Contabilidade Natalina, II

16:20 1 Comment »
Presentes corporativos recebidos: três panetones, dois alfajores Havana, uma caneta e uma tonelada de cartões.

Presentes não-esperados: dois CDs de um colega do curso de Francês.

Vezes que ouvi "Happy Xmas (War is Over)" - duas. Graças a Deus, nenhuma delas foi na voz da Simone.

Visitas à 25 de Março - este ano, nenhuma (viva!).

Visitas ao Mercado Municipal - este ano, nenhuma (oh, droga!).

Período de férias do blog: de hoje até primeira semana de janeiro.


Portanto, boas festas a todos - e fui, que tenho um monte de panetone para encarar.

Meus Vizinhos

09:01 0 Comments »
Meus vizinhos decidiram reformar a casa para o Natal e o Ano Novo.

Isso significa que, mesmo de férias, eu acordo às sete e meia da manhã - porque é quando os pedreiros começam a derrubar paredes e pisos na casa ao lado.

Espírito natalino be damned!

O que há num nome?

11:57 3 Comments »
Anna, em caracteres árabes

Por que você se chama como você se chama? É uma homenagem? Uma tradição? Uma vingança dos seus pais (alguns prenomes só se explicam assim)? É por causa de um ator, de uma música, de um personagem?

Meu primeiro nome vem do latim e do hebraico: graciosa - o que, logo se nota, foi um erro de cálculo dos meus pais, considerando o meu temperamento. Mas, enfim, como é que eles poderiam saber? Foi-se "Anna", como a avó paterna.

Carolina, em caracteres árabesO outro nome veio do germânico: melodia. Graciosa melodia - meu Deus, eu sou uma canção dos Beatles. Tenho uma certa vergonha de dizer que fui batizada em parte por causa de uma música do Chico Buarque - é, diabo, aquela "Carolina", que eu detesto, que me faz ver roxo na frente. Mas isso é o de menos... Chico Buarque ainda é aceitável... Se eu tivesse sido batizada por causa de uma canção de Caetano Veloso, eu juro que mudava de nome.


E você?

Rádio Mistral FM - "Acid Queen"

15:17 Posted In 5 Comments »


"The Who's Tommy". Eu tinha 15 anos quando vi esse filme pela primeira vez. Foi meu primeiro contato com o Who - e nem preciso dizer que isso virou minha vida do avesso.

E de todas as maluquices - as botas do Elton John, Jack Nicholson cantando, Oliver Reed e Ann-Margret, Eric Clapton como um padre - aquela que mais me marcou foi Tina Turner como a Acid Queen. E quem há de discordar?

Guia Turístico para o General Falecido

16:05 2 Comments »
Há uma certa dúvida no momento, nas repartições do Inferno, Inc., sobre o local para enviar o sr. General. Oitavo ou nono círculo? Rios de lava e sangue, açoites, telemarketing 24 horas por dia ou o colo de Satanás em pessoa? Dúvida cruel.

Alguém sugeriu uma semana em cada lugar durante a eternidade.

E assim foi feito.

***

Sic Transit Gloria Mundi, general.
Três mil pessoas (no mínimo) querendo acertar contas com você.
Divirta-se...

Às vezes

17:48 0 Comments »
Às vezes a curva é um pouco mais fechada, o susto é um pouco mais intenso, o soco dói mais. Eu sei. Eu entendo.

Mas põe na cabeça, caramba, que "às vezes" só vira sinônimo de "quase sempre" se você for muito besta de não aprender com os teus erros. Simples assim. Não é culpa do mundo - não desta vez.

Para me achar no mundo

14:58 2 Comments »


A seta indica o local.
(estou atravessando a rua para ir na padaria).

Contabilidade Natalina

10:50 3 Comments »
Cartões de Natal (este ano comprados na barraca da Unicef do lado do Conjunto Nacional - recomendo): prontos. Só falta enviar.

Árvores: duas, ambas de plástico - uma em casa (com os velhos enfeites de sempre) e outra (estilo bonsai) no escritório. A chefe não reclamou. Para ser sincera, ela anda tão apressada que ela nem viu.

Jogadores de vôlei: uma seleção inteira, vista ontem no desfile em carro aberto na Av. Paulista. Confesso que acenei.

Vezes que ouvi "Então é Natal" (versão mata-renas do "Happy Xmas, War is Over") : até agora, misericordiosamente, nenhuma.

Panetones consumidos: um dezesseis avos de um chocotone, anteontem. A tendência é de alta.

Legal X Nem Tanto

20:44 3 Comments »
É legal poder descansar, não ter idéia fixa nenhuma te atazando a cabeça.
Mas não é tão legal quando isso se prolonga por mais tempo do que o desejado/esperado e você fica desesperado para escrever, só não sabe o quê. Ou pior, o porquê.

É legal curtir a chegada do Natal e todos os seus rituais, por mais bobos que eles sejam.
Mas pegar o metrô na 25 de Março em dezembro acaba com qualquer espírito natalino.


É legal ouvir sua música favorita no meio de uma loja.
É mais legal ainda quando tem alguém do lado que comenta, "ouve só que música legal!"


Não é legal ter deprê de domingo à noite.
Mas com humor dá para ir levando. Afinal, os dias passam e a gente, de um jeito ou de outro, sobrevive.

Escrito ao som de Laisse Béton- Renaud
(clique para ouvir)

You know what the word is

15:35 1 Comment »
Eles foram o meu primeiro amor - coletivamente. O primeiro CD que eu comprei com meu dinheiro, os primeiros pôsteres na parede, o motor primordial da minha ida à Inglaterra e de muita coisa que eu hoje sou e tenho. Foi tudo culpa deles, de certa forma.

E quando você pensa que não existe mais nada a ser descoberto, que você já conhece todo o catálogo de trás para a frente, eis que o mundo volta a girar na direção de Liverpool.

De novo, The Word is LOVE.

***

Update: um vídeo muito legal que dois colegas de Beatlelinks fizeram para Here comes the sun.

Porque sim, diabos

15:18 2 Comments »
Por que eu gosto dos Beatles e não gosto do Pink Floyd?

Por que eu rôo as unhas?

Por que caramba eu desgosto de azeitonas?

Por que eu não consigo levar nenhum político a sério? Nem mesmo o Churchill, que é meu modelo de comportamento, setor "discursos excelentes"?

Por que todos os meus músicos preferidos não são galãs? Tipo, Ringo Starr e aquele nariz. Jean-Jacques Goldman idem. Pete Townshend, ibidem à quarta potência. Garou e aquelas orelhas de abano. Roger Daltrey e aquela queixada. Dá para notar uma certa tendência a adotar os esquisitos da loja de discos...

Por que eu não consigo gostar do Chico Buarque?

Em resumo: por que diabos eu não posso ser uma pessoa um pouco mais normal?!

Rádio Mistral FM - "Caravane"

10:23 Posted In 1 Comment »



(...) Nada pode ser esquecido? Porque é preciso existir uma justiça / Eu nasci nesta comitiva/ e vamos partir, então vem... Então, vem! / E porque minha pele é a única que eu tenho / que logo meus ossos estarão expostos ao vento / eu nasci nesta comitiva/ e vamos partir... Então, venha!

Raphaël, "Caravane", 2005.

Um dia, eu vou te contar o porquê da minha paixão pelas canções que falam de fugas. Por enquanto, escuta isso. Et allez, viens.

Popularidade

09:23 2 Comments »
Eu sempre quis saber que fim levam os nossos colegas de classe ditos "populares".

Porque ser "nerd" ou simplesmente fora da padronagem tem lá uma vantagem: ninguém dá um tostão furado por você - e, portanto, qualquer coisa que você fizer de grande será surpreendente. Veja o Bill Gates, por exemplo. Ou, sei lá eu, o John Lennon (arruaceiro-mor) ou Roger Daltrey (que foi expulso da escola).

