Eu, Ilustrada

13:55 0 Comments »

Magic Carpet Ride

10:28 0 Comments »
Então o carpete do escritório precisa ser lavado. É, eu sei, nada de grandioso no fato - e nem teria notado o fato inexorável de que o chão onde eu piso 5 dias por semana está mais cinza do que bordô, não fosse a ordem de ir procurar alguém que lavasse carpetes.

Ou seja, cá estou eu entre informações e especificações confusas mais interessantes, orçamentos e outros que-tais. Eu acho que sou a única que se diverte com esse tipo de coisa - tipo uma sociedade secreta, com linguagem própria e tudo o mais.

Pelo menos faz o tempo andar mais depressa. E como o carpete vai demorar para secar, quem sabe a gente consegue sair mais cedo daqui?

Mondo Mistral: coisas que eu vejo quando ando pela rua

09:32 Posted In 1 Comment »
A moça de vestido vermelho, sandália rasteira e uma gérbera na mão, atravessando a rua.

O punk de cabelo roxo na esquina da Fradique Coutinho.

A reunião de metaleiros na porta da livraria porque o Blind Guardian foi autografar CDs- um piquenique à moda, com direito a violão e invejinha da minha parte porque eu tinha que trabalhar (só conheço Blind Guardian de nome - mas eu cresci na Galeria do Rock, caramba: cinco caras de camiseta de banda que se juntam na esquina, já tô querendo participar).

Os caras do Greenpeace e seus eternos abaixo-assinados.

O casal de namorados que briga sempre na frente do restaurante por quilo - e eu que me pergunto porque sempre lá.

O taxista que ouve Nélson Gonçalves no último dos volumes enquanto passa na rua.

O temente à Deus que lê a Bíblia enquanto atravessa a rua e quase é atropelado pelo motoboy.


(corta para a trilha sonora do Nino Rota, por favor).

O meu paraíso é onde estou

10:27 3 Comments »

Eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro sorriso
E o meu paraíso é onde estou
Eu não sei na verdade quem eu sou


("Eu não sei na verdade quem eu sou", O Teatro Mágico)


Todo mundo em algum momento tem uma crise hamletiana - ou seja, chega uma hora em que você encara o "ser ou não ser" diante do espelho e ficar se perguntando para que você existe. Até quem veio no mundo em férias pensa nisso, nem que seja em algum momento da madrugada de terça para quarta, quando deveria estar dormindo.

Obviamente, só os muito tenazes ou muito iluminados escapam desse questionamento ilesos. O resto do mundo acaba deixando para pensar nisso depois (ou então cai em depressão mais ou menos profunda). É da tal natureza humana - a necessidade de classificar, de procurar alguma certeza que não seja a de que se vai morrer no fim do filme.

Neste fim de semana, acabei me lembrando dessa música d'O Teatro Mágico e parei de ficar pensando no assunto. Se não tem jeito de descobrir para que é que a gente serve, o jeito é se fiar num pedaço de paraíso com um metro quadrado, que é o espaço que a gente ocupa quando está de pé.

E extender esse paraíso interno para os outros lados, para onde for possível, com quem se interessar. Essa é a única coisa que a gente devia nascer sabendo - felicidade é o paraíso, e ele só presta quando compartilhado.

Fones de Ouvido: uma defesa

10:11 Posted In 4 Comments »
Dizem que andamos cada vez mais isolados, envolvidos em nossos fones de ouvido e tocadores de MP3s - sejam eles iPods, iPobres ou similares entre uma ponta e outra da tecnologia. Quem anda de ônibus e metrô já sabe de quem se trata - é aquele cara ali, sentado ou empilhado entre os outros, que não vê o que se passa na sua frente e até esquece a estação em que tem que descer, de tão distraído que estão com a música.

Ou seja, um perigo à sociedade e aos costumes. Um sujeito que se isola na música não tem como prestar atenção em nada - se cai um cofre por perto ou se estão assaltando alguém na frente, ele não percebe. É um tonto, pois.

Faço, pois, uma defesa sem argumentos lógicos aos fones de ouvido. Por que o "isolacionismo" dos fones de ouvido?

