final das contas. O dinheiro some, as pessoas partem, mas a lembrança fica. E já que não dá para impedir o tempo de continuar nos matando, pelo menos podemos nos consolar com isso.

Enquanto isso, chove.

10:32 0 Comments »
Estudando o mode subjonctif no escritório - para você ver como o dia está agitado hoje. Tenho porque tenho que enfiar as conjugações na mente, por mais impossíveis e tortas que elas sejam - senão eu me atrapalho com o curso. E já que não tem alma viva no escritório hoje, que se abra a gramática e que se iniciem os trabalhos!

Gosto de estudar quando está chovendo. O motivo, eu acho que não sei. Talvez porque o barulho da chuva me acalme os nervos. Talvez porque o clima esfrie (eu me sinto mal no calor). Talvez porque eu tenha me condicionado com isso.

Só sei que agora estou aqui, declinando verbos em voz alta (e com minha pronúncia torta), enquanto chove lá fora. Parece bom o suficiente para mim, por enquanto.

Sob o céu de segunda-feira

10:41 0 Comments »
E não é que ganhou o piloto mais chato do paddock, no fim das contas? Numa corrida bem emocionante, é bom que se diga, mas de final meio assim. Afinal, de que adianta ganhar um campeonato quase impossível, no último instante, e comemorar daquele jeito sem-sal?

Pelo menos teve lasanha e torta de morango junto com a corrida. E risadas, muitas, que afinal de contas a vida é simples, a gente é quem complica tudo.

O céu veio abaixo durante a noite, mas não foi o suficiente para limpar o ar. Continua o clima pesado, que me lembra tanto o mormaço de janeiro na praia.

Só que ainda não é janeiro. Ainda não estou na praia. É segunda-feira e estou no décimo-quinto andar de um prédio, trabalhando. Mas tudo bem. Debaixo desse monte de nuvens o céu ainda está azul. E é para lá que eu estou olhando.

Hoje é dia de corrida

09:08 0 Comments »
Televisão ligada desde cedo.

Amendoins prontos para serem atirados na tevê em caso de bobagem do narrador.

Torcida. Bandeiras. Comentários inúteis. Cálculos avançadíssimos para casos de empate.

Mandingas para que o carro do outro quebre. Como se isso funcionasse...

Telefonar para os outros membros da família - este ano não vai dar para assistir a corrida com eles, mas sempre é bom ouvir os comentários.

Faster than the bullet from the gun - vamos embora. É hora da corrida.

Confidencial - Ao que partirá em nova aventura

10:07 0 Comments »
Abide with me; fast falls the eventide;
The darkness deepens; Lord with me abide.
When other helpers fail and comforts flee,
Help of the helpless, O abide with me.

Swift to its close ebbs out life’s little day;
Earth’s joys grow dim; its glories pass away;
Change and decay in all around I see;
O Thou who changest not, abide with me.

Not a brief glance I beg, a passing word;
But as Thou dwell’st with Thy disciples, Lord,
Familiar, condescending, patient, free.
Come not to sojourn, but abide with me.

Come not in terrors, as the King of kings,
But kind and good, with healing in Thy wings,
Tears for all woes, a heart for every plea—
Come, Friend of sinners, and thus bide with me.

Thou on my head in early youth didst smile;
And, though rebellious and perverse meanwhile,
Thou hast not left me, oft as I left Thee,
On to the close, O Lord, abide with me.

I need Thy presence every passing hour.
What but Thy grace can foil the tempter’s power?
Who, like Thyself, my guide and stay can be?
Through cloud and sunshine, Lord, abide with me.

I fear no foe, with Thee at hand to bless;
Ills have no weight, and tears no bitterness.
Where is death’s sting? Where, grave, thy victory?
I triumph still, if Thou abide with me.

Hold Thou Thy cross before my closing eyes;
Shine through the gloom and point me to the skies.
Heaven’s morning breaks, and earth’s vain shadows flee;
In life, in death, O Lord, abide with me.

Mondo Mistral - Televisivas e Cinemáticas

16:56 Posted In 0 Comments »
  • Adoro séries históricas, mesmo que elas não sigam a história à risca. É televisão, então que se dane a fidelidade histórica se ela não se encaixa no roteiro. Mas The Tudors, que está sendo mostrada no People + Arts, anda testando minha tolerância. Jonathan Rhys-Meyers interpretando Henrique VIII, como se o rei fosse um rock star renascentista (e ainda por cima magro) ?! Só rindo...!