Mas o que acontece com as estrelas da classe? Viram estrelas na faculdade também? Viram empresários do tipo "Melhores do Ano"? Ou simplesmente somem, consumidos pela própria luz e pelas expectativas do mundo, como aconteceu com os populares da minha classe?

Às vezes, eu bem que queria saber. Esse tipo de dúvida nem Orkut ajuda a responder (já que por lá, como por toda a internet, você tem o rosto que deseja ter).

Mondo Mistral, edição sonada

11:32 Posted In 2 Comments »
  • Conhece a expressão "me deu um branco"? Ontem descobri o equivalente em francês: "me abriu um buraco na mente". Uma pena que eu descobri isso justamente porque, na hora de falar durante a aula, veio um Omo Dupla Ação completo dentro da minha caixa craniana e eu não consegui falar coisa nenhuma. Argh, que raiva.
  • Eu não devia ser tão caxias. Também deveria dormir mais e lembrar de jantar antes da aula. Já seria uma ajuda para evitar os brancos. Enquanto isso, toca estudar mais. Agora é guerra!

  • Rochester, Rochester, eu vou chamar a Organização Mundial do Trabalho se os seus feitores não deixarem você voltar para casa, meu.

  • Parece que o mundo precisa de férias. Todo mundo se arrastando para o recesso de fim de ano.

  • E será possível que eu sou a única pessoa que ainda gosta do Natal? Apesar de tudo? Apesar de todos? Que coisa!

Axioma

15:16 2 Comments »
Somos todos preconceituosos, de um jeito ou de outro. É do hábito humano dividir o mundo entre o "nós" e o "eles". Se não por cores, dividimos por religiões ou mesmo por coisas tolas como o gosto musical, a preferência política, sexual ou alimentícia (quem já enfrentou um vegetariano bravo sabe o que eu quero dizer).

O que nos faz melhores ou piores do que alguém?

Eu não sei. Mas sei que decidi atravessar a cortina de fumaça e ir conhecer o outro lado, as outras pessoas, os outros mundos. Porque pode ser do hábito humano dividir. Mas é da minha vontade juntar.

Redação: Centro da Cidade

10:47 Posted In 1 Comment »
Conheço o centro de São Paulo bem mais do que gostaria. Para ir ou para voltar do trabalho, eu passo pelo coração do gigante (como diz o Rochester) cinco dias por semana. Às vezes, o cenário me cansa um bocado. Eu adoro minha cidade, mas não gosto muito de ver os mesmos buracos na calçada e os mesmos prédios sujos todos os dias, quase sem exceção.

Ainda assim, no fim do dia eu gosto de lá.

É incrível como as coisas por lá mudam e ao mesmo tempo não mudam. As lojas fecham, os prédios envelhecem e, no entanto, a estrutura ainda está lá. E as pessoas ao redor também: os homens-sanduíche, os compradores de ouro, os ambulantes, as cartomantes e as ciganas, os mendigos e os pregadores. O Pátio dos Milagres existe e está ali. Victor Hugo, eu bem te entendo.

Ainda existem as cavernas de Ali Babá, onde reluzem tesouros perdidos aos olhos de quem passa com pressa. Sebos, livrarias, uma loja de jóias e canivetes, essas coisas que não chamam muito a atenção do grande público. É o que me faz voltar sempre. Existe sempre alguma coisa para descobrir, alguma coisa para esconder, algo para reencontrar e até para temer, debaixo do concreto do centro.

Abrindo Falência

15:11 1 Comment »
Tanto a ler, tanto a escutar, tanto a aprender...

... e tão pouco tempo e dinheiro!

Pátria Amada

11:01 2 Comments »
Minha pátria não é a do RG nem a do passaporte (os dois verdes, com fotos que não se parecem lá muito comigo). Minha pátria é o que está ao meu redor, são os meus sentidos.

Os amigos que estão perto e os que estão longe. Os afundados em trabalho e os que procuram um trabalho. Os que falam comigo em idiomas distantes e até mesmo os que não falam mais comigo por nada e por tudo.

O céu de primavera de São Paulo, o céu de outono de Norwich. O vento encanado das estações de metrô, o barulho das ruas, os aviões e os detalhes da Terra que segue.

A voz dos meus oiseaux de nuit, de todas as divisões e de nenhuma em particular, que me sussurram palavras de ordem, de doçura ou amargura; que me movimentam e me fazem compreender que ainda existe alguma coisa dentro da alma cansada da repórter.

Minha pátria é inventada, inexistente fora da minha cabeça; e ainda por cima finita, posto que quando eu partir deste mundo ela se esfacelará para o território do nunca mais. Nem melhor, nem pior do que nada, tampouco comparável a outras pátrias imaginárias.

Simplesmente, conscientemente, é a pátria que eu escolhi para mim.

Rádio Mistral FM - "Le monde est stone"

09:47 Posted In 1 Comment »



Minha cabeça explode, eu só quero dormir / me estender no asfalto e me deixar morrer / Pétreo, o mundo é pétreo/ eu procuro pelo sol no meio da madrugada / eu já não sei mais se é a Terra que gira ao contrário / ou se sou eu que me faço um cinema / Eu já não tenho mais vontade de lutar, já não tenho vontade de correr / como todos estes autômatos que constroem os impérios / que o vento pode destruir como castelos de cartas / Pétreo, o mundo é pétreo / eu procuro pelo sol no meio da madrugada / deixe que eu me debata / não venha me socorrer / venha ao invés disso me abater / para me impedir de sofrer / Minha cabeça explode, eu só quero dormir / me estender no asfalto e me deixar morrer...

Créditos: "Le Monde Est Stone", Luc Plamondon e Michel Berger, do musical Starmania, 1978. Interpretação de Garou, no disco Seul, 2000.

Mas por que esta música, considerando que minha vida vai muito bem nos eixos (apesar de tudo)? Eu sei lá! Por causa da voz do Garou, peut-être - outro da linhagem que acaba quando for apresentado às pastilhas Valda, como diz o meu alquimista, mas que canta como se fosse o último dia.

Seja como for, essa música entrou debaixo da pele, que é onde a alma reside, e por lá se instalou. Não existe explicação. Tanto melhor assim.

Música

09:11 0 Comments »
CDs enviados pelo computador, por uma amiga do outro lado das águas, colocando no meu alcançe coisas que eu nunca veria se não fosse a gentileza dela. Canções berradas no rádio, salvando uma noite e uma vida. Um acorde que abre o veio de uma idéia há muito perdida.

Disse milhões de vezes, direi outro tanto: a música é o que me salva.


Ao som das declarações de amor à música:
Long Live Rock (The Who)
e Quand La Musique Est Bonne (Jean-Jacques Goldman)

Dos problemas do esquecimento

08:48 2 Comments »
Disseram-se certa vez que o cérebro, por ter uma capacidade de armazenamento limitada, "limpa" algumas memórias para que outras possam ser registradas.

Tudo bem, por mim não há o menor problema.

Mas o meu cérebro tinha que apagar justamente a data de vencimento da conta do meu telefone?!

Mensagem sucinta com uma canção legal para um rapaz que completa 29 anos hoje

09:27 1 Comment »



Feliz aniversário, Luís!
(desejando hoje e sempre um monte de Good Vibrations na sua vida)

Sério

13:00 2 Comments »
Eu não sei se me levo a sério.

Acho que já perdi muito tempo tentando ser uma pessoa organizada, discreta e com um tom de voz que não faça tremer o lustre.

Com o tempo, o esforço para não gritar e ficar sentada no lugar acabou me exaurindo. Foi quando eu deixei de me levar a sério.

Obviamente perdi muita coisa com a mudança de comportamento. Mas pelo menos eu consigo respirar tranqüila no fim da semana. E isso não vale tudo?


Escrito ao som de Et Dans 150 Ans - Raphaël

Eu preciso

13:05 2 Comments »
Eu preciso de sol, de sorte, de chocolate, de paciência e de almoço. Pode ser em qualquer ordem, não me importo - mas tem que vir logo porque senão eu explodo, juro por Deus!