  • Porque a vida já é uma complicação sem fim quando não há música.
  • Porque a paisagem lá fora (pelo menos aqui em SP) é um saco: congestionamentos, concreto, mais congestionamentos, mais concreto. E asfalto, asfalto, asfalto.
  • Porque uma viagem de ônibus / metrô é, em 90% do tempo, uma bizarrice que não tem nem medida de tamanho - mas tudo fica mais interessante com canções adequadas.
  • Porque o uso de uma boombox estilo rapper americano dos anos 1980 acarreta uma certa polêmica - devido tanto ao gosto musical do dono quanto às suspeitas de poluição sonora.
  • Porque quem disse que a gente não está prestando atenção?

Eu sou uma usuária dos fones de ouvido. E podem me chamar de isolacionista o quanto quiserem. A vida é bem melhor com música - sempre.

Tenho

16:38 0 Comments »
Uma dor de cabeça abissal, lição de casa para fazer, um dia de outono dourado na janela, uma grande lista de músicas para baixar, um plano de fuga, um monte de sonhos, uma carta de recusa, um motivo para seguir em frente.

Não é nada, mas é um começo. E todos os começos são misteriosos - e por isso mesmo mágicos. Allez hop!

Faster

11:14 2 Comments »
E lá vamos nós para a primeira temporada de F1 após a Era do Chucrute Voador (bem definido por um amigo meu como o homem de quem ficávamos "com raiva porque ele ganhava").

Não sou mais a fanática de antes, então entre dormir e ver a corrida ao vivo... Eu dormi. Assisti depois os melhores momentos e foi só - mas meu coração, que canta ao ver os bólidos na pista, ficou feliz ainda assim.

Faster than a bullet from a gun
He is faster than everyone
Quicker than the blinking of an eye
Like a flash you could miss him going by
No one knows quite how he does it but it's true they say
He's the master of going faster.

(George Harrison, "Faster")

Meu País

11:05 2 Comments »
"Nacionialidade?"
"Ponha aí, 'contraditória'".
***
Quino, como sempre, resume bem a situação.

Ao meu alquimista

08:43 1 Comment »

God only knows...

A Caravana do Senhor da Guerra

12:07 1 Comment »
E de repente a rua na esquina do escritório foi bloqueada pelo Exército. E quando eu digo de repente, é no sentido mais literal possível: de uma hora para outra, bem no horário de confusão, com motoboys empilhados na esquina e todo mundo indo almoçar. Fecharam a rua porque ia passar a caravana com o presidente norte-americano.

O resultado foi o de sempre, em se tratando de Sampa City. Muito trânsito, confusão, buzinadas mil, office-boys jogando uma partida improvisada de futebol na rua paralisada. E todo mundo esperando o cara aparecer, já que não dava para fazer outra coisa.

E eis que aparece a comitiva: seis carros de segurança, duas limusines, uma ambulância, dois carros de imprensa e dois motoboys que furaram o cerco (a pressa é uma coisa magnífica). Passaram num piscar de olhos - e logo toda a barricada foi desmontada, como se nada tivesse acontecido. Afinal, certamente a intenção do Senhor da Guerra não é atrapalhar nossos afazeres aqui no quintal do mundo, certo?...

Cromossomo XX

08:51 1 Comment »



Qu'on soit des filles de
Cocktails, belles
Qu'on soit des filles des
Fleurs de poubelles
Toutes les mêmes
Qu'on soit des croissants de lune
Qu'on soit des monts de Saturne
Pour l'I.V.G. ou en bulle
Nous on a


(Sejam elas as garotas de festa, belas
sejam elas garotas das flores da lata de lixo
Todas as mesmas
Sejam magras
ou sejam gordas
as que tenham abortado ou as grávidas
Nós precisamos de...)


On a besoin d'amour
On a besoin d'amour
Besoin d'un amour XXL
On veut de l'amour XXL


(Precisam de um amor XXL
Desejam um amor XXL)


Qu'on soit des filles de
L'histoire, rares
Qu'on soit des filles des
Fleurs de trottoirs
C'est comme ça
Qu'on soit Paul en Pauline
Faire la une des magazines
Négatives ou positives
Toutes les filles


(Sejam elas garotas da História, as raras
sejam elas as garotas que fazem as calçadas
É como são as coisas
Sejam elas Paul transformada em Pauline
ou a capa da revista
Negativas ou positivas
Todas as garotas...)