  • Não gosto muito da voz da Edith Piaf, mas assisti e recomendo fortemente a cine-biografia da cantora, Piaf - Um Hino ao Amor, em cartaz na cidade. Senão pela música, ao menos para se embasbacar com Marion Cotillard, a atriz que encarna Mme. Piaf da juventude à velhice de maneira simplesmente fantástica.

  • Começou a Mostra de Cinema de São Paulo. Trânsito nas salas, confusão, gente com a credencial pendurada no pescoço como um troféu passeando pelo hall do Conjunto Nacional, problemas com as legendas, filmes intragáveis, horários impossíveis para ver as melhores fitas, the works. Como me divirto mais vendo a fauna local do que vendo os filmes, é hora de sacar os binóculos e o livro de ornitologia.

F-1

09:35 0 Comments »
Quatro dias para o GP Brasil de Fórmula Um - a final mais disputada em uns bons anos.

Meu medo é que o Hamilton e o Alonso se metam numa briga estilo Senna x Prost e o título vá parar nas mãos do Sr. Haikkonen, o piloto mais sem-graça no paddock.

Enquanto isso não acontece, vou arrumando a sala e encomendando a comida - dia de F1 no Brasil, dia de chamar o pessoal em casa para assistir e tacar amendoim quando o Galvão falar as bobagens habituais - ou seja, haja amendoim...!

Os gadgets do Rubinho

09:22 0 Comments »
Rubinho, amigo da família de quem já falei anteriormente, estava no hospital até um mês e pouco atrás. Ainda se recuperando, veio passar o feriado conosco em Atibaia. Parou de fumar (na marra), parou de beber (não pode por causa dos remédios), mas continua com um vício: colecionar gadgets estranhos.

Ele adora uma inutilidade doméstica e o pessoal adora quando ele traz alguma dessas para exibir em casa. No feriado, ele veio com uma raquete elétrica para matar mosquitos, que fez um baita sucesso. E uma lancha com controle remoto, que ele testou na piscina - outro sucesso de público e crítica.

Ele disse que no próximo feriado ele vai trazer um submarino com controle remoto, que ele viu não-sei-onde na internet. Essa eu quero ver...!

Da arte da mistura - adendos

18:32 1 Comment »
Porque recomendação de Enio-San é sempre bem-vinda, "Paperback Believer":



E a versão Beatles vs. Kraftwerk da qual falei (identificaram o número eletrônico como sendo a canção "Tour de France". Se estiver errado, favor corrigir).

Vícios Confessos, VIII - Fones de ouvido

12:26 Posted In 1 Comment »
CD player, Walkman, iPod, iPobre... Eu já disse antes o quanto amo andar por aí com trilha sonora portátil. Se a distância é maior do que dois quarteirões e vai ser percorrida a pé ou de ônibus, os fones de ouvido vão comigo.

A última vantagem que descobri foi que os fones ajudam a matar o tédio na aula de ginástica. Ao invés de correr ao som daquele bate-estaca chato, agora vou ao som do que eu quero. Dá até para esquecer que estou em uma esteira. Por uns dois ou três minutos.

Da arte da mistura

09:53 2 Comments »
Como dizer isso? De repente virei fã de mash-ups - ou o que acontece quando um DJ junta a base de uma música com a letra de outra e transforma numa terceira canção.

Tudo por causa da muito improvável mas muito bem-sucedida união de Beatles com Kraftwerk. Fora de brincadeira. "Eleanor Rigby" (a versão strings only que aparece no Anthology) com alguma faixa não-identificada dos robôs alemães. E deu certo.

Outras bagunças que apareceram - interessantes (Destiny's Child com Stevie Wonder, Green Day com Oasis, Mylène Farmer e Justin Timberlake) ou bem estranhas (Nine Inch Nails com Beatles, Beatles com Shaggy, Shakira contra Bee Gees e Madonna ao mesmo tempo).

A busca continua - é divertida, a confusão. Alguém aí tem sugestões?

Forno, Fogão

11:02 2 Comments »
Uma das minhas irmãs passou em casa dia desses de surpresa, com um presente que, segundo sua descrição, era a minha cara - um livro de receitas do Jamie Oliver.

Minha chefe, quando me casei, me deu dois belos livros de culinária, um deles com receitas do famoso restaurante Carlota - ao qual nunca fui, mas que alguns colegas tecem elogios. A julgar pelas receitas editadas, merece mesmo as loas.

Deu para perceber o esquema, certo? Quer me ver feliz, me arranja um livro de receitas. São úteis e alguns são até divertidos para ler fora da cozinha (o do Carlota, por exemplo - e o do Oliver, pelas tiradas do cara, muito bem traduzidas na edição nacional).