Mondo Mistral (em horário de verão)

09:25 Posted In 1 Comment »
Então foi isso: um casamento, uma formatura, um princípio de festa punk no casamento (nunca pensei que viveria para ver amigos meus pogando na pista como se tivessem 17 anos), uma família fazendo uma coreografia perfeita na formatura (e fazendo meia pista dançar junto), o horário de verão, a sentença de Saddam, a confusão nos aeroportos, o retorno do feriado.

E a vida continua, por bem ou por mal. E eu tenho que me acostumar com o horário de verão, querendo ou não.

Um soldado, uma batalha, uma guerra

10:03 5 Comments »
Meus moinhos de vento são os arranha-céus.
Meu Rocinante é o trem do metrô.
Tenho vários Sanchos, de sotaques e portes diferentes.
Tenho uma Dulcinéa meio assim, digamos, distante. Porque a inspiração é uma menina mimada que só aparece quando lhe dá na telha.

Eu não sou o Dom Quixote mas estou armada como tal.
E que venham os gigantes!

***

Feriado de Finados é um troço complicado. Especialmente agora que eu passo perto de dois cemitérios no caminho para o trabalho. Fico com paúra das flores, da visita protocolar, do gesto automático de só ir "visitar" os parentes falecidos nessa data.

Não tenho e nunca tive medo de cemitério. Medo da morte é diferente: tive, tenho e até que chegue a hora continuarei tendo. Tremendamente normal, não? Mas medo de cemitério? Bah, vão ver se estou na esquina. A paúra é pela consternação do dia de Finados, das pessoas que só estão por lá para cumprir tabela.

Por isso não gosto do feriado de Finados. Aquela cerimônia toda não é para mim. Eu me lembro dos que se foram à minha maneira. E nem sempre na data que o calendário manda.

***

Je suis en état de marche. I'm into the war path.
Ou seja: ou sai da frente ou eu vou passar por cima.
Não se preocupe: volto ao estado "normal" assim que as coisas se acalmarem. Provavelmente no ano que vem...

16:19 0 Comments »
(imagem veio daqui)

On thee I put my faith...

Mondo Mistral Pós-Eleitoral

15:18 Posted In 0 Comments »
  • Semana curta é bênção e maldição: bênção porque são só três dias de trabalho e maldição porque o trabalho de cinco dias se acumulam em apenas três.

  • Chamada para prestar auxílio a um colega português, esta que vos digita acaba por concordar com uma adaptação da frase de G.Bernard Shaw: Brasil e Portugal são dois países separados pelo mesmo idioma.

  • E está aberta o Mês do Salto Alto para mim: um baile de formatura, um casamento e um evento internacional me forçam a encarar meu pior inimigo, os sapatos sociais. Já estou fazendo cotação para a compra das bandagens.

  • Novembro? Já é novembro? E as lojas já estão sendo decoradas para o Natal. Dá para fazer a fita andar mais devagar, fazendo o favor?!

Redação: meu dia de eleições, II

13:26 Posted In 0 Comments »
(suíte de um post anterior)

E fui votar no segundo turno. Desta vez a zona eleitoral estava bem mais calma e bem mais limpa. Sensação de favas contadas, aquela chatice toda, nem briga teve direito. Minha irmã foi escalada de novo para ser mesária de novo, na mesma seção com os mesmos nomes bizarros.

E descobri o nome completo do Alckimin, o que me deixou com um ataque de risos no meio do corredor: como é que eu posso levar a sério um sujeito que foi batizado como "Geraldo José"? E não me venham com comentários sobre o nome do outro candidato, que esse eu nunca levei a sério.

Enfim, eu fui votar. E hoje, como toda boa casa de italiano, tem macarronada no almoço. E a semana é curta. A vida continua e o céu está lindo. Já não está bom?

Carta para um amigo distante

11:43 0 Comments »

Caríssimo Suíço Cabeludo,

Hoje encontrei aquele CD que você me fez com as fotos de dois jantares da turma em Norwich e daquela vez em que construímos um boneco de neve no campo da universidade (eu, você, a Inês, o Sandeep, o Domenic e aquele norte-americano que era seu colega de curso e cujo nome eu nunca lembro).

Você não imagina como eu fiquei com saudade daquele pessoal todo. Da Neelam e seus bolinhos, disputados a tapa. Dos chineses (sabe que eu reencontrei o H. Yang na formatura? Uma coisa ridícula, porque eu estava no ônibus e ele também e a gente só se falou dois minutos - que raiva que me deu depois!). A Mona e o Sooruj (a Mona tinha acabado de cortar o cabelo, tinha ficado tão estranho!). Da Audrey, que agora está morando em LA. Do Kwesi, o senador de Norfolk Terrace. Do Shiva, lembra dele?, o amigo da Neelam que vivia filando comida na nossa cozinha. E o John, que tinha aulas de nepalês com a Neelam? Ea Ruby que sempre sorria e o Lu que comia até o pé da mesa se deixassem...

Foi muito engraçado rever todas aquelas imagens - a mesa cheia de comida, as gargalhadas, o Sooruj e você jogando xadrez (até hoje não sei quem ganhou aquela partida), a neve e toda aquela coisa.

Eu espero que você esteja bem, no seu canto do mundo, tentando salvar a pátria como você sempre planejava. Mesmo que você nunca chegue a ler estas linhas, segue um pensamento feliz para você vindo do outro lado das águas.

Yours most sincerely...


You and I have memories, longer than the road that stretches out ahead...

Mistral Gagnant: Trilha Sonora Original

14:07 3 Comments »
O roteiro em si não é lá muito original (garota encontra garoto, garoto apresenta banda de rock à garota, garota se apaixona pela música etc) mas a trilha sonora do filme até que é interessante. Se a vida da gente é um filme...

  1. Overture for "Tommy" - The Who
  2. Encore un matin - Jean-Jacques Goldman
  3. Dead end street - The Kinks
  4. Le chanteur - Daniel Balavoine
  5. Any road - George Harrison
  6. Je suis le même - Garou
  7. Call me - Blondie
  8. Libertine - Mylène Farmer
  9. Embrace me, you child - Carly Simon
  10. L'aigle noir - Barbara
  11. Forever came today - Diana Ross and The Supremes
  12. Caravane - Raphaël
  13. Ordinary World - Duran Duran
  14. Déjeuner en paix - Stephan Eicher
  15. Still - Macy Gray
  16. Face a la mer - Les Enfoirés
  17. Acquiesce - Oasis
  18. Mistral Gagnant - Renaud

Porque isso se discute

11:06 1 Comment »
Verdade seja dita, eu sou um ser humano qualquer-nota em matéria de opinião polêmica. Eu acredito naquela coisa arcaica chamada divisão de Igreja e Estado e portanto eu só me ferro...

Exemplo: a probição do aborto. Eu, pessoa física, não sei se teria coragem de fazê-lo se o cenário assim se desenhasse. Mas sou contra a criminalização do ato. Porque nem todo mundo é cristão no país e portanto ninguém teria de ser obrigado a seguir uma lei baseada em Fé e não em Razão.

O mesmo se aplica às uniões civis. Eu não namoraria uma mulher - sou Kinsey zero, monogâmica e bem feliz assim, obrigada por perguntar. Mas, raios, o país é uma salada de gente e tem de tudo na mistura. Se dois caras ou duas minas se amam, pagam impostos e obedecem às leis como todo mundo, por que com mil ânforas eles não podem ter os mesmos direitos que um casal dito "normal"?

Um homossexual não pode virar para a Receita Federal e pedir desconto no Imposto de Renda, com o argumento de que como ele não usufrui de todos os direitos civis e legais, logo ele não se vê no direito de pagar o preço fechado. Ou pode?

Acredito no poder da razão, por mais estranho que isso possa parecer nos dias de hoje. Só gostaria que isso se espalhasse um tanto por aí. Quem sabe eu me entenderia melhor com os radicais de costa-a-costa que vêem o mundo em dois tons, enquanto eu vejo tudo em Technicolor!