Elles ont besoin d'amour
On a besoin d'amour
Besoin d'un amour XXL
On veut de l'amour XXL


On a besoin d'amour
Besoin d'une flamme
Et de vague à l'âme
On a besoin d'amour
Besoin d'un regard
De peau et de larmes


(Precisam de amor
De uma chama
E de uma tristeza na alma
Precisam de amor
de um olhar
de pele e de lágrimas)


(Mylène Farmer, XXL)



Celebro o dia em que não vai ser preciso lembrar que existe um Dia da Mulher, porque o mundo terá mudado... Até que esse dia chegue, a luta continua - e por que não?

Miniaturas

09:40 2 Comments »
Meu primeiro walkman era praticamente um radinho de pilha com alça para prender no cinto. E não tocava fitas. Depois eu ganhei um walkman com rádio e fita - que eu adorava e que sobreviveu (literalmente) poucas e boas nas minhas mochilas. Depois vieram uma série de CD players e depois os MP3s players. Diminuindo sempre, porque este é o caminho da tecnologia.

E por causa disso eu achei que não ia me surpreender com mais nada no mundo.

Ontem vi um iPod do tamanho de um envelope de Aspirina e a grossura de um lápis preto. Sem brincadeira. E ainda vinha em cores Beatles (pense nos uniformes da banda do Sgt. Pepper). Não é para o meu bico, é fato, mas digamos que meu queixo ainda não voltou à posição original.

Quando é que eu ia imaginar que eu poderia, um dia desses, andar por aí com um broche que toca música de verdade!

Pensando bem, ao vivo ele é ainda menor que um envelope de Aspirina.

Das pessoas que pedem calma

09:21 4 Comments »
Claro que existem os bem-intencionados - aqueles que num momento de descontrole realmente querem ajudar, fazer você ficar tranqüilo, auxiliar a resolver o problema em questão. E para estes Deus criou uma sala especial no céu, com open bar e banda legal tocando.

Mas na maioria das vezes o que você vê numa hora de desespero é aquela pessoa que diz "fica calma!" querendo dizer na verdade "cale a boca e pare com essa histeria que você está me incomodando!". E para estes Deus criou coisas como o furúnculo e os programas de domingo à noite na TV.

Da sapiência dos provérbios

12:35 1 Comment »
A good laugh and a long sleep are the best cures in the doctor's book.
(Provérbio irlandês - "boa risada e boa noite de sono são as melhores receitas médicas". Dada as condições de hoje, vai ser "boa risada", que "boa noite de sono" anda em falta...)
Tra il dire e il fare, c'è di mezzo il mare!
(provérbio italiano - "entre dizer e fazer, tem no meio o oceano", ou seja, mais fácil falar do que meter a mão na massa. Lembrete constante quando alguém vem com idéias mirabolantes para mudar o mundo - geralmente o tipo que não sabe nem o nome dos vizinhos.)

À sotte demande, point de reponse.
(Provérbio francês - "Para pedidos estúpidos não há resposta". Vou mandar fazer uma placa com esse e entregar à chefia do escritório!)

Lá vou eu

17:52 0 Comments »
Com a bolsa listrada com dois tons de laranja (e veludo, porque a moça que fez a bolsa gosta de veludo) no ombro, descendo a rua com os fones de ouvido à toda; carregando livros, caderno, estojo, a pia da cozinha. E também o mais que inútil guarda-chuva (basta eu lembrar dele para que não caia um pingo d'água sequer na cidade).

Um lindo pôr-do-sol se anuncia na janela do décimo-quinto andar. O outono se aproxima, de fato: nehum pôr-do-sol se compara aos que acontecem nessa estação do ano.

A felicidade, no meio de tanta confusão no mundo, parece até motivo de vergonha. Mas ela brota entre as frestas do concreto, minúscula e persistente - e insiste para entrar, insiste tanto para ser vista e apreciada.

Lá vou eu pela rua de novo.