Sou uma criatura que gosta de cozinhar. Mas não sou uma chef amadora, nem de longe. Não gosto das receitas complicadas, não sei trabalhar com ingredientes raros e/ou gourmet, não entendo nicas de vinho (apesar dos genes italianos). Se quer comida refinada, vá ao restaurante - chez moi o esquema é o que meu avô Nelson chamava de "comida de guerra".

Gosto de aventais com frases engraçadas, mas a aparelhagem especial pára por aí. Corto e peso coisas a olho, sempre me confundo com as colheres (de sopa ou de sobremesa?), já cozinhei bolos e pães em panelas sem cabo por falta de fôrma, vivo substituindo ingredientes quando não acho o que preciso.

Quando a ocasião é especial, faço tudo direitinho, com tudo o que a receita manda, por mais estranho que me pareça. Mas não me divirto tanto assim. Meu negócio é mesmo a cozinha de guerra, com gargalhadas e erros, bagunça e animação. A vida, afinal, já é complicada o suficiente.

Redação: Aos Monges

08:31 1 Comment »

Free Burma!


Dizem que o mundo é pequeno - discordo.
Basta ver os monges da Birmânia
distantes das nossas vistas mundanas
acostumadas com o concreto e o raso.

Num planeta como o nosso
franco candidato ao ferro-velho
eis que aparece, do nada do nosso tempo,
o exército em açafrão e vermelho.
Eles esperam. E não tem medo
da inimiga primordial, chamada morte.
Estão longe da gente em todos os aspectos
E eis o modo como eles nos surpreendem.

Quando os monges perdem a paciência
e em dado momento partem para a batalha,
Eles vão à sua maneira:
encaram as armas. E esperam.
Mas uma hora até eles se cansam de esperar.


Dizem que o mundo está perdido. Discordo.

Basta ver os monges na Birmânia.



Mais informações: Anistia Internacional.

PS - eu sei que o nome do país atualmente é Mianmar, mas na minha cabeça eu ainda chamo de Birmânia. É um problema mundial - a BBC e as agências anglófonas ainda chamam o país de "Burma", daí a confusão no meu HD cerebral.

Porque Escrevo

10:05 1 Comment »
Trecho do discurso de Orhan Pamuk, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, ao receber a premiação na Suécia (informação gentilmente repassada por Maria Fabriani).

"Como vocês sabem, a questão que os escritores mais ouvem, a pergunta favorita, é: por que você escreve? Escrevo porque eu tenho uma necessidade inata de escrever! Escrevo porque não consigo trabalhar normalmente como as outras pessoas. Escrevo porque quero ler livros como aqueles que eu escrevo. Escrevo porque estou bravo com todos vocês, bravo com todo mundo.

Escrevo porque adoro ficar sentado numa sala o dia todo escrevendo. Escrevo porque só posso tomar parte da vida real transformando-a. Escrevo porque eu quero que os outros, todos nós, o mundo todo, saiba que tipo de vida vivemos, e continuamos vivendo, em Istambul, na Turquia. Escrevo porque adoro o cheiro do papel, caneta e tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance, mais do que eu acredito em qualquer outra coisa. Escrevo porque é um hábito, uma paixão.

Escrevo porque temo ser esquecido. Escrevo porque gosto da glória e do interesse que a escrita traz. Escrevo para estar sozinho. Talvez eu escreva porque espero compreender porque estou tão, tão bravo com todos vocês, tão, tão bravo com todo mundo.

Escrevo porque gosto de ser lido. Escrevo porque uma vez que eu tenha começado um romance, um ensaio, uma página, eu quero terminá-lo. Escrevo porque todo mundo espera que eu escreva. Escrevo porque tenho uma crença infantilóide na imortalidade das bibliotecas, e no modo como meus livros ficam na estante. Escrevo porque é excitante colocar todas as belezas e riquezas do mundo em palavras. Escrevo não para contar uma história, mas para compor uma história. Escrevo porque eu quero escapar do pressentimento de que existe um lugar onde eu deva ir mas - assim como em um sonho - eu não consigo chegar lá. Escrevo porque nunca consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz".



Concordo cento e dez por cento com ele.

Colourblind

10:15 1 Comment »
Eu bem que queria saber quem foi que decretou que cores como azul-royal, fúscia ou amarelo mamãe-não-me-perca-na-feira (copyright Dra. Tosca) prestam para fazer roupas. Se nem as modelos ficam boas naqueles tons, que dirá os seres humanos "comuns"?

(isso me lembra que eu tinha um par de sapatos azul-royal, lindos, com fecho tipo boneca. Só que eu tinha cinco anos de idade e eram os anos 1980).