Escrito ao som de Sexual Revolution - Macy Gray
(clique para ouvir)

Silêncio

15:27 1 Comment »

O telefone toca como casa de parteira nove meses depois do Carnaval. Todo mundo correndo no escritório - todos os eventos caíram na mesma semana.

Quando tudo cessa ao mesmo tempo - como se ensaiado - um silêncio incômodo paira no ambiente. Estranho como a gente se habitua à correria.

Para um rapaz roendo as unhas de nervoso

11:45 1 Comment »

(...)

Réveille-toi
Debout ; Tiens-toi droit !
On va leur montrer
Qu'on peut tout changer
Je sais bien que les oiseaux perdus
Ne reviendront jamais
Mais arrête de dire dans ton lit
Que tu vas faire tout sauter
Allons viens et calme-toi
Parle-nous, ouvre-toi
Réveille-toi !
Debout !
Tiens-toi droit !
On va leur montrer
Qu'on peut tout changer ...

(D. Balavoine, Les Oiseaux, part II)


Tudo vai dar certo no final.

E se não deu certo é porque não é o final.. .. ...

Uma frase que bem me explica

16:59 1 Comment »
"Se eu morrer, estás perdoado. Se eu me recuperar, então veremos..."

(provérbio espanhol)

Coisas difíceis de serem respeitadas

16:56 0 Comments »
Chefe que grita sem motivo.

Farol em lugar perigoso à noite.

Pessoas que forçam seu ponto de vista na marra.

Gosto musical dos vizinhos.

Os assentos reservados nos ônibus, especialmente nos horários mais movimentados.

Idem para faixas de pedestres ou exclusivas de ônibus.

Concordância de verbos quando se está com raiva, pressa ou falando com mooquenses.

Mondo Mistral - No Escritório

14:52 Posted In 2 Comments »
  • O telefone está quebrado, o fax está com problemas, o servidor de email não serve nem para pendurar a roupa. E a semana nem começou ainda. E um viva à tecnologia.


  • Dezoito andares no prédio - e por que as mulheres mais tagarelas e histéricas do condomínio tem que trabalhar justamente do outro lado da minha parede?


  • Alguém aí sabe dizer como a pessoa deve se comportar no elevador quando um sujeito conta a história mais engraçada do mundo para o colega e você fica com vontade de rir junto - mas claro que não devia estar ouvindo a conversa?


  • Dormir durante reunião chata pode ser usado como motivo em demissão por justa causa? Só para saber...!

Escrito ao som de Courting in the Kitchen - Gaelic Storm

(o link leva ao site da banda)

Redação: Transporte

11:14 Posted In 4 Comments »
Chove pouco, não o suficiente para me convencer a pegar o guarda-chuva. O calor na cidade é de estrangular. Mas, porque chove meia dúzia de pingos, os vidros do ônibus vão fechados. E que se dane o calor.

Parece que dizer bom dia ao motorista do ônibus é uma atitude estranha por aqui, a julgar pelo olhar dos passageiros ao redor quando faço isso. Mas nunca vi nenhum motorista ou cobrador reclamar do gesto.

"Quer que eu segure a sua bolsa?" É um gesto comum entre as sardinhas, quero dizer, entre os usuários de ônibus e metrô. Afinal, quem vai sentado não gosta de viajar com uma mochila ou pacotes batendo no nariz. Mas há quem olhe como se o cortês companheiro de suplício fosse um ladrão em potencial e diz "não, não precisa" com ar de raiva sorridente. E toca o cidadão atrapalhar todo mundo com sua mochila ou pacotes.

Parar fora do ponto não pode. Mas e quando o "ponto" é, quase literalmente, dentro de uma floreira? E antes que você me pergunte, sim, existe este tipo de troço - e eu tenho que descer nele de segunda a sexta. Planejamento urbano o caramba.

Isso para não dizer do perigo que é andar de ônibus à noite. Minha sorte é que eu entro e saio em áreas bem movimentadas e iluminadas, mas Deus proteja quem vai até o fim da linha. E todos aqueles que dependem do transporte público em Sampa City, porque estamos mesmo precisando...

Pour être une fille - II

22:10 2 Comments »
Primeiro, uma apresentação ao personagem: Rubinho é um amigo da família, um sujeito adorável e exagerado como os italianos calham de ser. Colecionador de armas (a começar pelo carro, um Volks do tempo do Proalcool que ele não vende, não doa e decididamente não empresta), me escutou comentando sobre um desejo antigo e pois pôs-se a cumpri-lo, para minha surpresa...

Portanto, para parafrasear o comentário do João, Amèlie Poulain e Débora Rodrigues acabam encontrando um ponto em comum: bolsas belas e delicadas e um mini-canivete suíço legítimo, presente do Rubinho, muito bem preso no chaveiro!

Escrito ao som de Tant Qu'On Rêve Encore, do musical "Le Roi Soleil"
(no link, um vídeo com as melhores cenas do musical)

Pour être une fille

15:30 2 Comments »
Eu sei trocar lâmpadas e tomadas, abrir vidros de conserva; gosto de Fórmula um, de carros antigos, de futebol e de aviões; não sou a favor do salto alto e do esmalte de unha.

E, no entanto, dentro do meu cérebro, ao lado desse projeto de caminhoneira, reside uma Amélie Poulain típica, com direito a suspiros, bichos de pelúcia e coisas fofas. É o lado que tem nojo de barata e que enrubece com elogios.

O lado Amélie gasta até o que não tem em bolsas feitas por Denize Mãos-De-Fada.

O lado caminhoneira se pergunta: as lindas bolsas combinam com jeans, tênis e camiseta de banda?

E eu, soma das duas coisas, tento conciliar a briga e dou risada. Estereótipos be damned.


Escrita ao som de Cendrilion - Téléphone
(porque estereótipos são bons para serem subvertidos)

A contragosto

09:56 1 Comment »
Coisa que eu abomino é conselho. Eu não peço e não ofereço. E não gosto quando alguém que não conheço e que não me conhece decide, movido por alguma fúria santa, se meter nos meus afazeres. Geralmente sem pedir e geralmente com "boa intenção".

Os que me conhecem sabem que eu não sou refratária a conselhos; eu até ouço e mudo a rota quando percebo que a coisa vai mal (a contragosto mas mudo - minha idade mental nunca segue a que está no RG, por isso a teimosia). É que não suporto quando me aparecem com veneno misturado com açúcar, a chamada "crítica construtiva" que de construtiva não tem nada.

Se vai dar bronca, se quer que eu mude de rumo, vai direto na veia logo de uma vez - a vida é curta e minha paciência idem.

Mas quem disse que as pessoas entendem.


Escrito ao som de Sweet Baby - Macy Gray
(com Erykah Badu nos backing vocals, o que não é pouca porcaria)

Ressaca do debate

08:37 2 Comments »

Parece que todo mundo assistiu, o que é algo interessante. Acompanhei pela internet e depois pelo rádio (estava em trânsito), peguei só o último bloco na televisão. Tudo muito certo, voaram as pias e as ofensas regulamentares; parecia defesa de tese (quem acompanha uma sabe quando a voz eleva para afagar ou para atacar - assim diz meu pai e eu concordo) misturada com jogo de esconde-esconde.

O tema musical do debate na Band é o mesmo desde a abertura democrática ou sou eu que confundo? Eu sei que isso me acusa a idade, mas eu lembro dos debates mediados pelo Casoy e pela Marília Gabriela.

E será possível que o Excelentíssimo Presidente não sabe mesmo fazer conjugação de verbos no plural? Parece eu com pressa, cacilda, com a diferença de que eu não represento a Nação. E ainda por cima na TV!

E o Alckimin com aquela gravata. Mas, caramba, não perceberam que ele não fica lá muito belo de amarelo? Dane-se que é a cor do partido, TV é imagem e aquele amarelo deixa o cara com ar abatido. Põe o cara de azul-marinho logo duma vez!

