Minha irmã, a médica

09:39 3 Comments »
Dizem que eu abri o berreiro, morta de ciúmes, quando ela nasceu. Eu não posso confirmar - tinha um ano e meio de idade.

Dividimos o quarto desde aquele dia até quando eu parti para a Inglaterra e ela partiu para a república. Ela dizia que eu ronco. Eu digo que ela fala quando dorme. Ela reclamava que eu lia na cama e deixava a luz acesa. E ela, que queria assistir TV quando eu estava dormindo?

Ela é metódica. Tem uma caligrafia perfeita. É organizada. Tem cabelo escuro e olhos castanhos. O meu oposto completo. Claro que isso deu problemas - mas também trouxe um equilíbrio estranho para o lar.

Eu penso, ela executa. Eu faço discurso, ela faz careta. Ela se mobiliza, eu vou tocando o barco. Ela é habilidosa, já foi boa desenhista, pintora e bordadeira. Pergunte se eu sei fazer alguma dessas coisas.

Ela e o namorado deram um micro-ondas de presente de casamento para mim e o alquimista. Prática como sempre, quando ela visitou o meu apartamento ficou feliz ao ver o presente em uso.

Ela gosta até hoje de ver TV para pegar no sono. E continua magrela.

Ela se forma médica hoje.

Eu só vou estar lá em espírito. As coisas são assim mesmo.

Mas é engraçado falar para os outros: "eu tenho uma irmã médica".

Para mim, ela é só a Tereza. Para os outros, de agora em diante, é Doutora Tereza, por favor.

É a minha irmã. Aquela ali. A doutora. Legal, né?

3 comentários:

Clara Madrigano disse...

Eh! Parabéns para a Tereza!

Henrique e Marina disse...

Afilhada.. saudade!

Anônimo disse...

eu e minha irmã também somos totalmente o contrário. Ela não vai ser médica, mas será engenheira... E eu... enfim... se o mercado deixar, jornalista. =)

Irmãs mais novas são muito o nosso orgulho, né?