E está certo que o Lula estava lá como candidato e não como Presidente, mas chamar o cara de "você" não é bonito. "Senhor", no mínimo, né? Ou "candidato". O mesmo para o outro: "governador" isso, "governador" aquilo - alguém avisou que o Alckimin se desligou do cargo e que não tem mais o título?

Enfim. Foi o que eu vi. Se cada povo tem o governante que merece, pára o mundo que eu quero descer - e se não parar eu desço assim mesmo!

Escute Esta Canção

21:33 1 Comment »
Alckimin X Lula na telinha do computador: I'll move myself and my family aside... if we're lucky to be kept half alive! (...) Meet the new boss - same as the old boss.

Um domingo calmo e tranqüilo, ainda bem: peaceful like Heaven on a Sunday... Wishful, not thinking what to do (...) If I only had one love, yours would be the one I choose.

Uma esperança no ar, um pedaço de sorriso, uma luta que continua: Jusqu'au bout de mes rêves / Que je continuerai / Jusqu'à ce que j'en crève / Que je continuerai / Que je continuerai

Pudim de Arsênico

16:25 0 Comments »
Eu assisti "Asterix e Cleópatra" (desenho animado baseado nos irredutíveis gauleses de Goscinny e Uderzo) quando criança. O número mais legal era o da tentativa de envenenamento com um Pudim de Arsênico, com direito a um número de music hall dos vilões, dançando e cantando enquanto cozinhavam uma receita que levava gasolina, estricinina, vitríolo e alguns gomos de laranja.

Uma amiga, vendo o meu estado de nervos hoje, me mandou o link com a música original e a letra desse clássico do desenho animado. Uma pena que não consigo encontrar a (excelente) versão em português, bem fiel ao original. Tudo bem - saí cantando por aí a letra como eu me lembrava, mesmo que estivesse bem fora da métrica. A infância me retorna e some um pouco com a dor.

E alguém sabe onde alugo ou compro esse filme?

10:32 1 Comment »
Tem dias em que não dá pé ficar de pé: uma dor física de ver sistemas solares inteiros na frente dos olhos.... e o aparelho de som (paliativo moral) se recusa a funcionar e os remédios (paliativo real) estão na outra bolsa, a 15 km de distância.

E a chefe esperando serviço.

Esquece de mim hoje, que eu não estou nem para mim mesma.

Dos hábitos e costumes

10:49 2 Comments »
Meu alquimista tinha uma aluna nipo-brasileira, um amor de garota com uma história interessante sobre sua descoberta do mundo: ela ficou realmente surpresa quando percebeu que nem todo mundo tinha panela elétrica para fazer arroz, como na sua casa e na casa de seus parentes e amigos mais próximos.

É um choque com o qual consigo me relacionar. Com mãe italiana e pai hispano-libanês (mais o segundo do que o primeiro), minha casa tem hábitos que só se explicam sob contexto. Usar camiseta regata por baixo da roupa, por exemplo – você já viu, com certeza, em algum filme de mafioso. Eu via em casa e achava estranho que outras pessoas não vestissem!

Do mesmo modo, só quem conhece ou convive de perto com a comunidade árabe entende o porquê do cardamomo no café, da canela em comida salgada, da tagarelice em tempo integral e da necessidade de negociar absolutamente todos os preços e todas as condições de pagamento, por mais estúpidas que sejam.

Quando meus amigos estrangeiros me falam dos "hábitos dos brasileiros" (chegar atrasado, falar alto, adoçar até o que não precisa ser adoçado etc), me pego pensando nessa formação que eu tive e na formação de todas as outras pessoas no território. Temos algum denominador comum, algo que evite a surpresa com nós mesmos, aquele ar de "na minha casa não se faz assim"?

Não sei. Gostaria que existisse.


Escrito ao som de You Don't Know My Name - Alicia Keys

Urdidura musical

10:04 2 Comments »
Adoro conhecer as histórias por detrás das músicas. Como ou para quem foram escritas, o que elas refletiam, como elas foram gravadas, se eram ou não explicitamente autobiográficas. O som ganha outros tons quando a gente pensa como ele surge.

Quando uma pessoa grava uma canção que não escreveu, ela pode interpretá-la como bem quiser. Saber os motivos da escolha engrandece ou esculhamba de vez a versão, no que me diz respeito. "Hurt", na voz do autor original, é um lamento sobre o viciado em heroína (de acordo com algumas interpretações). Para Johnny Cash, às portas da morte e consciente disso, "Hurt" é um lamento sobre a velhice o fim de tudo.

Eu vi os rascunhos originais de "I want to hold your hand" no Museu Britânico. Escrita a lápis, alguns versos riscados, um comentário, uma anotação quanto à passagem para o refrão. Foi escrita na casa da então namorada do Paul, a ruivíssima Jane Asher. Imagine a cena: John e Paul, um bloco de papel e um lápis, num apartamento pequeno, aloprando um ao outro em busca de uma rima que prestasse. Dá uma outra dimensão para a dupla - mais humana e palatável do que o mito da beatlemania.

"Dieu que c'est beau", do Daniel Balavoine, ganhou outra dimensão quando eu soube que se tratava de uma elegia do cantor ao filho recém-nascido. E soou ainda mais belo ao pensar que a mãe da criança era judia e marroquina, e Daniel era francês e católico - um relacionamento que era visto quase como um crime, tamanho o peso do racismo vigente na época. Sabendo disso, um verso como "et le fruit du péché est très beau" (e o fruto do pecado é belíssimo) muda completamente de sentido: deixa de ser uma figura de linguagem e vira, ao mesmo tempo, um elogio e um ataque.

Pete Townshend escreveu o melhor lamento sobre a falta de amor baseado em suas noites sem sono nas turnês. "No Road Romance", com seu piano melancólico e letra nada floreada, só seria lançada como faixa-bônus do Who Are You, duas décadas após ter sido escrita. Talvez tenha sido melhor assim: ao se ver a queda e o recomeço do autor, os versos ficam ainda mais fortes e a dor fica ainda mais evidente.

Nem todas as músicas tem histórias; no entanto, não é de se estranhar que as canções com um passado ou um motivo sejam sempre as mais saborosas.


PS: clicando nos links, têm arquivos de som ou as letras das músicas citadas. Não tem link para a música dos Beatles porque essa é praticamente o Hino Nacional: todo mundo sabe como soa. :P

Parem as rotativas!

09:54 2 Comments »
THE WHO EM SÃO PAULO
CONFIRMADO
FEVEREIRO DE 2007

Cadê minha barraca para acampar na frente da bilheteria?


Escrito ao som de Baba O'Riley - The Who (obviamente!)

Clique no título para cantar junto.

Redação: meu dia de eleições

08:20 Posted In 2 Comments »
Minha família toda vota no mesmo local, a 4ª. Zona Eleitoral de São Paulo. Posto avançado numa faculdade do bairro.

O bairro inteiro se encontra na fila. Isso aqui é zona leste, pessoal: imagina o barulho nas filas, as senhoras conversando em voz alta e a gente encontrando aquele pessoal que você só vê uma vez por século. É sempre, literalmente, uma zona. Tem gente que fica de papo e esquece de votar.

Minha irmã mais nova foi escalada para ser mesária mais um ano. Encontrou eleitores como a Sayonara, Selvália e (prêmio de nome mais original) Joélio. Assim mesmo como vocês estão lendo.

Camisetas de partido: poucas, pouquíssimas. Um cara apareceu com uma camiseta do PSDB, com um tucano pintado nas costas. Produção caseira, pelo visto. Ainda existem os militantes? Isso me emocionou.

Depois a contagem dos votos e toda aquela bossa-velha. Eu não assisti porque estava (estou ainda) passando mal e fiquei de cama o resto do domingo. E como o jornal não chegou em casa hoje, só agora que eu vi que temos um segundo turno. Enquanto isso, chove lá fora.



Escrito ao som de Encore Un Matin - Jean-Jacques Goldman
(clique para ouvir também)

Senac e Sesc ameaçados

15:33 0 Comments »
Aviso aos navegantes! Pedido urgente de ajuda. Como aluna bem orgulhosa do SENAC (curso de Francês) e usuária do SESC, estou subindo na caixa-de-sabão e repassando publicamente o email recebido -informações confirmadas em cartazes nas duas instituições ainda ontem. Segue o texto:



SESC ESTÁ AMEAÇADO PELO PROJETO DE LEI “SUPERSIMPLES”

Emenda proposta pode reverter esta situação preservando os aspectos positivos do “SUPERSIMPLES”


O SESC no Estado de São Paulo atende por mês mais de 1 milhão de pessoas em suas 30 unidades e oferece à população atividades culturais, esportivas, de alimentação, saúde, odontologia, lazer, educação ambiental, e desenvolvimento infantil e terceira idade.

O Senado Federal votará, na próxima semana, o projeto de lei que institui o chamado SUPERSIMPLES. Trata-se de uma medida que altera os encargos tributários das micro e pequenas empresas.


Mas, um dos artigos coloca em risco a existência do SESC, ao suprimir as contribuições para as entidades privadas de Serviço Social, fonte vital para a atuação da entidade e a realização de seu trabalho.

Se aprovado, o SESC será drasticamente prejudicado e não poderá manter o mesmo nível de benefícios que oferece hoje à população.

Com o SUPERSIMPLES, da maneira como está proposto, o SESC perderia mais de 1/3 da arrecadação de seus recursos, o que compromete seu programa sociocultural, de educação permanente e melhoria de qualidade de vida da população.

O SESC DEPENDE DAS CONTRIBUIÇÕES para a manutenção e a expansão de suas atividades.

Histórico

Foi apresentado pelo Governo à Câmara dos Deputados e votado em 5 de setembro de 2006 a Subemenda Substitutiva do Projeto de Lei Complementar nº 123/2004 – conhecida como “LEI DO SUPERSIMPLES”.

A “LEI DO SUPERSIMPLES” unifica a cobrança de 8 impostos (6 federais, um estadual e um municipal) e contribuições de empreendimentos com faturamento anual de até R$ 2,4 milhões.

Além desses 8 impostos, o parágrafo 3º do Artigo 13 desse Projeto de Lei dispensa as contribuições para as entidades privadas de Serviço Social (SESC / SESI) e de Formação Profissional (SENAC / SENAI), vinculadas ao sistema sindical de que trata o Artigo 240 da Constituição Federal.

Esse Projeto está tramitando atualmente no Senado como Projeto de Lei Complementar nº 100/2006, em regime de urgência, e deverá ser votado, em última instância, entre os dias 03 e 10 de outubro.

A aprovação desse Projeto de Lei, tal qual está escrito, resultará numa redução, estimada em um terço, da receita do SESC, o que causará forte impacto e comprometerá a programação e os serviços prestados aos trabalhadores, suas famílias e a amplos e diversificados segmentos sociais, além de interromper a expansão da Instituição.

Conforme afirma o Diretor Regional do SESC no Estado de São Paulo, Danilo Santos de Miranda, “O SESC é plenamente favorável à implantação desse novo regime para as pequenas e médias empresas, que as desonera do pagamento de vários tributos. O que não se pode perder é a oportunidade de manter uma organização que devolve à população benefícios reais de melhoria da qualidade de vida".

Sob a liderança da Confederação Nacional e Federações do Comércio, estão sendo tomadas medidas para reverter esta situação e garantir a continuidade das contribuições ao SESC, que somente podem ser suprimidas com alteração do disposto no Artigo 240 da Constituição Federal.

No Senado, foi apresentada uma emenda que altera o parágrafo 3º do Artigo 13 desse Projeto de Lei, que garante a contribuição para o SESC e preserva os aspectos positivos da “LEI DO SUPERSIMPLES”.


Se você acha que o SESC deve continuar, repasse este email e manifeste-se pelo link http://www.sescsp.org.br/sesc/emenda/?inslog=55&CFID=3651786&CFTOKEN=93100175

***

Pela atenção, obrigada. Voltamos à programação normal.

Lâche

10:17 1 Comment »
Lâcher. Verbo: deixar (algo, alguém) escapar, abandonar, soltar, dar no pé.

Laché: pessoa descuidada, que derruba tudo o que pega nas mãos.

Lâche: frouxo, covarde, medroso.


É uma palavra que anda me fascinando. Deve ser por causa das eleições que se aproximam. Estamos ou não estamos cercados de um bando de lâches?


Escrito ao som de Die Another Day - Madonna
(uma canção anti-lâches, na minha opinião; clique para ouvir)

Eu sou a favor

14:25 4 Comments »
Minha filosofia de vida?

Eu sou a favor. Das piadas, das encrencas, do perdão generalizado para pisadas na jaca, dos palavrões em outros idiomas, dos cabeludos, das camisetas de banda, das brigas de comida no meio da festa, da cantoria estilo karaokê dentro do carro, das viagens, dos amigos e das saudades felizes. Das gargalhadas em sala de aula, dos que dançam sem noção, do origami e dos concursos de cosplay.

Apóio unilateralmente a mistura de raças, porque a variedade é tudo nesse mundo.

Sou a favor dos rapazes de óculos e das moças que tocam guitarra, contrabaixo ou bateria. Apóio os saxofonistas, os percussionistas e os que tocam tuba. Concordo com os que misturam Mozart com Tears for Fears na coleção de discos. Sou favorável aos mash-ups, às versões alternativas e às releituras interessantes.

Sou extremamente a favor do Yamandu Costa. Nunca é demais explicitar isso. Todo mundo devia ouvir as misérias que ele faz com um violão. Também sou a favor do Joelho de Porco e luto pela montagem de um musical com material do Língua de Trapo.

Sou contra os extremistas de todos os tipos: religiosos, políticos, sociais e musicais. E sou contra manga. Detesto manga. Mas se você curte, por mim tudo bem - só não me ofereça.

E é isso!

Escrito ao som de Eu Sou Emo, d'Os Seminovos
(clicando no link você vê o clipe da música - aliás, hilário)

"Bom dia, São Paulo..."

09:12 2 Comments »
Acordar com música na cabeça. Aquela mesma música que está grudada nos tímpanos desde que eu a ouvi, semana passada. Meu cérebro deve estar com o botão repeat ligado.

A senhora de cabelos pintados que me encara no metrô como se eu tivesse cometido algum crime à estética ou aos bons costumes. Quando ela sai do trem, eu mostro a língua. Como se tivesse cinco anos de idade e não vinte e cinco, eu sei que isso não se faz. Mas eu me senti tão bem - e a criançada que estava atrás de mim só faltou aplaudir.

Por falar em crianças, ontem até me assustei quando três meninos de uns sete ou oito anos se espremeram num dos bancos do metrô para me deixar sentar. Até elogiei a mãe deles - eram educadíssimos! Coisa tão rara que até achei defeito da Matrix (como diz o meu alquimista preferido).

Bom dia, São Paulo, estou aqui!

Escrito (como o título indica) ao som de "Bom Dia São Paulo" - Joelho de Porco.
Arquivo de som faltando por enquanto...

Ramadan-ul-Mubarak!

17:32 0 Comments »

Aos amigos do lado mulçumano do mundo, um feliz Ramadã. Que Alá aceite as suas ofertas!

Casais

11:56 1 Comment »
Existem, porque não é do ser humano viver sozinho. Acima das conotações políticas, religiosas e sociais está a necessidade de dividir o fardo e os agrados da vida com outra pessoa. Se é do mesmo sexo ou de sexo diferente, a mim não importa muito. Se são de religiões, idiomas, regiões geográficas opostas, também não me parece empecilho.

Isso posto, há casais de todo o tipo. E nisso se vê um pouco da comédia humana se manifestando.
Há os que ficam juntos por inércia. Os que brigam em público por ciúme. Os que se juntam por causa dos gostos em comum e se separam quando os gostos mudam. Os que eram amigos antes de serem amantes e quando deixa de existir o amor, continuam amigos. Ou isso ou então a guerra, causando a separação de turmas e lançando farpas que nunca realmente saem.

Os que se casam para não ficarem sozinhos, sem saber que isso é a pior forma de solidão. Os ciumentos, Deus meu. Os possessivos. E os tolos e as tolas, Sweet Charities dos dois sexos, que procuram o príncipe encantado e sempre, sempre se metem em encrenca.

E existem, claro, os casais que dão certo.

Não é o paraíso, porque o paraíso não existe, pelo menos não aqui. Mas lá estão eles, de mãos dadas tantos anos depois, ainda conversando, ainda rindo e ainda olhando para o outro com admiração. Apesar dos percursos. Porque as pessoas mudam, claro, mas algumas pessoas se apaixonam todos os dias, todos os meses, mesmo após as metamorfoses que o tempo traz. Um trabalho que demanda comprometimento, paciência, compreensão.

Acima de tudo, demanda vontade de crescer junto, de seguir acima dos céus, que é onde habita o amor que tanto se procura. Obviamente é complicado. As coisas boas da vida, em geral, são mesmo.

Escrito ao som de Let's Stay Together - Al Green

The Devil May Keep Him

11:39 2 Comments »
E dizem que o Bin Laden morreu ou está morrendo de tifo. Eu duvido. Seria um fim idiota. Incompatível. Deus do céu que eu me sinto péssima querendo isso, mas eis a única coisa que eu desejaria para ele: que Deus e Diabo recusassem sua alma e que ele tivesse que rumar pela terra perdida enquanto houvesse um Sol nos iluminando. Só isso.
Escrito ao som de Wuthering Heights - Kate Bush

Mondo Mistral - Porque é ano novo pra alguém no mundo

11:07 Posted In 1 Comment »
  • Sou francamente a favor do debate político mas tem hora que a gente não sabe se é para rir, chorar ou pedir asilo na embaixada mais próxima. Quando o Excelentíssimo Presidente manda no telejornal que mexer com bandido não presta, por exemplo. Eu sou marxista da linha Groucho, nunca esqueço um discurso - mas nesse caso vou abrir uma exceção.
  • Sinal da sexta-feira: tentar entrar no prédio usando o bilhete único no lugar do crachá.

  • Alegria de nerd é receber elogios em prova escrita. Eu sou nerd confessa. Eu recebi elogios na prova do Francês. Donde se conclui que...

  • E hoje começa o Rosh Hashaná, feriado de ano novo para a comunidade judaica. Aos amigos d'outro lado do muro, shaná tová e que estejamos todos nós inscritos nas contas do Gerente do Estabelecimento Divino para um ano doce!



Escrito ao som de Drôle de Galaxie - Daniel Balavoine
Clique para ouvir
.

Uma prece torta

10:42 1 Comment »
Disseram que se tivessem que inventar uma oração para mim, seria: "Senhor, ajude-me a ter mais foco - olha, um passarinho na janela! - nas coisas que eu faço."

E não é que está certo?

Da gentileza de estranhos e de conhecidos

10:03 1 Comment »
Às vezes acontece de um estranho fazer algo tão inesperado e tão gentil que as ações se paralisam. Você, tão acostumado a apanhar como cachorro de rua, de repente se vê diante de um presente com fita colorida e tudo: canções novas, um link engraçado, um elogio desinteressado, uma risada, uma oferta de amizade.

Às vezes um conhecido te surpreende dizendo que te valoriza mais do que você achava. Que se importa, que ri contigo e não de você. E você ri junto, bem besta de perceber que alguma diferença você faz pro mundo - e pro bem, só para variar um pouco!


Escrito ao som de Peut-Être Toi - Mylène Farmer
(clique para ouvir também)

Música, pelo amor de Deus

11:17 1 Comment »
É fato que minha chefe adora música clássica, no sentido Mozart da coisa. E é fato que apesar disso ela não gosta quando a gente ouve o rádio aqui no escritório. Diz que o som atrapalha o trabalho.

Claro que atrapalha. Se colocam um disco do Caetano Veloso por aqui, por exemplo, eu entro em greve (entrar em crise alérgica seria o termo mas adequado, mas não é educado de dizer). Mas eu não gosto de trabalhar em silêncio. E o YouTube não é (ainda) bloqueado aqui.

Então, haja malabarismo!

Colocar só um fone de ouvido e tentar ouvir as ordens com a orelha livre, um truque clássico das faculdades e escolas, não funciona comigo - meus fones são vermelho-tomate, dá para ver do outro lado da rua.

Rádio com volume baixinho é inútil. Melhor não ouvir nada, então.

Segurar a caixa de som do computador na orelha para escutar o som enquanto se trabalha é ridículo, mas eu já fiz. Mais de uma vez.

Esperar a chefe sair para encarnar o DJ da festa, boa opção. O problema é quando ela volta para pegar a bolsa e você está na sua baia, cantando "The Kids Are Alright" feliz da vida, sem nenhuma outra preocupação no mundo.

Não que isso tenha me acontecido. Ainda.

Morte de um robô

17:07 0 Comments »
Outra daquelas músicas que eu não me canso de ouvir, de fazer clipes imaginários, de cantar junto, de me assombrar com os acordes, com a letra, com tudo. Balavoine, comme tu me manques!


Todo articulado todo fabricado
bem programado para lhe ajudar
eu sou robô há mais de dois mil anos
Eu mudei todos os oceanos de lugar
Era urgente, eu sabia
Eu reinventei o ciclo das estações
e os seus desertos estavam cheios de peixes

Eu sei, meus circuitos são usados
eu já trabalhei demais
Era preciso me substituir
Não me deixe cair!
Eu sempre dominei minhas invejas
Eu nunca traí
Nunca desobedeci
Você me deve a vida!

Você me deve a vida...

Antes da última guerra atômica
tão patético que eu tenha chorado
Eu reuni o conselho de sábios
O perigo é a sua política
seus presidentes são ultrapassados
Mas antes que um maluco aperte o botão
abandonem a Terra, ainda há tempo

E a Terra vocês abandonaram
mas eu, eu fiquei para trás
quando vocês estiverem lá no alto
e eu os salvei


Se você deseja me assassinar
depois de tudo o que eu fiz
Eu que lhe amei
Eu posso explodir tudo...

Não há problema em me manter
você me fabricou
eu aprendi a chorar
eu vou aprender a matar!

Eu já trabalhei demais
eu já trabalhei demais....

("Mort D'un Robot", do disco Un Autre Monde, 1980)

Em voz bem alta

12:54 1 Comment »
Eu queria tanto gostar da minha voz do jeito que você diz que gosta.

Porque você diz que eu tenho som de mezzo-soprano, que eu canto bem pruma amadora, que você me acha melodiosa.

E eu sempre acho que pareço o Pato Donald!

Mondo Mistral

10:31 Posted In 1 Comment »
  • Sinceramente, ver um carro de som (na verdade um Ford vermelho mil novecentos e primeiro disco do Ritchie) com um boneco-de-Olinda da Dra. Havanir amarrado no teto só pode ser alucinação causada pelo calor.


  • Na aula de Francês, aparece uma frase ótima para colocar na placa de avisos do escritório: "O trabalho é o ópio do povo e eu não quero morrer drogado" (de um poeta chamado Boris-Vian).

  • Casa de médicos, bisturi emprestado: distendi a batata da perna (dormindo! Não me pergunta como!) e a única pessoa que identificou a dor e recomendou remédio que fez passar foi minha mãe, que é professora.


  • E como assim, hoje já é sexta-feira? Que foi que houve com a minha semana?!

Uma tradução

10:04 4 Comments »
iPorque eu tinha dito ao Rochester que iria traduzir a letra de Mistral Gagnant, que batiza esse espaço. Te disse que "mistral gagnant" é um chocolate das antigas, tipo as madeleines do Proust que desencadearam todo aquele famoso processo...

Então, cara, a letra conta o seguinte:
Sentando num banco cinco minutos com você
e vendo as pessoas enquanto elas estão por aí
falando dos bons tempos que morreram ou que voltarão
segurando na minha mão seus dedos pequenos
jogando comida para fazer inchar os pombos idiotas
vê-los fugir com chutes de mentirinha
e ouvindo seu riso que racha os muros
e que acima de tudo curam minhas feridas
contando um pouco de como era quando eu era criança
Os bombons fabulosos que eu roubava na vendinha
‘Car-en-sac’ e “Minto”, caramelo a um franco
e os Mistral Gagnants.

Andando debaixo da chuva cinco minutos com você
olhando a vida enquanto ela ainda está por aí
te falando da Terra e ter olhos somente para você
conversando um pouco sobre sua mãe
e pulando nas poças d’água para deixá-la brava
estragando nossos sapatos e rindo
e ouvindo sua risada enquanto escutamos o mar
parando e voltando na contramão
e falando acima de tudo dos “carambars” de antigamente
e os “cocos bohères”
E os “roudoudous” de verdade, que machucavam nossos
lábios e estragavam nossos dentes
e os Mistral Gagnants

Sentando em um banco por cinco minutos com você
e olhando o sol que se põe
conversando com você sobre os bons dias que morreram
e eu não me importo
dizendo a você que nós não somos os vilões
que, se eu sou maluco, é só pelos seus olhos
porque eles têm a vantagem de serem dois
e ouvindo sua risada voando para longe
tão alto quanto a canção dos pássaros
dizendo a você que é preciso amar a vida
amar, mesmo que o Tempo seja um assassino
que leva com ele as risadas das crianças
e os Mistral Gagnants

Com os devidos agradecimentos aos amigos do M.F. International, que me ajudaram muitíssimo (meu francês ainda engasga - e muito! - com o vocabulário que eu peno em aprender). Se alguém na platéia souber a tradução dos nomes dos doces citados na canção (ou pelo menos do que são feitos), eu agradeceria!

"C'est la vie des choses / qui n'ont pas / un autre choix" (P. Leminski)

16:43 2 Comments »
Como teria sido se você não tivesse vindo trabalhar naquele dia? Ou se eu tivesse amarelado e não topado ir trabalhar com aquele maluco de dentes tortos?

E se eu nunca tivesse apresentado aqueles dois loucos um pro outro, naquela mesa do bar, lá no dia do seu aniversário? Será que a gente ia dormir tranqüilo e será que seríamos poupados de tanta confusão?

E se de repente eu tivesse mandado pro inferno mais cedo as pessoas que mereciam?

E pedido perdão mais depressa aos amigos que ofendi no caminho?

E se eu nunca tivesse encontrado aquele disco dos Beatles, ou aquela fita com aquela música do The Who? E se eu ainda tivesse birra do Daniel Balavoine?

E se eu tivesse entrado naquele trem em julho, ao invés de ficar com preguiça?

E se eu pudesse começar tudo outra vez?

Eu começaria. E faria os mesmos erros. E uns novos para ver se funcionava diferente. Porque o que está aqui e agora é fruto de todas essas encrencas.

E bem ou mal eu gosto do que eu sou. Agora posso dizê-lo.

Vida Esquisita I - Horário Político

09:35 1 Comment »
Tem gente que coleciona selos, latas de cerveja, carrinhos. Eu coleciono nomes esquisitos de candidatos a cargos públicos.

Só hoje, no rádio, apareceram troços como Botina, Mancha, Banha e Padre José (e padre pode se candidatar, caramba?). Há de tudo, de papai Noel até cowboy. Todo mundo fazendo tudo para chamar a atenção nos dez segundos que lhe cabem no latifúndio.

Isso fora os representantes das classes laboriosas, como os diversos "Professores", o Tiãozinho da Farmácia (clássico de Atibaia), Lourenço Veterinário, Beto da Padaria e por aí vai. No interior (eu acho que era Serra Negra, mas não confirmo) tinha, na eleição passada, o Zé da Fossa Sanitária - piada mais pronta, impossível.

Pseudônimo

10:05 2 Comments »
"Por que você não escreve com pseudônimo?", me perguntou uma amiga.

Dei de ombros e não respondi. A bem da verdade, nunca pensei no caso.

Talvez porque eu viva sob pseudônimo o tempo inteiro. Vantagem do nome composto: minha mãe me chama por um nome, minha chefe por outro e as duas estão certas, mesmo não sendo meu nome inteiro (que seria o "correto").

Gosto do nome que eu recebi. Tem uma história familiar legal, um belo significado ("graciosa melodia" - eu sou praticamente uma canção dos Beatles!), é sonoro e não dá trabalho para soletrar ou pronunciar em nenhum país.

Por que é que eu vou inventar um nome novo? Sou eu o tempo todo.

My Dear

09:32 2 Comments »
Garotas "normais" ganham anéis de noivado. Eu ganhei as obras completas de Shakespeare.

Por aí você já tem uma idéia da pessoa com quem convivo.

Ele ama Mahler, astronomia e Brian Wilson; toca piano, flauta e saxofone e pensa com claves e notas. Ele tem um carro cujo apelido refere-se a um avião da Segunda Guerra Mundial que nunca saiu do chão. Mora perto de uma padaria, tem uma lista de restaurantes "secretos", sempre compra flores nas ocasiões menos óbvias e lembra de aniversários e datas românticas (eu, em compensação...).

Ontem ele leu o primeiro post e perguntou se eu estava cansada. Estava, mas como ele descobriu? Ele achou o texto mal-humorado e resolveu perguntar.

Luís, você me conhece bem até demais.

Ser, Estar, Saber (FAQ Inicial)

12:23 1 Comment »
Eu sou brasileira, paulistana, paulista; corinthiana (não fanática), de família italiana por parte de mãe (região de Turim) e árabe-espanhola por parte de pai (Líbano e Ilhas Canárias); pavio-curto, observadora, pão-dura; destra; míope; jornalista, mestre em Relações Internacionais, curiosa profissional; anglófila e anglófona, quase francófona e aos poucos virando francófila.

Eu estou noiva (o casamento é no ano que vem); aprendendo Francês; morando com meus pais na zona leste de São Paulo; com um pouco de preguiça de existir, mas isso passa.

Eu sei fazer origamis simples e alguns mais intermediários; arranjos de flores (mamma ensinou); cozinhar relativamente bem; dançar rock; as letras de todas as canções dos Beatles e quase todas do The Who (mesmo que isso não tenha lá grande utilidade); contar histórias em dois idiomas.

Desaprendi a dirigir - mas sonho em comprar um Fusca 1970-e-alguma-coisa.

Às vezes misturo idiomas quando falo. Queria muito que fosse por esnobismo - é por confusão mesmo. Parei o curso de Alemão, mas estou retomando aos poucos. Não quero aprender Espanhol, acho um idioma ardido. Já morei na Inglaterra (Norwich, Norfolk). Já mochilei muito por aí e quero mochilar ainda mais.

Tropeço em tudo o que vejo e já caí de praticamente tudo que tenha rodas e se mova, de patinete até caminhão-guincho.

Não creio em Astrologia, mas sei que sou aquariana. Não sou romântica. Não sou futurista. Não tenho paciência com maquiagem, não sei andar de salto alto e não costumo fazer as unhas porque o esmalte estraga quando eu uso o computador.

"Mistral Gagnant" é uma música do Renaud, um dos cantores mais ácidos da chanson francophone, sobre como notamos as mudanças da vida por meio de pequenos detalhes ("mistral gagnant" era um tipo de chocolate que era fabricado na infância do cantor). O álbum Mistral Gagnant foi lançado em 1985 e eu recomendo muitíssimo, mesmo que você não entenda o idioma.

Oi, muito prazer, meu nome é Anna.